A REVOLUÇÃO DAS MÁQUINAS DE FUTEBOL

O ano de 2023 vai se confirmando como aquele que consolidou a ideia de que a Inteligência Artificial substituirá em uma série de atividades intelectuais produtivas, o trabalho humano. Recentemente escrevi sobre o que significa para muitos a palavra inteligência. A substituição e a condição obsoleta do homem é fato irrefutável, automações em diversos setores, a robótica em fábricas, lista infindável.

Nos filmes de ficção científica, a franquia do Exterminador do Futuro em sua versão 3, lançou a ideia de uma “Rebelião das Máquinas“. Há uma forte correlação entre a existência de máquinas e a automação. Mas não há como negar que alguém opera as máquinas, desde aquelas que colhem arroz no campo as metralhadoras automáticas. No teatro, foi Vladimir Brichta que protagonizou “A Máquina”, acompanhado de uma turma que vingou, Lázaro Ramos, Wagner Moura, texto adaptado por Joaquim Falcão, extraído de livro homônimo, que virou filme.

Diante de tantos usos, como definir máquina? Certamente pela produtividade, desde antes da revolução industrial e sua máquina a vapor, as alavancas e os princípios Arquimedianos já se apresentavam com esse poder multiplicativo, que tanto interessa aos que querem fazer mais gastando menos, ou impor sua superioridade aos demais, num regime competitivo qualquer. Palavra símbolo de insuperável pelo homem, foi assim aplicada ao time do Fluminense, especialmente nos anos de 1975 e 1976. Os mais puristas dirão que só vale para o 1o ano e tem certa razão nisso. Como disse anteriormente, não há máquina sem operador, no caso o Juiz de Direito Francisco Horta, hoje Presidente eterno do Flu, bem retratado no livro “O Maquinista“.

Em 2019 viajei junto a um projeto para jovens de Xerém rumo a um Torneio Internacional na Flórida, envolvendo todos os continentes e uma diversidade de times dos mais diferentes países, quase nessa mesma época do ano, dois elencos, um sub-18 e outro sub-17. Tive o privilégio de realizar a cobertura com transmissão ao vivo das partidas, em parceria com os familiares daqueles jovens que além de jogar futebol poderiam abraçar a oportunidade de estudar nos EUA com bolsas de estudo, na condição de atletas. Tive a felicidade de ver um desses jovens seguir por esse caminho. Naquele mesmo momento, era o Flamengo quem disputava o mundial de clubes enfrentando o Liverpool de Roberto Firmino. Ainda está na lista de tarefas a realização de um livro sobre esse projeto que leva a marca do Clube, o FLUEXPERIENCE.

Considero importante a memória sobre os tempos mais recentes do time tricolor que tive a oportunidade de ver de perto. Foram campeões em 2010 no Engenhão – após décadas de jejum – com um time comandado por Muricy Ramalho cujo destaque foi Conca e a seguir em 2012. É comum ataques hostis, a compra e a irresistível venda dos campeões a times mais capitalizados do exterior.

Um máquina não se constrói da noite para o dia. É curioso ver a roda do tempo seguindo na mesma direção dos anos 70. Quando Rivellino levou seu elástico, se despedindo do futebol brasileiro para ir ao Al Hilal da Arábia, quem poderia imaginar que Jorge Jesus e Neymar estariam lá em 2023, que o eixo geopolítico do futebol estaria se deslocando de forma brutal na direção do petróleo do Oriente Médio e o Fluminense estaria a dois passos do paraíso? Talvez o estrategista ocidental mais importante do século XX, Henry Kissinger, que posou ao lado de João Havelange e Rivellino.

Não esperem morrer para sonhar com as virgens, é hora de realizar o inédito.