BRASILEIRO LIVRE PRA CRIAR

Contratado pela DC, com liberdade pra fazer o que quisesse, fez. E o resultado das suas 4 revistas vai se consolidando. A 1a já é a Revista em Quadrinhos mais vendida nos EUA de 2023. A 2a está esgotada, indo pra 2a edição. Assimilou a essência do personagem, bebeu na fonte.

O trabalho, ao qual tive acesso a uma pequena amostra, é pesado, tem cheiro de Gotham. Me lembrei de uma apresentação que fiz para o filho de um amigo, garoto que tomei a liberdade de chamar de “Morcego”, pela sua hiperatividade e olheiras constantes, recebia o selo do genial Jards Macalé, cantada pela turma do Boca Livre. Passava horas trabalhando o Storyboard, ouvindo aquela história, que já era o retrato da Cidade do Rio de Janeiro, como de resto das grandes metrópoles do mundo.
Gotham City e Batman estão entre nós e segundo o autor, nada tem de relação com as ações das milícias, por uma única razão: o Batman tem seu critério de justiça e quando olha para alguém prejudicado pela ação de malfeitores, leva a coisa pro lado pessoal, toma a dor pra si.

O Batman de Rafael Grampá é extremamente controlado pela indústria, que não o escolheu por acaso. Não pode ser jogado na lata do lixo, na vala comum da realidade que vemos nas páginas de jornais na internet, do Rio de Janeiro. Na terra onde Cheeseburguer se transforma em X-Tudo, e TV a Cabo vira Gatonet, com distribuição de petróleo na chupeta, sem pagamento de royalties, é muito mais provável que a marca do morcego justiceiro seja decomposta em qualquer outra coisa que mantenha o poder da mesma, desde que pagando pedágio.

O caso das réplicas mal acabadas, cópias mal feitas que circulam pelos quatro cantos não combina com o talento de um brasileiro bem nascido e educado como se vivesse num outro território socialmente menos tóxico. Fiquei imaginando como seria ultrapassar essa fronteira, fazendo o Batman pular essa cerca, aderir a filhadaputagem e se tornar um criminoso mais sanguinário que o Curinga, marcando date com a Arlequina.