UM VASCO DE FÉ

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Em 2013 o Vasco acreditou até o fim. E os noticiários do dia 8 dezembro confirmavam dois times cariocas na segundona. De mãos dadas, estava anunciada também a queda do Fluminense. Seria a primeira vez que dois times grandes cariocas visitariam ao mesmo tempo a segundona.
Fui com amigos cruzmaltinos, Liberato Póvoa​ e sua turma, assistir e fotografar a partida entre o Cruzeiro com o Vasco, onde só a vitória interessava. E vi um time aguerrido, que ganhou daquele que receberia a facha de campeão num jogo até hoje polêmico, com o Flamengo. O placar foi 2 x 1. Nesse campeonato, vi uma jovem revelação, o Marlon, jogar um futebol diferenciado, que o levou para o Cruzeiro no ano seguinte.
A fé remove montanhas. E a torcida vascaína sempre deu mostra de que acredita em seu time. A fé de 2013 também se fez presente no ano de 2015. Não foi suficiente, é verdade, para livrar o time da sua  queda. Mas é dessa fé que nasce o superação. Há uma coisa que não se pode negar ao time cruzmaltino. Lutou com dignidade até o fim. O mundo do futebol tem seus percalços, é uma roda gigante. E o Gigante da Colina não está imune a ela.
A fé de um Jorginho em lágrimas foi um episódio comovente. O rapaz em evolução se entregou, se sacrificou, pouco dormiu em noites de desespero. A cena do inferno o perseguia diariamente, e era natural que lavasse a alma com água e sal. O time correspondeu plenamente a sua conduta de fé, seriedade e respeito ao torcedor. Seu scalting seguiu a cartilha de um futebol moderno, onde o time mais fraco precisa primeiramente não tomar gols, e só então partir para construir o resultado, as vezes, por uma bola mesmo. Foi isso que vimos na Copa do Mundo, entre as melhores seleções do mundo, exceção a nossa, que também por isso, levou de 7.
Creio que mesmo perdendo a última vaguinha da primeira divisão, o Vasco saiu sim, vencedor, sem jogar o fino da bossa, consciente de suas limitações, e com uma credibilidade que faltará ao grupo do Flamengo, esse para mim, o maior mico do campeonato desse ano.
Parabéns Jorginho, pela fé e aplicação. Independentemente do que se fale acerca de problemas raciais, discriminação por classe social, no caso do centrado e “em paz” (para usar uma expressão do Sheik) Cristovão, creio que falta a ele essa vontade de ganhar, que ficou patente no trabalho desenvolvido nesse Vasco. Acuso uma certa zona de conforto, uma tranquilidade que as vezes atrapalha um profissional, quando a expectativa que se tem dele é alta, pois que preparado, mas sem a postura mais incisiva que define o perfil de campeões. Técnicos como Cuca e Cristovão podem ganhar, mas não fazem parte da minha preferência, nos termos atuais em que apelam para a adrenalina necessária a prática de um esporte viril e técnico.

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