Bradesco, Tamarine, Sonata e Nescafé: O Que Eles Tem em Comum?

Bradesco, Tamarine, Sonata e Nescafé.

Essas foram as quatro marcas que ofereceram o show de Roberto Carlos em Copacabana para todo o Brasil pela televisão. Creio que o que todos eles tem em comum é fundamentalmente o dinheiro. Quero dizer, muito dinheiro. Ou alguém duvida que os juros auais de 365% praticados pelo Bradesco não deixariam qualquer mendigo milionário ou analfabeto ricos? Foi assim com o Presidente da República que não resistiu a tentação e deixou o juros cair sobre as cabeças inadvertidas do trabalhador brasileiro.

Já a indústria automobilística também se compreende a capacidade de investimento em marketing televisivo. A escala de vendas cresceu muito  e a Autolatina teve um aliado forte na condução das políticas públicas pró-carros e modelo de transporte privilegiando a individualidade como símbolo de auto-afirmação da pobreza disfarçada de burguesia. Ou alguém duvida dos índices de esgoto a céu aberto do IBGE? Carros e motos, mesmo dentro de becos de favelas, são vistos como objetos que projetam o status de um garoto de 15 anos a um velhinho de 80. Os egos da miséria sobdesenvolvida agradecem.

A máquina de café apresentada, mais parecia um robozinho de design copiado do filme de Walt Disney, o Wall-E. Bonitinho mesmo, se destacou como uma propaganda futurista, de um produto que ninguém vai comprar para tomar café em casa. O brasileiro ainda compra café para usar coador de pano. É mais barato e tem o gostinho daquele que a vovó fazia. Mas a sofisticação do consumidor é a aposta da propaganda e do produto. A classe emergente tá comprando de tudo em lojas da linha branca. Oxalá isso ajude na Balança Comercial do país…

Agora, o que  me levou a escrever esse artigo foi um produto chamado “Tamarine”. Indicado para os chamados problemas de prisão de ventre, esse produto tem um apelo da coisa natural. Usa ameixa, fruta conhecida pelas propriedades laxativas e o tamarindo. Esse produto tem em comum com a indústria automobilística, do café e com o sistema financeiro? Ele está inserido numa das indústrias mais rentáveis do país. Não se trata de uma propaganda genérica de remédios de um laboratório. É apenas um produto e no entanto o seu faturamento ou expectativas de vendas tem capacidade financeira para patrocinar o show do Rei.

Fiquei a partir daí preocupado com duas coisas: o que vem entrando pela boca do brasileiro e o que sai pelo seu traseiro… Em outras palavras, a saúde do brasileiro está tão pior quanto melhor estiver a indústria farmacêutica, a proliferação de drogarias pelas esquinas de cada cidade do país. Se um produto dirigido a tratar apenas de um problema que considero administrável com alimentação saudável, como é o caso do laxante patrocinador, consegue faturamento desse porte, o que dizer do resto?

A população que não come ameixa, ou frutas em sua dieta, compra laxantes que serão encontrados nas farmácias a preços que considero abusivos. Nesse momento o valor de 34 REAIS por 150 gramas desse fitoterápico me leva a pensar que alternativas a população “enfezada” e pobre pode adotar. Há no mercado genéricos para essa categoria de produto? Há orientação para uso de alimentação menos intensiva de industrializados e farináceos para que a população não sofra tanto na hora de ir ao banheiro? Creio que não.

Me parece que a Saúde encontra-se diante de dilemas maiores do que as UPAS. Hora de rever nossos canais de comunicação e refletir sobre o que nos causa tanto “enfezamento” e qual o custo dele para o orçamento familiar. Estou até agora estarrecido com a constação do poder econômico de um simples remédio nas prateleiras e o valor de uma prisão de ventre. A Saúde virou uma espécie de “chave-de-cadeia”. É preciso decifrá-la para só então corrigir seus rumos…

Vladimir Cavalcante
New Executive Officer – AREEVOL

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