CHINELADA E PONTARIA: FÁBULAS DE UM QUASE CAMPEÃO

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Tenho boas lembranças do ataque chileno. Pequeninos e bons passadores de bola, sempre zelaram por um ritmo mais ágil no futebol, que combina com as estratégias de contra-ataque e tempo de posse de bola como vantagens indiscutíveis.
Mas há dois aspectos no time do Chile que os limita a projetos mais ambiciosos, desde muito tempo, se forem comparados aos times do primeiro escalão. O primeiro é mais evidente e vem sendo pouco aproveitado pelos adversários, a altura. Tenho repetido, quase até a exaustão, que num momento do futebol em que as jogadas ensaiadas de bola parada tem presença decisiva no resultado das partidas, altura e ensaio são fundamentais. E o time de Santiago não tem como ultrapassar esse teto.
O ensaio nas jogadas de falta ou escanteio, envolvem novas movimentações. É preciso estudar com detalhe a formação do time adversário, escolher os espaços da área mais vulneráveis e executar com precisão. É realmente mortal, como uma ponte-aérea no basquete, ou a cortada com finta do volei, enganando bloqueios em jogadas de dois tempos.
Pouco ou quase nada disso é treinado por times sem padrão de esquema ou de jogo. A necessidade de ter variações estudadas cuidadosamente, customizados para cada situação e adversário é um desafio para nosso futebol do improviso. O Dunga não tem repertório para tanto e o time brasileiro só tem tempo para cuidar do velho “feijão com arroz”. Continua sendo importante, mas não é tudo.
O outro limite do Chile, vem de longe. Sempre foram ruins de pontaria. Já eram “ameaçadores” da área brasileira, faz tempo. Mas assim como outros times que vi no passado, chegava a ficar despreocupado, pois dificulmente acertariam o gol, e se o fizessem, sem passar pelo goleiro. Fracos eram, fracos continuam sendo, nesse quesito, que é, simplesmente a essência do esporte. Como sempre dissemos, “Futebol é gol”.
Dá gosto de ver, por alguns minutos, a bola rolar de um lado a outro do campo, pelo time que classifico como do “quase”. Não apostaria minhas fichas nele, numa competição internacional de maior envergadura, pelas fragilidades aqui mencionadas e outras. Mas é bacana ver a evolução.
Creio que em mais algum tempo, começarão a investir nos finalizadores de alta performance. Talvez tenham que aprender a jogar futsal. Nossa safra mais recente de matadores com precisão cirúrgica tem essa passagem no currículo: Zico, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Neymar, para citar apenas alguns. Nosso futebol tem essa vantagem.
E se quisermos um extra-série diferenciado e baixinho, aí é Romário. Mas esse ampliou sua habilidade em outra praia (literalmente): a rede de futvolei. A variedade de “clínicas” a céu aberto que um jogador brasileiro tem acesso, “di grátis”, não justifica a quantidade de perebas em campo que somos obrigados a assistir, quase diariamente. Há uma razão muito específica para isso, mas fica para o próximo bate-encontro.
Entre Chineladas e pontarias em desacerto, a Argentina figura como o mais provável vencedor, diante de um “quase campeão”.

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