UM TÚNEL PRISMÁTICO DE LUZ E SOM

50+1 em Abbey Road, lugar revolucionário, Beatles incluso. Letras nunca foram a parte mais significativa da obra musical dos instrumentais. Ouvi a íntegra do Long Play “The Dark Side of The Moon“. Quantos privilégios numa vida de notas e silêncios. Não era possível saber com clareza as letras de Time, Money, Us and Them, ou Eclipse. O acesso de hoje vale revisitar o universo psicodelista de um lugar conceituado pelo Roger Walters, o cara que quebrou muros, uma das funções secundárias da música. Meio século se passou, parece que estamos estacionados.

“50+1 em Abbey Road, lugar revolucionário, Beatles incluso.”, é uma frase incompreensível, com a qual começo uma viagem pelo túnel do tempo. Para não deixar todo mundo voando, decidi abrir a caixa preta e mostrar o que tem dentro. Por favor, não se assustem. O 50+1 se refere aos cinquenta anos do lançamento do álbum da banda Pink Floyd, ou seja, meio século e um ano do seu LP mais vendido. Ouvido até hoje, já é obra de arte. A rua Abbey Road, em Londres, onde fica o Estúdio utilizado antes do Pink Floyd pelos Beatles, que fizeram a capa do seu álbum com uma foto dos quatro, atravessando numa faixa de pedestres nesta mesma rua. Ali aconteceu a revolução musical, fiz uma foto lá, em 2019…

Não há como esquecer a madrugada atravessando com anotações sobre as novidades e nomes que minha ignorância não conhecia, de um Lolla que antecedeu a uma picada de um mamangava. O inseto dos campos de maracujá, pasmem, estava escondido dentro de uma bolsa, na qual fui colocar a chuteira, pra ir jogar minha última partida de futebol. O amigo e eterno desafiador, encontrou horário compatível, e lá acabei com uma ruptura do tendão de Aquiles que me custou 10 meses de recuperação. A vida mudou depois disso, certas coisas já não se podia mais, como por exemplo, correr nos jardins de São Petersburgo.

Nesse mesmo momento, os californianos do Offspring se apresentam no Lolla Brasil em Interlagos, transmitido ao vivo, que é o que sustenta os eventos em seus lucros e custos. Os ingressos são para garantir o calor das platéias indispensáveis ao espetáculo. A questão é como garanti-las, diante de tantos ataques terroristas, inimigos explícitos da cultura do entretenimento, da paz e do amor, que já deixaram marcas recentes em Israel e hoje em Moscou.
A obra de maior projeção do grupo Pink Floyd. fala a linguagem da música, e as memórias da turma da Brasília de baixos indicadores de violência lá pelas bandas de 1977. Os colecionadores já tinham aquela capa com pirâmide e luz se tornando arco-íris na mão, ao lado de Clube da Esquina, Belchior, e todo o manancial de melodias que jorravam emoções incontidas. Na (mini)playlist no Spotify que produzi hoje, embaralhando tudo que ouvi, guardei lugar especial para , em homenagem aos amigos de Brasília, que enriqueceram meu conhecimento musical em 1977. O disco

Come Out and Play, é um chiclete do Offspring e aí não tem essa de não gostar da Califórnia ou de pop punks. São muito brabos, ainda na estrada da música que arrasta milhões a entoar hinos nada nacionalistas, espelhando a rebeldia que oxigena o mundo dos arranjos assassinos. A garotada exige ter prazer, direito legítimo, constatado em The Kids Aren’t All Right.

Já a banda aclamada e aguardada por trinta anos, não chegou a me provocar os urros que vi em sua platéia ensandecida. Música é química e Blink tem de sobra para a sua legião de fãs. Em All The Small Things, deixaram a alquimia exposta, sem necessidade de motivo aparente para ir as estrelas. Não sei até que idade vou conseguir acompanhar essa garotada, mas garanto aplaudir incondicionalmente as tentativas na direção artísticas e suas variações, sem pretensões comparativas, apenas preferências.

E aí meu amigo, Luisa Sonza é uma delas, e vai incorporando e crescendo. Menos por Anaconda, mas por conseguir transitar com fluência em todos os gêneros dominantes da preferência do jovem brasileiro atual, sertanejo, funk, e as parcerias com a de maior projeção, anexando territórios com uma voz sem igual, interpretando Penhasco com Demi Lovato foi aula.

O livro Cena B tem sido escrito meio que sem qualquer ordem cronológica, fragmentos possíveis a se juntar ao final. A riqueza de aparições dos últimos dois anos exige esforço dedicado para depois de maio, tendo como ponto de partida a lembrança dessa base mainstream. É esperar a chuva passar e botar pra fora os presentes desse trânsito de ondas sonoras.