A INVENÇÃO DE NOVOS PLANETAS E A ARTE

Eis aí a suposta fusão entre dois planetas reais, a Terra e Vênus. Foi o que Gemini produziu a partir do meu pedido em inglês. Estamos desenvolvendo uma atividade de fronteira, na qual a existência de um planeta errático, imprevisível, sem órbita calculável e destino deu lugar a criatividade. O BYLUCA’S PLANET é esse lugar, a ser colonizado, aberto a presença de criativos. Tem evoluído, em meio a uma enormidade de contra-correntes que se opõe ao exercício artístico. Nem sempre as  tentativas tem ou exigem nexo causal, é mais provável que se aproximem do caos e das experimentações.

Pedi ao Gemini pra desenhar uma lua. Ele desenhou. Seu sistema de busca não produziu algo melhor que as fotografias até aqui realizadas por exímios apreciadores dessa que foi tema no enredo da Onça da Grande Rio e da Cigana da Imperatriz. Deixou a desejar, milhões de anos-luz.

A visualidade abstrata desse lugar nunca existiu, disforme que é.
Não obstante, com o advento de recursos computacionais que relacionam semântica a desenhos, aproveitei o lançamento da última versão do Gemini 1.5 para avaliar o que a Inteligência Artificial lançada esse mês poderia fabricar. Comecei pelo óbvio, pedi que desenhasse a lua, foi satisfatório, nada demais. O software deve ter extraído imagens de lugares na internet e dado seu toque pessoal, se livrando do pagamento de direitos autorais. É pra isso que serve, de imediato.

Dei mais um passo, após a perda de esperanças que me foi informada, a partir de dados de uma das luas de Saturno que  reduz a probabilidade de vida nas proximidades da Terra, extrapolei e decidi fazer um PLANETA REMIX, com a ajuda do Gemini.
Pedi que desenhasse um planeta que fosse a mistura da Terra com Vênus. O resultado de uma primeira rodada foi esse da imagem abaixo. Poderia passar o dia inteiro regerando e resolicitando a criação, até chegar a algo que me satisfizesse um pouco mais, do ponto de vista estético. Posso também tornar mais complexa minha solicitação, do ponto de vista semântico, baseando-me em conhecimento estruturado ou alguma correlação esdrúxula.

Um pouquinho mais de tempo dedicado a pesquisa e mais descobertas, a maioria sobre limitações que não encontrei quando comprei os direitos de geração infinita de modelos para publicação de conteúdos em sites, de uma empresa que faliu, sem cumprir todas as promessas que me fez. É comum, não foi a primeira da minha vida, não será a última. Vamos as limitações.

Por questões ligadas a suposta ética das ferramentas, solicitações envolvendo desenhos que misturem seres humanos com bichos não são aceitos pela ferramenta do Google. Então, algo simples como um ser mitológico, tipo sagitário não rola. Tentei outras vias, misturar cachorro com gato? Resultado pobre. Quem sabe um tubarão-golfinho? Não chegou nem perto. Apelei para uma família mais próxima, baleia com golfinho, com o intuito de dar um presente de aniversário a um amigo nesse final de semana. Resultado pífio.

Pensei comigo, se nem essa história de juntar duas partes para montar algo a partir de partes existentes, o estágio atual dos aplicativos de Inteligência Artificial estão fazendo, quem sabe se aumentando a complexidade semântica eles não se tornam mais “criativos”? Apelei para alguns estilos da História da Arte, conjugados as frases. Tipo, Terra e Marte em estilo surrealista. Que decepção, quanta pobreza. Deve ser minha altura do sarrafo, grau de exigência, pelo conhecimento acumulado pela visualização de obras de arte astronômicas produzidas pela NASA.

Mergulhei então em peças de maior picardia e sacanagens. Pedi a Mona Lisa de Leonardo da Vinci com barba e cabelo vermelho. Ficou tão convencional, mas tão convencional que deu até raiva. É óbvio que as versões pagas dessas ferramentas devem oferecer maior potência de processamento. Sobre as estratégias das 7 empresas na ponta dessa corrida espacial, é certo que a NVIDIA representa a valorização na ordem de seis vezes no último ano, mas o mercado já enxerga um urso por perto, valores inflados que deverão explodir a qualquer momento. Bolhas que vem, bolhas que vão. Espere pra comprar quando os valores caírem, é o que dizem os acostumados com a montanha russa. Arme seu jogo. A disputa setorial entre o modelo Google, baseado em Large Language Model e a nova alternativa, baseada na abordagem Cloud Computing promete marcar época.

Volto aos assuntos práticos da última madrugada e sinto que vai demorar para que me desprenda das folhas e canetas que me dão tanta liberdade de expressão. Pelo que vi até aqui, parece que essas camadas inteligentes vão incorporar muita censura e noções de politicamente correto naquilo que as máquinas poderão criar. Foi o que senti, apesar das notícias de produções montadas com rostos de adolescentes em corpos libidinosos por estudantes atualmente acusados de crime, nas escolas do Rio de Janeiro.

É infinito.