UM CERTO DIA HISTÓRICO, ESSE 4 DE NOVEMBRO

Esse tal de 4 de novembro…
Não sendo uma data em específico – não era dia de Todos os Santos, ou Dia dos Mortos, sequer ponto facultativo ou Dia da Proclamação da República – me deixou na mesa do osciloscópio, observando a vibração de ondas de um éter intangível, substância imaterial que deveria guiar meu corpo,  entre a inauguração da Arena Jockey com show do Roberto Carlos, Red Hot Chili Peppers no Engenhão e a Final da Libertadores 2023 no Maraca. A medição irrefletida me arrastou, já tomei minha decisão…

Como o Universo promove sistemas de pesos e contrapesos, e considerando minha história como produtor cultural e empreendedor, aí estão eles: Bonequinho Vil (View), versão atenuada do legítimo, verdadeiro, VIL, de Vilão, nascido nos subúrbios cariocas, metido com as histórias mais sórdidas do planeta.

Já não mais como produto exclusivo das Lonas Culturais – essas também descaracterizadas pelo uso inadequado da palavra “Areninha”, após reformas, esvaziamento, domesticação e morte em Finados – segue com mais de 27 anos de tumultuada carreira, como todas as mais bem sucedidas fizeram. Foi mais ou menos assim com Oasis, Planet Hemp, Barão Vermelho, Cidade Negra, etc.
Entre idas e vindas, corres, respiros, vida real, com máscara de Pancake Payot, ao lado do Circo Vostok. É um prazer saber que a dupla se apresentará, finalmente, no Teatro do Shopping Bangu, esse sim bancado com dinheiro de impostos, transferidos pela NET RIO, via Governo do Estado.
É claro que vilões como o Bonequinho não recebem essa grana. Pelo contrário. Nos termos draconianos pelos quais os teatros como os do Shopping Bangu atuam, artistas assumem riscos desnecessários e pagam para trabalhar. A iniciativa privada não financia artistas, só deixa de pagar imposto aos arrecadadores, pra eles depois assistirem 38 ônibus serem incendiados na Zona Oeste.

Nos bons tempos de roteiro, o assunto do dia, das páginas policiais se tornava um épico, com a vibrante platéia. Agora, o espetáculo é que nem vacina, vírus atenuado, sem poder letal. Engraçado pra sempre, com menos contundência. Aconteceu com o Exterminador do Futuro, a franquia exige produtos domesticados, o sistema é inteligente, aprende.

Estarei na primeiras fila das cadeiras do Teatro, desse corajoso Vil e seu criador, nem minúsculo, nem maiúsculo, o apenas artista. Quem quiser, clique aqui, para ver fotografias dos responsáveis pela luta, que com força e trabalho, acabaram  obrigando na negociação, a inclusão de Teatro e Museu nas instalações da antiga Fábrica de Tecidos Bangu. Para que isso, fosse realidade hoje, existiu um ontem. O Espetáculo “A Volta dos Que Não Foram”, pode ser interpretado de muitas maneiras, e uma delas é que, em essência, nada mudou.

Condição histórica para aqueles que pretendem escrever sobre políticas públicas dirigidas ao setor de educação e cultura. Precisamos mudar os termos do uso do dinheiro público em atividades privadas, não só na indústria cultural.

No multiverso desse 4 de novembro, seria impossível não mencionar que numa outra parte do Planeta, no Podcast Lake Forever, aconteceu a 3a LIVE sobre a obra de uma das maiores autoridades mundiais sobre História da Amazônia. No exato momento em que assistimos a desertificação, acompanhada da maior seca registrada no rio Solimões, o diplomata e escritor Milton Torres conversou com a jovem Crystal sobre um de seus livros, O Fim das Terras. Pode ser uma agulha no palheiro, pois é ali que começa, o nada. É lá que mora tudo.