Chegamos lá? Claro que não. O mundo segue lógicas suicidas. A informação de que essa semana vivemos a temperatura média mais alta do mundo, dos últimos 127 MIL ANOS. Do ponto de vista geológico, esse período não representa absolutamente nada. Mas a extinção provocada por uma espécie supostamente inteligente, será inédita. Faz uns 40 anos, participei de um Congresso Nacional de Agronomia. Algumas das palestras, de nível internacional, alertavam para características específicas da Amazônia. Duas delas não fariam parte da formação acadêmica: o solo ARENOSO e o ASSOREAMENTO dos rios.
Não posso dizer que mudou minha vida, mas se guardei até hoje pra contar a vocês é por uma razão mais forte, virou PROFECIA. O aumento médio de temperatura de 0,4 graus celsius aparenta não significar nada, aos olhos de um ignorante no assunto. Mas foi ele que matou de uma só vez, lá pelas bandas de Tefé, uns 150 botos cor de rosa, que morrem em situação normal, no máximo em número de dois.
A estrada segue. Fui parar na Eco92, e o aprendizado se aprofundou. Não a ponto de ter me tornado o que o André Trigueiro chama de “Ecochato”. Mas os fatos colecionados de forma antecipada, em bibliotecas especializadas sobre o assunto, tal como no livro ECOLOGY 2000, já apontavam para o estrago que as culturas extensivas brasileiras, objetivando produzir carne bovina barata, para o mercado exterior, produziam em todo nosso ecossistema, biomas, patrimônio genético em sua biodiversidade e nas “fábricas de água” para a natureza, que são as florestas.
A chocante alteração do nome da ECO92 – que deveria ter sido chamada 20 anos depois de ECO92+20 – para RIO+20, com o único propósito político de diluir o peso da palavra ecologia, em plena cena de aparelhamento do Estado, pela corrente de pensamento totalitária no interior do PT, deu nisso. O evento aconteceu, sem manter sua marca de origem, satisfazendo caprichos dispensáveis de gente sem escrúpulo, na hora de roubar bandeiras de terceiros. Em outras palavras, fuderam com o PV, Marina e outros comprometidos com a causa.
Foi nessa RIO+20 que assisti o enfrentamento do povo indígena, frente aos escancarados desatinos na construção de hidrelétricas em território dos índios, quem quiser pesquise, embora dez anos depois, apareçam como protetores da natureza. Não são. Os associados a indústria metalúrgica e a produção de automóveis sem pagamento de impostos jamais serão equiparáveis aos povos da floresta e as movimentos de sustentabilidade tal qual preconizados por gente muito mais cabeça, como por exemplo, Chico Mendes.
A desertificação está escancarada, os rios assoreados, e as fábricas da estratégica Zona Franca de Manaus, sem capacidade para receber ou escoar componentes para fabricação de produtos de exportação. Os rios de lá, diferentemente do canal do Panamá, não são uma hidrovia, são apenas rios, que se não forem bem cuidados, se tornam apenas mais um deserto. Não é, como na música, o sertão que vai virar mar, mas o mar é que vai virar sertão.
A profecia se cumpriu…
… cabe a nós, promover novas ações que levem a uma outra profecia, menos fúnebre…
Pelo REMATAMENTO DA AMAZÔNIA, usando novas palavras como antídoto.