A CONTRARIEDADE DO AMOR


Sua obra Cem Anos de Solidão me deixou no ar, rarefeita que era a substância daquele enredo cheio de nuances abstratas, a que deram o nome de fantástico. Alguns trechos li e reli, puro prazer. Visitei a biblioteca com seu nome por algumas vezes e comprei um livro sobre o carnaval de Barranquilla antes de partir para Cartagena. Emprestado e nunca devolvido a Yuri Graneiro, que tenho certeza não o fez por mal, o livro explicitava a fuga da palavra dura da igreja daqueles que se interiorizaram para evitar o extermínio de suas ludicidades e rebeldias.
Mais tarde apareceu o amor. Gabriel escreveu o livro Amor nos Tempos de Cólera, que para meu gosto não chegou aos pés de sua obra maior. Decidi comprar em espanhol, Cien Años de Soledad, para ler mais uma vez qualquer dia desses. Estão lá, Soledad e Quixote, os dois mais significativos para minha limitada compreensão da qualidade literária espanhola.
O amor era de sua intenção escrever na velhice, segundo seu editor. Uma perspectiva de menor interesse aos mais jovens, mas era do que pretendia se nutrir para escrever. Agora, anos após sua morte, seus filhos decidem publicar o que o pai desautorizou. Um ato típico de herdeiros em busca da perpetuação da obra e do lucro. Já que o eternizado e morto nada mais apita, então só me resta exibir a capa da obra lançada em espanhol e que seguirá para o inglês num formato bem mais sofisticado de embalagem.
Voltarei ao assunto tão logo tenha lido ao menos uma parte do EM AGOSTO NOS VEMOS.