ESSE FOI O DRIBLE QUE VOCÊ NÃO VIU

Brazil’s Garrincha, dribbles to past an unidentified Soviet Union player

É bastante provável que você só tenha visto os gols de uma partida onde o maior número de dribles, mais uma vez foi dele, que também, mais uma vez, fez gol. Mas eu quero dedicar esse papo ao drible, ainda muito mal definido nos dicionários, e em franco processo de extinção no futebol, em função da hegemonia do futebol tático. O drible como elemento criativo e de improviso, é cada vez menos estimulado nas escolinhas de futebol que vejo por aí. Ser atleta é o padrão dominante da fábrica de queijo.
O que vou dizer aqui, faz mais sentido pra quem já assistiu como Geraldino. Mas quem eram esses? Segundo dicionário, é um “substantivo masculino, diz-se do frequentador da geral em estádios de futebol”. Como a geral, o lugar do preço do povo e de quem pega trem pra ir aos estádios não existe mais, lá se foi o olheiro motivacional dos dribladores.

Olho bem na altura das chuteiras, a distância de um close. Fantástica a imagem, que faz muito mais sentido em Slow motion, como se fora os saltos que ao final levam aqueles grãos de areia para fora das caixas, sujando a pista, com todas as câmeras olímpicas, cada uma registrando 120 frames por segundo, a nos darem um replay do detalhe, numa tela de 80 polegadas e 8K. São imagens para serem eternizadas, numa outra condição, desta feita como obras de arte. Pelos valores que ganha, poderiam com um pouco de criatividade e generosidade, decorar a parede do quarto de dormir, como incentivo a sonhar com a invenção de novos dribles. Pelé sonhava na noite anterior com gols que faria, era um fominha desses que hoje nos falta.

É verdade, não devemos exagerar nos elogios, afinal já vimos o fino da bossa ser jogado em outros tempos, Garrincha se divertindo, e um pelotão inteiro caçando sem saber o que. O Borússia se preparou para anular a melhor arma de ataque do Real Madri e a dobra de marcação até que vinha funcionando, e dessa vez ficou em Hummels, que vibrou ao interceptar Vini Jr.. O que “os alemão” não sabia, é que ao ceder o escanteio, o tiro sairia pela culatra, pelos pés de um compatriota chamado Kroos – a se despedir do futebol – que bateria de forma impecável, na cabeça de um lateral baixinho mas cascudo, esse tal de Carvajal. Jogada treinada exaustivamente pelo melhor técnico do mundo.

Poucos nesse momento insistem em não lembrar, mas era Carlo Ancelotti e não Dorival Júnior que deveria nesse momento estar treinando a seleção brasileira. Não desfez o acordo com a seleção por nada, vai treinando os brasileiros por lá, dando ao “perseguido”, o legítimo direito de se tornar o melhor do mundo. Num país com baixa competitividade e com poucos grandes times na realidade atual, só restava por lá o baixo nível de provocações incompatíveis com o mundo em que vivemos. Considerei a hipótese do Golden Boy da Gávea sair da Espanha. Suportou a pressão, não se sabe até quando.

Vai que agora é tua Vini! Sua diferença sempre foi o drible, somado a velocidade e capacidade de finalizar com as duas pernas. Apesar dos avanços e de ser fácil treinar, os exercícios de psicomotricidade não chegaram como regra as escolinhas, vemos poucos guris com esse diferencial. Conta muito a soma dos atributos. Um desempenho com firmeza na Copa América é o carimbo pra ganhar o que já deu a Benzema, no ano que a dupla fez história. Duas finais como campeão e com gols na Champions League são meio caminho andado. É hora de quebrar o preconceito, com ou sem PEPSI BLACK e ignorar o futebol dos garotos propaganda dos programas de auditório.

Todo cuidado é pouco, o mundo das celebridades para muitos, tem sido fatal.