ESPORTES, TUPI E O SLOGAN: “EU ACREDITO”

VASCO_20150731_001
(OU SOBRE OS CRENTES DE OCASIÃO)
Chegou a hora de capitalizar. Numa aposta infundada lá atrás, com os seus meros treze pontos, quem poderia acreditar num outro desfecho senão a segunda divisão? Mas o fato é que o improvável segue no limiar entre o milagre e o impossível. Não é tão ruim quanto parece. A pressão para o Coritiba foi reduzida ao mínimo, e já não compete num confronto direto com o Vasco pela vaga. Se safou antes. E isso pode ser um fator a se tirar vantagem. Sendo assim, o jogo de vida ou morte para os dois, vira um jogo de vida ou morte para o Vasco, único ali com a obrigação de ganhar a qualquer preço. Pode ser melhor assim, e assim ganhar. Parte I cumprida.
Aí entra em cena a parte II da missão. Com um jogo entre o campeão brasileiro, em casa, contra o modesto time do Avaí. Sinceramente, essa partida é para se ter na agenda. Em que pese o fato de que o Tite já deu férias aos seus comandados, lá não funciona como no Flamengo. Apesar da derrota contra o Sport, um time superior tecnicamente ao próximo adversário, não creio que faria bem ao timão amargar duas derrotas consecutivas e terminar o campeonato em descendente. Cravo aqui no máximo um empate.
Já a parte III, bem essa tem uma dimensão totalmente política. E passa por um time carioca, que ao longo desses últimos anos vem sofrendo dissabores no embate fora das quatro linhas com o time de São Januário. Isso certamente afeta o clima da partida. As férias de Fred, o desinteresse pelo time de Gerson e os rumores sobre a venda de Jean, deixam o time mais fragilizado? Talvez. Jogar fora, no caldeirão do time que precisa do resultado? Essa é a pior situação. Dos três deveres de casa, um direto e dois indiretos, talvez esse seja o osso mais duro. Não pela qualidade do Figueirense, mas pelas circunstâncias.
Assim, envolvida numa nuvem espessa de emoções, cai como uma luva agora, torcer pelo improvável, a recolher a natural audiência que esse drama oferece. Os especialistas em lucratividade dos negócios em mídia, terão uma semana de bom rendimento. Mas há muitos outros focos de assuntos para gerar a cesta básica de final de ano. Pessoalmente, os escândalos e a primeira prisão de um congressista após a Constituição de 1988 parecem ser mais atrativos para a imprensa e população. Mas é só uma impressão. Não tenho os números cruzados sobre as múltiplas agendas.
Uma coisa é certa, o maior veículo de rádio do Rio de Janeiro já encampou a promessa de torcer pelo Vasco até o fim. Afinal é um time carioca, uma potência e tradição do país. Os ensinamentos de Marcelo Barros, e sua filosofia pró-carioca, os clubes, a nossa cultura, o jeito de ser, são um sentido novo a uma maneira “isenta” de se fazer a cobertura esportiva. Torcer ao analisar não é pecado. Brincar um pouquinho para desopilar, também não. Creio que o momento dos times daqui pedem um pouco mais disso.
Olhando para a escadinha dos quatro grandes, vemos um saindo da segundona, um correndo risco de cair, e os dois na beirinha, com campanhas pouco convincentes. Esse foi um dos piores anos de resultado coletivo de times cariocas dos últimos tempos. Quem sabe não aprendem a discutir coletivamente, como os “clusters” de vinho da Califórnia ou as grifes de óculos sofisticados italianas? Um time carioca forte, ajuda a fortalecer a regionalidade de nosso futebol, no lugar onde a primeira pelada foi jogada, onde a alma desse espetáculo é de uma beleza sem adjetivos, premiada com um Maracanã. Olhar para esse conjunto da obra pode ser interessante, quem sabe esse momento sirva como ponto de inflexão?

Deixe um comentário