UMA SUPER TERÇA SEM SURPRESAS

As eleições nos EUA seguem uma dinâmica fascinante. Acompanhar o cotidiano de todos os movimentos desse verdadeiro jogo de xadrez equivale a uma pós-graduação em Ciência Política. A cobertura que a imprensa realiza diariamente me dá a sensação de estar assistindo uma novela, dessas fatiadas didaticamente em capítulos.
Não há espaço nessa teia de eventos para grandes improvisos. E tal como no caso das novelas, um noveleiro profissional nem precisa acompanhar assiduamente as cenas. Mas a imprensa mantém o suspense da trama. O último evento, a validação em todo território nacional do direito de um ex-presidente ter seu nome na cédula de votação de todos os estados, incluindo aí aqueles que achavam que poderiam excluí-lo. O mais interessante é que o STF de lá, a Suprema Corte, foi unânime nessa decisão, consolidando assim princípios que estão na base da democracia estadunidense. Lá, o cabra tem o direito de ser candidato. Por aqui, nos habituamos a caçar candidatos, mandar prender, e no passado até exterminar. São realidades distintas, como mostram as figuras com mapas auto-explicativos em azul e vermelho, com seus resultados parciais.
Nessa super terça, expressão decorrente do grande número de estados onde as eleições se dão, os resultados apontam para aquele final de novela óbvio.
Vai dar bis na disputa presidencial, com duas figurinhas de idade avançada, que tecnicamente, pelos critérios de proporcionalidade existentes, terminaram empatados nas últimas eleições para presidência. O desastre jamais vivido, de não ser reeleito, uma tragédia grega não admitida foi o que levou a insurreição por lá. Por aqui repetimos o script, meio lambuzado em papel de padaria.
Nossa esperta classe política já providencia uma reforma para seu próprio umbigo, trazendo novidades aos próximos pleitos, entre elas a proibição da reeleição e outros penduricalhos. Um candidato de fora do sistema tem chances muito pequenas de se eleger no Brasil, simplesmente porque está proibido por lei de fazer campanha por tempos mais longos, o que é um erro. Observem a forma viva e ativa como o que acontece antes do momento final, os americanos vivem suas vidas políticas. É um processo em modo contínuo, sem interrupções, se respira política sem restrições ou proibições babacas.
Por aqui, só babaquices em série.