O ECLIPSE TOTAL DA HUMANIDADE

Quando o fanatismo de seitas religiosas se aproveitam de fenômenos naturais para incutir o terror por meio de crenças infundadas, restam as vítimas, pessoas de boa fé, a seguir mandatários do obscurantismo.
Nesse ano de 2024, milhões de pessoas localizadas em parte do Hemisfério Norte, tiveram o privilégio de acompanhar um Eclipse do tipo Total. É que o sol é 400 vezes maior que a lua, mas está a uma distância 400 vezes maior que ela, o que provoca esse ilusão de ótica, algo divino, a cobertura perfeita do maior pelo menor corpo celestial. Religiões bebem nessa fonte.
A ignorância que se sobrepõe ao conhecimento, disfarçada de revelação divina, obtida pela vontade própria de um qualquer, já levou milhares ao suicídio coletivo. Um filme recente, “Não Olhe para Cima“, dá uma noção do que os céus, no plural, nos reserva. Há uma grande proliferação de anunciações apocalípticas, da pior espécie.
Enquanto isso, pouco se fala da primeira intervenção militar feita pelos EUA, testando atingir um meteoro, para verificar o comportamento desse “ataque”, no caso de uma necessidade para evitar a colisão de um desses meteoros metidos a besta, em rota de colisão com a Terra. Segundo o relato, os fragmentos do meteoro atacado não se comportaram como se imaginava, e acabarão abrindo crateras na superfície de Marte em três mil anos. A astronomia é uma ciência matemática das mais antigas, com precisão fenomenal, mas também sujeita a erros experimentais. Leva tempo para ajustar o cálculo, aprimorar modelos, a partir de validação experimental. Acontece mano que nem sempre temos uma segunda chance na vida.
Um eclipse desses pode muito bem servir de bandeira para o totalitarismo em expansão. Uma hipótese, parte especulativa, parte real, baseada no mapa da decadência democrática em curso. Parte desse movimento pernóstico tem como base o terrorismo de seitas, que semeiam a ideia de que o dia do juízo final está próximo. Próximo de levar a humanidade pro fatalismo. Uma das tentativas de cálculo do Dia Final foi feita por Isaac Newton para os Adventistas. Saíram frustrados, sem credibilidade. Daí em diante, apenas ameaças sem datas especificadas. Aprenderam a aterrorizar o povo sem se expor ao ridículo e pagar mais um mico. Pobre do povo de boa fé, que cai nessa ladainha. Afinal, quem é que não sabe? Todo início tem um fim! Até aí, morreu Neves, diz um ditado antigo. Dizer que o sol nascerá amanhã não é nada demais. Calcular os próximos eclipses? A Ciência dispõe de ferramentas matemáticas para esse fim. O milagre é esse: o conhecimento.
Resta saber aonde vai levar em pleno 2024. Em fração de segundos, o dia pode virar noite. Aos animais e a barbárie ensandecida, a falsa impressão de que é hora de dormir ou chegou o fim do mundo. Mas para a Ciência, é apenas um eclipse de 4 ou seis minutos, a ser contemplado com os devidos cuidados para não lesionar os olhos, com direito a beleza dos efeitos especiais, como o brilho diamante e outros bichos.

Um Turismo Astronômico se faz necessário. Quem sabe abre a cabeça de alguns debilóides, afetados pela falta de tudo. Antes que a humanidade se veja eclipsada de vez, chafurde na lama da barbárie, pelo menos desfrutar de algumas experiências visuais transcendentes. O merchandising do Eclipse Total é uma coisa que só mesmo os americanos poderiam fazer. E fizeram.