Jogos Kamikazes

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Muitos assistiram Jogos Vorazes, um dos mais famosos da lista de filmes violentos. Nem tantos lembram dos pilotos kamikazes, que na situação desesperadora pela qual passava o Japão, um dos países do EIXO, adotaram o sacrifício em missões suicidas, para produzir baixas aos inimigos, tal qual um homem-bomba dos tempos atuais.

Nessa rodada do campeonato brasileiro, vimos a repetição do que chamei de JOGOS KAMIKAZES, por algumas consideráveis semelhanças com a tática suicida adotada na Segunda Guerra Mundial. Como foi dito por muitos amigos do Mosaico, o Dorival perdeu a chance de salvar valiosos pontinhos para o futuro do Vasco. O próprio Oswaldo, numa noite que chamei de “experimental”, atendeu a diversos critérios para mexer no time, menos nos mais óbvios para quem estava vendo a partida.

Pelo jeito, Mano não deu muita importância e aderiu a uma “tríplice aliança”, com os dois técnicos cariocas, derrotados na rodada passada. E não adiantou o desespero de Marcelo Barros, lembrando Dorival sobre a importância de fazer gols e se fechar para garantir o conquistado e só subir ao ataque “na boa”…

O Flamengo, com dois gols de vantagem sobre um Atlético PR superior no ranking, naquilo que passei a chamar de “linha de tendência”, ou “média móvel”, termos herdados do mercado financeiro para tomadas de decisão. Então vejamos: se possuo uma vantagem considerável, posso tocar a bola para errar menos, esperar o time adversário, gastar menos energia e sair em contra-ataques certeiros, com bastante tempo para ampliar o marcador. Isso seria o óbvio a fazer…

Mas ao contrário, o time comandado por Mano, num surto de supremacia (me lembrei de outro filme, Supremacia Bourne), ou por uma ligeira falha no tempo de resposta, deixou o time com as rédeas soltas, numa espécie de êxtase, diante da magia que durou vinte minutos. E assim, no lugar de aproveitar a vantagem em seu benefício, como qualquer judoca faria, dentro de uma estratégia de luta para a vitória, seguiu na ambição de ganhar com um ippon.

Em qualquer competição esportiva, subestimar o adversário pode ser fatal. Quando o Flamengo perdeu para o Corinthians de goleada, vale lembrar a forma como o time paulista soube aproveitar o binômio, fragilidade defensiva do rubro-negro e o placar a seu favor. O contra-ataque é uma arma valiosa para qualquer time de ponta, com técnicos que saibam transmitir aos seus times as variações táticas no decorrer da partida.

Não foi o caso do Mano. Fez um opção arriscada, por uma vitória sobre o Atlético do tipo “contundente”, como se o time do sul fosse um desses que andam pela segunda divisão. Eu assisti certa vez um Flamengo e Madureira, onde o time rubro-negro aplicou um 4×1 desse tipo, numa final. Mas o Atlético PR está brigando por uma vaga no G4. A realidade no dia desse combate exigia um pouco mais de dosagem nas energias.

Simbolicamente o time rubro-negro que contava com o único trunfo da invencibilidade nos tempos de novo Maracanã perdeu nessa noite essa virtude, muito caro para sua torcida, que deu as costas ao time e foi embora para casa, antes que a partida terminasse.

A opção suicida, típica de um kamikaze, tem um só desfecho: no fim, alguém tem que morrer. E morreu.

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