Internet, Ecologia e Domínios v.1.0

Posição Oficial do ICANN (diagnóstico)

“Em 2007, a Internet já havia se tornado multi-dimensional e seu desenvolvimento ditado por uma popularização de tecnologias de comunicação de baixo custo em muitos lugares do planeta. Além disso, viagens pelo mundo se tornaram de baixo custo, eficientes e prontamente disponíveis para uma diversidade de viajantes. Como consequência, os cidadãos passaram a não mais se associar a noção de países de origem, mas ao contrário mantém identificação com comunidades internacionais de linguística, cultura, ou de interesse profissional que independem de suas localizações físicas. Muitas pessoas exercem atualmente seus direitos a múltiplas nacionalidades, falam vários idiomas e quase sempre moram longe de onde nasceram ou foram educados.

O Livro da OECD de 2007 oferece uma estatística bastante esclarecedora sobre o impacto da migração para os países membros da Comunidade Econômica Européia. Em resumo, muitas populações são flúidas e mudam por conta dos movimentos de restrição a postos de trabalho, mas também porque a tecnologia permite aos trabalhadores morarem num lugar e trabalhar em outro com relativa facilidade. Como resultado, empresas e organizações operam globalmente em várias fronteiras geográficas e jurídicas. A figura abaixo mostra quão rapidamente o número de domínios tem crescido e que podemos esperar que essa tendência continue a exigir a introdução de domínios de topo de nível. (O sistema atual possui 20 extensões e estará liberado desta restrição a partir de 2009).”

Um olhar ecológico sobre a posição oficial do ICANN (crítica)

Por Vladimir Cavalcante – Agência AREEVOL

Em 1992 aconteceu a ECO-92 no Rio de Janeiro. De lá para cá, a questão ambiental ganhou espaço nas conversas sobre o futuro do planeta, do homem e da vida. Naquela mesma ocasião, as Lonas instaladas no Aterro do Flamengo serviram para que cidadãos de todo o mundo se fizessem representar para discutir em paralelo no Fórum Global esse assunto que afinal pertence a todos. Betinho, o maior articulista de movimentos sociais do Brasil providenciou com seus amigos do poder, entre eles Fernando Peregrino, que estas instituições internacionais pudessem utilizar um novo recurso para informar num nível internacional os acontecimentos locais. Sem intermediação do dirigismo dos grandes grupos de comunicação de massa. A internet foi instalada no hotel Glória e o acesso daquele telecentro adaptado foi determinante ao sucesso das ações de cidadania dedicadas as causas ecológicas. Então, já naquela época a internet prestava sua colaboração para que o planeta fosse menos sacrificado pelo homem.

Todavia, uma das melhores contribuições que este recurso poderia oferecer a cidade do Rio de Janeiro foi subaproveitado. O Governador de ocasião, vitima de computadores em uma contagem de votos para governar o estado era um traumatizado. Via a computação como um inimigo político. Afinal, tudo aquilo que aqueles que almejam o poder não dominam se consubstancia como uma ameaça ao seu poder. Não seria diferente com a internet.

E foi assim que assistimos os pesados investimentos para construção da Linha Vermelha, como uma de suas maiores realizações. Sim, daquelas que permitem aos pobres circular para os bairros ricos. Que ampliam a condição de ir e vir para todos. Como no caso do discurso da cúpula da internet em sua carta explicativa, esses senhores enxergam a realidade como capaz de absorver os custos ambientais de bilhões de carros e computadores e viagens de todos os cidadãos para todos os lugares. Ta na cara que não freqüentaram cadeiras interdisciplinares e por isso enxergam soluções míopes para problemas bem complexos.

O tal cidadão do mundo, citado no texto acima é no mínimo uma construção utópica sem qualquer possibilidade de sustentabilidade pelos recursos não renováveis do planeta, em franco processo de esgotamento. Isso é tão patente que nem precisamos consultar a figura dos especialistas em meio-ambiente. Até a indústria de entretenimento vem aproveitando essa obviedade para apresentar o problema de uma forma lúdica, romântica e neutra. O filme WALL-E é um reflexo desse quadro. O herói é um robô gari. Como em a dama e o vagabundo. Ele é o vagabundo. Uma espécie de Chaplin cibernético. Um gari, sem grandes programas e funções sofisticadas, ele simplesmente cata o lixo e vive em seu mundo simples.

Enquanto isso, Eva, a personificação de todas as qualidades da Dama, e ao mesmo tempo uma espécie de Deusa da Fertilidade (veja o filme e confira o que ela carrega dentro dela). Poder destruidor para preservar a qualquer preço a si própria em sua diretriz e a vida que deve buscar e multiplicar.

O super-consumo e a obesidade, somados ao processo de atrofia físico dos seres humanos substituídos por máquinas e em busca do conforto absoluto, esbarram na impossibilidade material de construir esse tipo de sociedade para todos.

Então, como aceitar as argumentações sobre a inexorabilidade do modelo de intensificação de viagens e seres que transitam de uma cidade para outra, com custos ambientais inaceitáveis? Seria mais Sábio por parte do governo, ao invés de fazer uso do dinheiro público para exacerbar estas despesas insustentáveis ao meio ambiente, dirigir o recurso para que as pessoas se movimentem menos. Isso sim, a tecnologia da informação e comunicação pode fazer.

Foi por essa razão que em 1992, quando se discutia a Linha Vermelha, propus as Linhas Invisíveis. Que seriam simplesmente a base de infraestrutura para o tele-trabalho e tele-lazer. Assim, um trabalhador da Baixada Fluminense poderia ser poupado em 4 horas por dia de engarrafamentos e outros gastos pessoais, colaborando para redução dos custos ambientais da produção e tornando o mundo mais limpo e ecologicamente correto.

As idéias aqui esboçadas devem requerem uma dedicação profissionalizada. Mas uma coisa é certa: quando um modelo se esgota, devemos pensar. Pensar para sair de um condicionamento provocado pelos veículos de comunicação de massa, que reproduzem muitas vezes o resultado de pensamentos isolados em suas esferas de interesse em particular, acreditando-se detentores das panacéias desvairadas. A internet e os computadores não são, por si a solução para os problemas do planeta em geral. Pelo contrario, como demonstra criticamente o ingênuo mas útil filme de Walt Dysney, só ajudam a fabricar de modo bem irresponsável um crescente e alarmante nível de lixo eletrônico. E esse, nem um milhão de WALL-E’s poderão limpar.

Efeitos Colaterais da Decisão (competência decisória)
Fornecido pelo site G1

Muitos executivos sugeriram que o novo sistema será muito custoso para as empresas que quiserem preservar suas marcas. Para o coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Ronaldo Lemos, a decisão pode aumentar os conflitos sobre nomes de domínio que envolvem marcas.
– A Icann é uma instituição ligada ao governo dos EUA. Existe uma disputa entre a ONU e a Icann sobre quem controla a internet pelo entendimento de que a web é um fenômeno global e não pode ser controlada por um país específico. A questão que circula a decisão da Icann é: ela está ligada a só um país? – contesta Lemos. – Durante a Guerra do Iraque, a Icann suspendeu os domínios do país do Oriente Médio, o que mostrou claramente sua parcialidade. Se começarem a aumentar os conflitos sobre domínios, depois será esta entidade parcial a resolver os problemas?

Vladimir Cavalcante – New Executive Officer – AREEVOL

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