RUSSIA READY 2018

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O nome dele é Miron Goihman, e fizemos a Copa de 2014 juntos, num clima de amizade entre povos, com jornalistas de todo o mundo, talvez um pouco mais apaixonados por futebol, por encontrar um jogador da Copa de 1970 para entrevistar e coisas do tipo que só quem é boleiro entenderá. Com dois amigos mais próximos desse grupo seleto de integrantes da imprensa internacional, pude escrever meu nome na história do futebol dessa década, sem muito orgulho do que vi por aqui, depois que o Fenômeno pendurou suas chuteiras. Devo essa a Bento Ribeiro.
O maior exemplo de garoto-propaganda da NIKE no futebol saiu daqui do nosso lado e deu seu recado, lembrando até Pelé, pela sua simplicidade de objetivos, ao falar de seus sonhos no momento em que abriu o sorteio dos confrontos na cidade mais culta da Rússia, São Petersburgo (Leningrado de 1924 a 1991). Falou sobre o fim da violência.
A Copa da Rússia encontrou uma atmosfera forçada pelos americanos em torno de uma ação geopolítica. Não comoveu a opinião pública mas arranhou o brilho da festa. Não chegou a ser uma água no choppe. Os organizadores por sua vez não produziram para esse momento de perplexidades um evento de alto nível, fizeram um feijão com arroz. Afinal, era só um sorteio de eliminatórias. A entrada, por assim dizer. O prato principal, só depois do funil. Aí sim, queridos, pode deixar que encaminharei solicitações para indicação de nomes mais interessantes na posição da apresentadora, como frisou o amigo Marcelo Barros e um grupo de alinhados que apreciam frutas do sabor das melhores safras russas. Tenho alguns palpites e nomes, não necessariamente saídos das páginas esportivas para figurar nessa posição, até 2018.
Do ponto de vista do que nos interessa, o Brasil saiu perdendo logo de início. Ao pegar o Chile em Santiago, recém-campeão em casa, com uma torcida ávida por um êxito contra o time do Brasil (todos os mid-range teams desejam isso na América) e com um técnico completamente obcecado por esse alvo, só poderia ser pior sem o Neymar. E foi assim que aconteceu. Mas, sendo uma competição de pontos corridos, dá até para imaginar que o Brasil pode ganhar o bônus de resultados ruins no início, com a queda de Dunga e finalmente conseguirmos um técnico com alguma senioridade para oxigenar as veias de um time que não pode mais conviver com o arcaísmo medieval do controle policialesco de jogadores e um regime de força para que se jogue bola. É pouco. Se funcionasse, os maiores campeões da história seriam oriundos das piores ditaduras do planeta.
Ainda seríamos beneficiados por uma melhor apresentação de jogadores para os jogos Olímpicos, num efeito cascata que funcionasse como contraponto ao desfecho terrível de nossa participação em Londres com as lambanças de Mano, retirando heróis e elevando a idade de seus comandados para apenas voltar mais cedo para casa. Futebol é coisa para quem tem fome de bola e sabe jogar.
Ainda nessa praia, tive uma discussão interessante sobre que formato o Brasil deveria ter para seu futuro próximo. Falou-se muito no “admirável futebol do sul do país”. Sem desmerecer os times que o representam pela evidente superioridade organizacional e nível cultural das duas forças gaúchas, Internacional e Grêmio não podem representar com o tal “futebol força”, nossa identidade campeã. Sem estrelas de protagonismo, no máximo uma boa composição de elenco. Um jogador como Dunga (por favor não confunda com o técnico, que para mim nunca foi) tem seu lugar e vai até levantar a taça, pois que capitão. Mas daí a condição de estrela de primeira grandeza que leva uma equipe as reais possibilidades de campeã, vai uma distância grande. Quem carrega essa missão são os donos de talento, do futebol-arte, de uma escola que o mundo se encantou de ver, e que me levou a comprovar, quando atendia ao pedido de jornalistas estrangeiros para acesso a ex-jogadores de nossa linhagem de craques. Esses amigos não querem entrevistar os medianos, nem os cabeça de bragres, que por acidente se arvoram por aí de se apresentar como reis da cocada preta, quando são apenas herdeiros de conquistas alheias, feitas por gênios improváveis.
Que venham os jogos das eliminatórias para a Copa da Rússsia!

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