Há jogos e jogos.
Ano passado, exatamente nessa data estive jogando um futebol em uma cidade colombiana, chamada Quibdó. Uma experiência que rendeu três documentários inéditos, sobre futebol, música e carnaval daquele país. Agora foi a vez do Japão aterrisar no Brasil, pelas mãos de atletas vivendo naquelas bandas.
Participar de um amistoso, como amigo do Bruno Cortez foi uma honra para levar para a história. Afinal Bruno Cortez, hoje no Albirex Niigata do Japão segue pelo caminho aberto por um brasileiro que lá foi elevado a uma espécie de deus do futebol, Zico. Em 1991, aquele que foi o maior ídolo do futebol carioca que vi jogar, praticamente do início ao final da carreira, me encheu de alegria. Uma alegria que esteve presente, de um outro modo no dia de hoje, nessa festa que teve como anfitrião o lateral que quando vi jogar pela primeira vez, percebi um potencial, traduzido em uma carreira bem sucedida. Talvez não seja um lateral adequado as mãos de alguns treinadores, face a modernidade da proposta de seu estilo. Um atleta leve e vertical, dono de uma simplicidade imediata.
Fora das quatro linhas, uma preleção digna de um gentleman, lembrou a todos ali presentes que o maior desejo era de que todos saíssem do combate ilesos, uma prova de que a competitividade não deve ultrapassar no esporte a humanidade e a saúde, razão principal para o qual existe. E foi assim que aconteceu. Do início ao fim, um amistoso tranquilo, apesar do calor de verão carioca.
Não houve tempo para explorar o cotidiano que um jogador estrangeiro vive num país tão diferente, cultural e etnicamente falando, saber se já fizeram algum mangá em sua homenagem e afins. Só pude perceber que Pablo, seu filho e jogador-mascote do time é um jovem adorável e esperto.
Que as partidas de futebol sejam sempre um motivo para conquistarmos títulos, resultados, e principalmente amizades. Creio que o dia de hoje foi uma prova de que para um jogador de futebol, chamar um outro para jogar é apenas um pretexto para conviver, compartilhar a vida, dividir a ceia.
Não posso terminar esse texto sem deixar o agradecimento ao amigo Flávio Trivella, organizador desse belo lance e parabenizar o talento de Divino Euzebio Santos, narrador formalíssimo, repleto de segredos para a longevidade da voz de tom metalizado, que um dia estarei autorizado a revelar. Sei que a geração de rádio da escola que ele admirou me condenaria pelo excesso, mas nesse caso é natural, pois já estão todos com mais de cinquenta anos, no mínimo. Alguma vitalidade e ousadia deve ser injetada nesses novos pulmões, seja nos microfones ou dentro de campo. As novas gerações já estão aí, acenando com demandas que serão atendidas por alguém.
Então que sejamos nós, ou melhor vocês!