A MÃO QUE FAZ A GBU-39, MATOU EM RAFAH

“A mão que faz a bomba, faz o samba”, diz a letra do samba da Mocidade Independente de Padre Miguel. Reza a lenda que a fonte de inspiração foi o patrono, entendido no assunto, filosofando sobre a violência de seu cotidiano. Para especialistas conhecedores dos modelos de armas, entre elas as bombas, não resta muita dúvida quanto a origem de fabricação do artefato que atingiu civis em plena atividade humanitária, em busca de alimentos sendo entregues. Era uma GBU-39.

As cenas me fazem lembrar de algo parecido, no Afeganistão, com iscas seguidas de genocídio. Uma espécie de ratoeira para vulneráveis famintos. A espécie humana continua sua rota, comandada por trogloditas por todos os lados. As armas serão confrontadas entre as partes.

A imagem que viralizou sobre Rafah tem o dedo da Inteligência Artificial. Creio que ela resume um pouco o que Carlos Drummond um dia chamou de “Sentimento do Mundo“. Decidi utilizar a mesma, entre tantas significativas, pelo seu poder de multiplicação e abstrato. É um ato em si.

Aqui, de onde estou, deixo aos leitores o dilema de escolha:
BALAS OU FLORES, minha escolha já foi feita, sem direito a meio termo. É uma guerra simbólica, ultrapassa o limite da posição intelectual exposta em livro, que contrapõe CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE.

O foda nisso tudo é que estamos do mesmo lado. Dentro do universo amostral do que é a humanidade, não há a menor possibilidade de distinguir, segregar ou separar joio e trigo. É tudo uma coisa só, genes recessivos, genes dominantes, expressão fenotípica por detrás do armário da espécie. Se um não faz, o outro fará. Todos espreitando uma oportunidade. Ver a Guerra como um negócio é uma perspectiva real. Não irei apresentar aqui os números da lucratividade que os conflitos em escala crescente representam para os países fabricantes de armamentos. Isso é fácil de encontrar.

O que me parece digno da sua reflexão, provavelmente você nunca parou pra olhar por esse ângulo, é que os conflitos nunca acontecem no território dos líderes na exportação de armamentos, no caso USA (42%), França (11%), Rússia (11%), China (6%), Alemanha (6%). É que as “Máquinas de Guerra” são feitas de países que entram com o ovo, e os outros que entram com o lombo, seguindo a metáfora da sociedade entre o porco e a galinha. Nenhum dos países citados acima tem conflitos em seus territórios, embora tenha sido mencionado em alguns veículos de comunicação que a Ucrânia pediu para utilizar armas americanas para atingir bases militares russas em território russo. É certo que o jogo de lucratividade tem limites, mas o que estamos assistindo tanto na Ucrânia quanto em Gaza é a desmontagem de certas barreiras aos mesmos. A falsificação do relatório realizada pelo Departamento de Estado dos EUA é um exemplo atual dessa situação. São tempos difíceis, como escrevi, no ensaio sobre as opções balas e flores.

Não vai dar pra esperar essa turma fabricar o Fim do Mundo, enquanto uma turma inepta prefere acreditar nele, sem qualquer ação prática, que ultrapasse os limites da Marcha pra Jesus. Que Jesus nos ama, isso já sei há muito tempo. O que resta saber é se nós amamos a nossa espécie e se desenvolveremos ações concretas para reverter o extremismo, que a ganância e a lucratividade travestida de ótimos princípios, nos traz. Esse enfrentamento urge.