100 METROS OLÍMPICOS NO PHOTOFINISHING

Quem assistiu a SPRINT no NETFLIX já estava com meio dever de casa feito. Uma boa parte dos atletas que apareceram nessa edição das Olimpíadas Paris 2024 são entrevistados lá, até a chegada a Budapeste. Uma dramaturgia retratista, de melhor qualidade que as ufanistas circulando em nosso meio. Os milésimos de segundo que separaram os três medalhistas só justificam a existência das marcas Ômega, Tissot, e de outras patentes de relógios de altíssima precisão, só comparável aos relógios atômicos como os do Observatório Nacional.

Duas escolas com grande tradição estavam bem representadas na final, três americanos e dois jamaicanos. A distribuição pelas pistas deixava lugar secundário para o campeão de Tóquio, classificado por milagre, além de dois outros países e nada mais. Esse é o retrato do poder das escolas de onde saem os mais velozes. A imagem multiplicada por uma técnica de composição me faz viajar. Não figuramos nesse mapa geopolítico do esporte entre os mais rápidos. Como disse o medalhista de ouro, não permita que suas limitações atuais te limitem.

Sendo assim, é fácil concluir que se um país como o Brasil, multiracial que é, pode e deve aos seus talentos em potencial, criar uma plataforma específica para uma fábrica de campeões dessa modalidade e categoria. O material humano não falta, a participação em circuitos internacionais, bem como treinamento é indispensável. Acho estranhíssimo que campeões como Medina, Chumbinho, Toledo e Ítalo, tenham sido capacitados com meios próprios e subitamente se cria uma estrutura onde centraliza-se um técnico “Time Brasil” a cuidar de tudo e todos, sem as especificidades que os faz vencedores. A regra da fábrica de queijo não vale para estes casos.

A individualidade tem suas exigências, sem elas ficaremos eternamente nos valores medianos.

Nas piscinas, sabemos, a fibra muscular é uma. Nas pistas de atletismo, os mais rápidos são outros. Dizem os estudos que resistência se adquire com treino, mas velocistas são pedras preciosas que exigem garimpagem.

As peneiras por aqui levam enorme desvantagem. A maioria dos corredores preferem o futebol profissional como sonho de mudança de vida. As mudanças para atletas em curso para os olímpicos, que deixarão de ser vistos e remunerados como amadores afetará toda a estrutura esportiva.