FRUTOS SAUDÁVEIS PARA LUGARES SAGRADOS

O mês de outubro foi um verdadeiro alvoroço. Ou poderia dizer um prenúncio do barril de pólvora que se daria em novembro? Saindo da Estação de Trem de Realengo, que faz parte do ramal Santa Cruz, ainda não imaginava que teríamos tiroteio e morte de torcedores dentro de um vagão na Estação Cosmos. Também não era possível prever que 38 ônibus seriam incendiados, entre outros prejuízos ao que é do povo. O que é do povo é sagrado.

Talvez o maior seja viver sob a égide do medo. Não por acaso trocamos até a prioridade das figuras santas, de São Sebastião para São Jorge, o que me levou a uma visita pelo caminho a Igreja que comemora 2023 como o ano do Santo Guerreiro.  Ditadura anunciada, meu bonde já no Centro. Peraí…, não sem antes passar pela Estação Olímpica de Engenho de Dentro, lugar agora recorrente de atrações internacionais e no futebol, do Botafogo, líder com boa margem do Campeonato Brasileiro 2023.

É que do nosso lugar de atuação, investimos e incentivamos aos que insistem em criar. Chova canivete, tiro, porrada, bomba, seguimos no propósito de dar apoio aos que andam por aí, tentando fazer a diferença. Isso envolve riscos altos e incalculáveis problemas. Há circunstâncias onde nem a NASA é útil, são caminhos mais desestruturados, por assim dizer. Nessa tarde-noite no Centro do Rio, a etapa I da missão – localizar um conjunto de equipamentos para montagem de mais um estúdio para podcast –  foi cumprida e ninguém morreu, foi bom ter apelado aos santos.

O objetivo da montagem?, dos mais nobres, criar um ambiente que pudesse viabilizar entrevistas com o escritor Milton Torres, garantindo espaço inicialmente para o valor de suas obras literárias, pouco conhecidas nesse Brasil que pouco ou nada lê, muito menos e por consequência escreve. Mas não vamos aqui mergulhar nessa chaga nacional, de um analfabetismo irreversível e funcional, que pouco interessa as autoridades públicas, beneficiadas por ele. O livro No Fim das Terras tem uma profundidade bem acima da média, documento ficcional baseado em história e muita cultura. Não é pra qualquer bico.

Após uma madrugada inteira em claro, mais alguns cabos para microfones, e fita na praça de Araruama para o Outubro Rosa, enfim um encontro de notáveis, aguardado por meses. Não sem antes fotografar – a pedido de um amigo artista fotográfico – duas senhoras sentadas num sofá no meio da calçada, em frente a uma loja da Magazine Luiza. Disse certa vez – no meu livro sobre História da Arte e da Imagem – que existe um ritual litúrgico para quem as cria: Memória, Bateria e Aparelho. É a trindade da imagem, equivale ao Pai, Filho e Espírito Santo. Sem um deles, você não faz, é forçado a mandar fazer. Nesse caso, como acredito que a visão e a sensibilidade é a imagem captada, dou o crédito a quem pediu.

Clique nesse LINK caso tenha interesse no conjunto de registros que acompanham as crônicas desse Outubro Rosa.