A BALA E A FLOR

Um dilema de época, de urgência atemporal. Se não concorda, faça as contas. Reúna todos os relatórios contábeis da atualidade. Creio que podemos começar pelo que todos os países usam para medir a saúde financeira, esse tal de PIB, Produto Interno Bruto. Pois bem, a humanidade em seu ritmo alucinado está produzindo um pouco mais de 100 trilhões de dólares por ano. Desse total, quase 30% dessa riqueza é gerada pelos EUA. A seguir temos a China com seus expressivos 20 trilhões de dólares. Como curiosidade, Brasil e Rússia seguem no patamar de 2 trilhões de dólares. Aqui tratamos da riqueza. Vamos agora tentar separar essa montanha de dinheiro em duas partes…

A primeira parte desse total, se referirá ao que é produzido na forma de armamentos e seus sub-produtos, que classificarei aqui como o lixo civilizatório.

Utilizando os EUA como exemplo, dos seus quase 30 trilhões de dólares produzidos anualmente, os números oficiais de gasto com armas e derivados chega a casa dos 3 trilhões de dólares. É 10% do PIB. Esse número cresceu, e crescerá, adivinha porque? Porque os EUA aumentou suas exportações nesse setor da economia, para Europa, Ucrânia e outras partes do planeta onde se beneficia dos conflitos, que representam mercados. Aproveitando para colocar o Brasil na roda, se vocês olharem para os maiores produtores de riqueza, distribuídos por continente, encontrarão na América do Sul o nosso país. Como não produzimos armas, somos mercado para as mesmas, que chegam de fora e precisam de algum pretexto que justifique a sua compra. Nessa linha de raciocínio maligno, podemos, por exemplo, inventar um inimigo no continente, sei lá, uma Argentina, um Uruguai, uma Venezuela…

Então, justamente nós, que estamos fora de zonas de conflito faz séculos, faremos parte da lista de clientes dessa doença chamada guerra. Uma curiosidade sobre isso é que a Índia é importadora de armas, tem o Paquistão ali do ladinho, sendo o país mais populoso do mundo, é parceiro perfeito pra montagem de uma máquina de guerra. Contra quem, ainda saberemos… Voltando ao Brasil, também poderíamos seguir o caminho da Colômbia, e nos envolver com um tal grau de desordem institucional e dominância de facções e milícias, tais quais as incentivadas nos tempos dos mandarins na China e da Era Cartel de Medellin de Escobar. Desse modo, estaria legitimada uma intervenção externa de nosso principal aliado militar, autorizando-o a nos ajudar a resolver questões internas como o tráfico de drogas, a criminalidade sistêmica, a corrupção endêmica e tantos outros argumentos. Quanto pior o país estiver nesse aspecto, melhor para os países exportadores de armas e seus lobistas locais.

Além do caso dos EUA, vale lembrar que a militarização da Rússia enquanto sociedade está em curso. Seu PIB equivale ao do Brasil mas seu poderio militar é atômico, datado de uma outra época e outras unidades de medida, no caso, ogivas nucleares. A esse círculo se agrupam nove países, a saber: Estados Unidos, Russia, França, China, Inglaterra, Paquistão, India, Israel e Coréia do Norte. Estes somam um total de 13 mil armas nucleares, dessas que dariam para fazer um foguete trafegar numa velocidade acima da velocidade da luz, naquela série “O Problema dos Três Corpos” da NETFLIX. O que quero dizer com essa ficção, é inimaginável o desdobramento de se apertar o primeiro botão vermelho nuclear na face da Terra.

A segunda parte dessa riqueza, relacionada a prosperidade, e desenvolvimento pleno da humanidade e de todas as formas vivas do planeta.

Não será uma conta fácil…

Mas…

Intuitivamente eu acredito que você pode fazê-la na sua vida. E quando digo “na sua vida”, me refiro a tudo aquilo que produz e escolhe consumir. Perguntando-se, “balas ou flores?”, pode enxergar parte do estrago que pode ser evitado, em suas decisões, políticas inclusive.

Por se tratar de uma reflexão definitiva, decidi desdobra-la em três partes. Ficamos aqui com pistas do cálculo das balas, achadas ou perdidas. No próxima parte, vamos cuidar das flores. A terceira será dedicada ao projeto de criação dos PIB’s das prosperidades florescentes.