Voando para Amanhã

A cidadania é fruto das cidades. E o heroísmo maoísta, stalinista, napoleônico e bolivariano representam a força esmagadora do estado.

Um pensamento possível sobre essa discrepância, cidadania e estado seria: ou os cidadãos destroem o estado militarizado, ou o estado policial se fortalece e esteriliza a fértil desordem cidadã. Dilema subversivo? Ato de desestabilização das soberanias? Submeter a cidadania a favor do poder das nações é uma armadilha fácil de morder.

A mídia. Os veículos de comunicação de massa, são indispensáveis aos propósitos do estado forte. O controle psicossocial exige o controle dos meios de comunicação de massa. A cooptação dos mecanismos de comunicação é uma meta explícita dos chamados regimes “fortes”. Há muitos tipos de regimes “fortes”. Os regimes “fortes” impõe, por exemplo, a legitimação das práticas de guerra desencadeadas pela irresponsabilidade dos estados fabricantes de armas, por exemplo. Genocídios são provocados por essa lógica, a luz do dia e com a maior naturalidade.

O episódio “Mario Vargas Llosa” na Venezuela, é apenas mais um capítulo de um intrincado jogo de poder de nações “fortes”. A nomenclatura adotada porta-voz oficial do governo, com status de ministro, destaca o pensamento dos que se opõe ao livre pensar. Se no passado a invenção da palavra “intelectual” já havia sido utilizada como forma de desqualificar pensadores críticos ao poder, o representante realmente se superou. Pior do que ser um intelectual, ser um “ex-intelectual” foi uma atribuição desprovida de criatividade e demonstra a “fraqueza” de idéias que pode permear nações “fortes”. Mario Vargas Losa é apenas um escritor brilhante.

Mas, enquanto tudo isso se passa nos jornais de toda a América Latina, ela bem que poderia ter me levado ao exílio, sem me dar água no deserto, uva nas festas bacantes, ou uma breve leitura de poemas de Fernando Pessoa, ela só queria ser modelo, mas não foi.

Garçonetes de Bordo e Marmiteiros de Ponte Aérea. O que os leva a sonhar com o vôo alto? Comissárias de bordo trocam o dia pela noite. Nos estados “fortes”, ela segue em vôos noturnos, acompanhada de pares que passam suas vidas, voando, em meio as pestes do Egito. Espaços de confinamento com vinho Bourdeaux, pulverizados por sub-tipos viróticos nos fluidos e aspersões. Asas voadoras de metal, levam e trazem a propagação de “[TUDO]”, que de tão igual, se parece “[NADA]”.

Cidades totais, todas quase as mesmas. Os mesmos carros. A mesma polícia. As mesmas armas. Os mesmos produtos de consumo. O mundo se nivelou em torno de uma totalidade das cidades, com seus pontinhos luminosos por todos os lugares do planeta. Uma idéia permeou a homogeneidade. Uma idéia persegue a cabeça dos estados “fortes”: a hegemonia de suas práticas. Não importa qual seja.

A noção de cidade total não combina com localidade ou identidade singular. A cidadania é um conceito universal? A cidadania pode ser local? As cidades podem se desdiferenciar, como células velhas, retroagindo na direção de formas primitivas e flexíveis, capazes de tudo, capazes de assumir plasticidade de um mundo maleável?

A estrutura dos estados “fortes”, ensinando seu filho a querer sempre mais, apregoando o poder sobre os mais fracos, alijando o aleijado rejeitado e descontente, com os maus tratos do “eterno vencedor”.

Deixe um comentário