A LÓGICA DAS APOSTAS E SUAS CHANCES

Não quero te desanimar, mas suas chances de ganho em um sistema de apostas é sempre mínima, e na média da totalidade de apostadores, a casa é a única parte que vence sempre. Todas as vezes em que esse axioma é quebrado, entram em cena outros atores das páginas policiais, com diversos recursos de monitoramento e investigação, para descobrir porque um determinado indivíduo ou grupo estão contrariando a regra do jogo e ganhando do cassino.

Um garoto de 13 anos de idade acaba de zerar o Tetris. Esse divertido passatempo, criado em 1989 nunca havia sido derrotado por um ser humano. A que chamaremos essa geração que passa 20 horas por dia disputando com máquinas para ganhar delas?

Nessa primeira semana do ano, fiz um laboratório sobre apostas online oferecidas pela maior casa do gênero do mundo. Não cheguei sequer a utilizar métodos estatísticos, análise multivariada, divisão de blocos, nada disso. Basicamente, apliquei uma pequena quantia, de forma homogênea, em sete palpites envolvendo resultados de partidas de futebol, seguindo a sugestão de um conhecedor desse ramo. Seus prognósticos envolviam uma caralhada de partidas, muito além do meu interesse específico.

Resumidamente, dos sete palpites de resultado de partidas, com base nas recomendações escolhidas, acertei seis. De onde você está, a conclusão deve ser: “fantástico”. Lamento dizer, não é bem assim. O cálculo de distribuição dos recursos investidos em comparação com os ganhos e o valor perdido é quase equivalente. Essa “desproporcionalidade” se deve ao fato de que para ganhar seis em sete apostas, a recompensa é normalmente baixíssima. Apostar no resultado daquele que possui favoritismo tem odds baixíssimas.

Isso significa na prática que ao apostar com recompensas baixas, basta perder em uma delas e você vai arcar com o prejuízo de 100% para a casa de apostas. É essa a diferença entre você e eles. Quando você ganha, a recompensa em situações fáceis é quase nenhuma. Já quando você perde, a casa ganha todo o seu dinheiro. Inevitável dizer que ela está numa posição de vantagem insuperável, tal como um supercomputador, alimentado por dados obtidos em tempo real nos lugares onde os eventos acontecem, trabalho feito por humanos. Fui inclusive selecionado para realizar essa atividade de coleta de dados em arenas esportivas. Meio parecido com os funcionários do IBGE, batendo de porta em porta para saber sobre nosso país no censo. Dentro dos estádios existem pessoas que assistem partidas não mais para comentar ou transmitir, mas para coletar dados para as Casas de Apostas. Isso te coloca em desvantagem. Mas essa é apenas uma delas. Existem outras.

Os Cassinos olham atravessado para os que ganham mais do que perdem. Tive oportunidade de presenciar essa dinâmica em Lima, por ocasião dos Jogos Pan Americanos de 2019. Acompanhando as atividades de um apostador estrangeiro, que ganhava mais do que perdia, percebi que recaiu sobre ele essa espécie de negatividade. Donos de negócios muito lucrativos não gostam de perder, não tem fairplay e podem inclusive utilizar meios não muito ortodoxos para se vingar dos melhores jogadores.

Deixo os dramas de um brilhante escritor, que jogava, e escreveu um livro para pagar as contas, sobre o jogo e outros bichos. Fyodor Dostoevsky não é para os fracos. Jogo e dinheiro são faces de uma mesma moeda. Há um filme de 2017 baseado no livro, de boa leva.

Ganhar da Casa de Apostas não chega a ser impossível. Mas se quer ter uma vida de negócios mais tranquila, abra uma padaria.