ANÁLISE MULTIVARIADA DAS PRIMÁRIAS NA CAROLINA DO SUL

Estatística? Sim. Entender de que maneira o eleitor está pulverizado e enxergar quem vota em um determinado candidato é peça chave. Traduzir isso em palavras, pra turma das Ciências Humanas, ficou mais fácil para quem não sabe escrever, utilizando Inteligência Artificial.

Em resumo, o eleitorado das primárias republicanas da Carolina do Sul é caracterizado por seu conservadorismo e pela significativa população evangélica. O forte apoio de Trump entre os evangélicos brancos desempenhou um papel crucial em sua vitória sobre Haley na eleição primária da Carolina do Sul.

Pode-se atribuir a vitória folgada de Trump a sua marca reconhecida de sucesso, a lealdade de seus seguidores, comum em grupos radicais e o uso de meios de comunicação convencionais, sem tanta ênfase as mídias sociais. Esse é um assunto a se refletir. A variação por gênero, em que pesem as acusações quanto a sua conduta sexual não lhe retiram tantos votos quanto se imagina.

Já no quesito racial, dos 92% de brancos, tem alguma vantagem, mas também é curiosamente bem votado por não brancos. No peso relativo, não é aqui que “o bicho pega”.

Tendência entre jovens? Trump. É até difícil de acreditar, mas o topetudo é mais popular entre os eleitores mais jovens, que na região representam apenas 7% do total de eleitores. Os 70% de jovens conservadores que o admiram assustam? Reafirma minhas suspeitas sobre insatisfação com a forma como as coisas são governadas hoje, criando uma maioria progressiva anti-sistema.

Me parece que o quesito Educação é o mais determinante para criar uma vantagem encorpada ao pré-candidato republicano. Creio que dentre as 16 variáveis medidas na pesquisa, está claro que o tripé de sustentação mais forte envolve pessoas de renda mais baixa, evangélicos e de baixo nível educacional. Esses três eixos somados, são responsáveis, seja nos EUA ou em qualquer outro país, pelo surgimento de candidatos com perfil copiado do candidato americano. Serão esses a alimentar o imaginário do pobre que sonha com a salvação e a eternidade nesse mundo apocalíptico, mas sem perder a esperança de se tornar um cara de sucesso, um milionário que dispensa e despreza o conhecimento, e de saco cheio do que vê atualmente, um soldado do exército anti-sistema. Esse é o eleitor-raiz de Trump e seus clones pelo mundo.

Os dados de renda não deixam dúvida, o pobre vota e sonha em ser Trump. A questão partidária é forte, num país onde só existem duas opções… E a questão ideológica, por mais incrível que pareça, domina a cena política dos EUA, cagando para avanços da Ciência, e de tudo que envolva o conhecimento. A ideologia só não está acima de Deus, mas o mistura com essa ladainha anti-sistema e educação. Para os que acreditam na Bíblia como única fonte de saber, rezo para que leiam mais, muitos outros livros. O status atual é claro: os evangélicos cristãos brancos mandam na Carolina do Sul. Mandarão aqui?

Quero concluir essa reflexão sobre eleições majoritárias, deixando os temas que um candidato deve ter posicionamento claro para seu eleitorado, sem dar peso a ele, pois varia regionalmente. Já são temas globais, portanto prepare-se para discuti-los na sua região, mesmo em eleições de síndico…

Agora, procure dar a proporção a cada um de suas prioridades. Tentar abraçar a todas é um erro comum, e pode ser fatal as pretensões de um candidato, por mais preparado que seja. Num jogo de cartas, ninguém dá valor máximo ao coringa, embora seja útil em qualquer situação. Uma canastra limpa vale muito mais.