O IMPECÁVEL MARÉ MANSA

A loja recebia o gênero feminino. A maré. É provável que também acompanhasse de bônus, o aroma da maresia. Tempos antigos, duplos sentidos, ambos ou nenhum. Se você perguntar a uma mulher qual o cheiro que ela tem, e ela responder que não sabe, ou teve covid e perdeu o olfato, ou possui por você uma indiferença num nível master, desses que beiram o desprezo.

Embora tenha dito várias vezes uma frase conclusiva, nunca havia escrito: “para mim, duas qualidades distintivas da identidade feminina são o aroma e o sabor”. Esse conjunto se soma a obra mais ampla, concordo, mas esses dois itens senão exclusivos delas, são da base que nos faz as reconhecer de longe e no escuro. É curioso assistir como nos distanciamos dessas constatações tão óbvias num passado não muito longínquo. Sem saudosismo, observo a sofisticação que o assunto tomou em nosso tempo, graças aos perfumes e fragrâncias de um lado, graças aos modos mais higiênicos de outro. A atmosfera tem mais frescor entre os mais bem tratados.

Já o urso beiçudo, não hiberna, é feroz e mata, podendo até comer carne humana. O universo desse mamífero paquidérmico se distingue da sua irmandade, que dorme por meses sem fazer xixi ou coco. Alguns mistérios metabólicos ainda não foram resolvidos pela ciência. Apesar de carnívoro, se eu fosse você, o alimentaria com mel, preparando para fazê-lo em grandes quantidades.

O urso preguiça não é bom nem mal, ele é.

Pode mesmo se transmutar-se num bicho preguiça, do qual cortaram as unhas, letais em um único golpe na jugular dos desavisados.

O animal é.

Já a Maré, acaba de chegar, trazendo a notícia de que o Impecável sou eu.