DEFESAS: FUNDAMENTO ESQUECIDO

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Os jogos Flamengo x Goiás e Vasco x Palmeiras acusam uma deficiência no fundamento defesa, esquecido que foi pelos responsáveis pelos treinamentos e preparação tática das duas equipes cariocas.
Lembro que era muito comum no período em que R10 passou pela Gávea, derrotas acontecerem por conta dessa mesma mazela. O ataque ia lá, metia dois, a defesa levava três. Os talentosos faziam três, a defesa levava quatro! Olhava para o semblante de Vágner Love e de Ronaldinho Gaúcho e dava para ler seus pensamentos. Mas como profissionais amigos e humanos, preservaram-se aplicando a valiosa máxima: o silêncio vale ouro.
Passaram-se já alguns anos, a ponto do maior craque dos últimos tempos que o Brasil já viu jogar, estar até vestindo a camisa tricolor. Mas a deficiência de fundamentos na defesa vem sendo perpetuada. Diferentemente de um time como o Corinthians, que pode até ser surpreendido por derrotas e alguns placares elásticos, mas que preserva um padrão de jogo condizente com as melhores práticas do futebol moderno.
Sabemos que o time que leva o primeiro gol, leva uma desvantagem enorme na construção de um resultado favorável. Essa dificuldade é ainda maior, quando o time em questão não dispões de uma superioridade técnica e tática sobre seu adversário.
Então, covenhamos, o que faz um time como o do Vasco, aos três minutos de jogo, levar o gol que levou, com quase toda a esquadra bem adiantada em relação a linha da bola? Só mesmo a ansiedade, a falta de cuidado, o despreparo em si, imbuído de uma falsa avaliação sobre sua própria realidade. A zaga vascaína é fraca. E o Palmeiras veio certinho, consciente de suas vantagens, jogando as fichas em cima das bolas altas, por onde falhas inaceitáveis ocorreram. Foi triste assistir uma defesa que até se portou bem por um período durante o campeonato carioca, destrambelhar para esse padrão, como se deu naquele fatídico jogo de “trocação” em Nova Friburgo. Mas nesse caso, as falhas individuais deixaram marcas muito expostas. Presa fácil, pela ingenuidade de mostrar serviço, diante de um time que se planejou para figurar entre os candidatos a título, como escrevi aqui, mesmo ao perder para o Goiás.
Falando em Goiás, ficou claro também, lá no cerrado, que o Flamengo não dispõe de recursos defensivos para encarar um time capaz de aproveitar a desorganização desse setor.
Ainda que corrigidos os problemas de cobertura pelas laterais (não é apenas uma questão relacionada aos jogadores da posição mas ao esquema tático utilizado, que os fragiliza desnecessariamente), com um Márcio Araújo indispensável desde os tempos de Leo Moura, cobrindo a parte do tapete que falta para um Pará não virar vítima.
Quando um goleiro ainda em processo de estabilização emocional se torna nome do primeiro tempo, é mal sinal. A saída de bola dos jogadores de trás é uma tragédia, uma vergonha para quem viu lançamentos primorosos como os de um Aldair, só para ficar num exemplo. O luxo e requinte que dava certeza de uma fluência quase verbal aos narradores de uma partida, como nosso Marcelo Barros, foram interrompidos para dar lugar as cacofonias, aos quase xingamentos e perda de estribeiras do mais paciente observador de uma tribuna de imprensa. Chega a ser desrespeitoso.
Já no segundo tempo, com o placar até lhe favorecendo por uma bola de vantagem, de um Cirino desencantando, (sem que isso me dê nenhuma garantia de que fará parte do que chamei de “linha de quatro” no jogo da Argentina contra o Paraguai, na Copa América), ficou nítido a limitação do time goiano e a debilidade rubro-negra, sem saber literalmente o que fazer diante do desconforto da posse de bola na defesa. Outra vergonha.
Em que pese o placar, a vitória, que estará na história, é hora de refletir sobre padrões de jogo. O acúmulo de jogadores atrás da linha da bola, não é garantia de defesa consistente, assim como assistir passivamente um adversário intenso, partir com seu exército se recompondo para defender ou atacar em segundos, como fez o Palmeiras hoje. Não está no G4 por acaso.

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