Enxergai o Povo!

(Sobre a cegueira dos governantes, que não habitam os lares dos humildes e nem lançam seu olhar à direção dos acontecimentos.)

A AREEVOL é uma empresa que lida com o olhar. Esse atributo tão especial dos seres vivos, tem muitas possibilidades de uso. Uma delas é a política em seu aspecto menos relacionada a cultura do poder pelo poder. Uma política da sensibilidade do olhar, objeto de uma ciência política e de um arranjo social mais exigente.

A arrumação das pessoas num espaço social como uma cidade exige faz tempo um novo modo de olhar as cidades e os que habitam este lugar chave na vida dos habitantes desse planeta que caminha para a marca de 8 bilhões de pessoas dentro de si. Uma espaçonave meio superpovoada de gente, é verdade. Mas antes disso, muito mal cuidada.

O olhar deve fazer  parte da agenda política? Certamente que sim. As decisões podem ser tomadas com base nele? Inclusive, porém não apenas. Olhar com a pele, tocando nas coisas para além do que a televisão e os jornais mostram. A fotografia acima por exemplo, um recorte da realidade na Mangueira aparenta inclusive uma beleza que na prática não tem. Passear pelas ruas desse lugar pode ser vital para entender como a degradação pode estar sendo naturalizada.

Para a maioria dos políticos profisisonais do estado do Rio de Janeiro, este tipo de realidade existe para ser “administrado”, no sentido fatalista de que as coisas são essas aí mesmo e pouco ou nada pode ser feito. Lembro-me que uma vez disseram-me que para que Londres e Paris existissem, com toda sua capacidade industrial, sem pleno emprego mas com salário desemprego capaz de estabelecer cidadãos onde não há pleno emprego, era necessário exportar o exército de reserva e a miséria.

Onde ela veio parar? Na periferia do mundo. A perifieria está neste momento migrando para dentro das fronteiras inexpugnáveis dos castelos de estabilidade e bem-estar dos países desenvolvidos. Fala-se de uma cisão americana em três pedaços: um mexicano, um europeu e outro chinês.

Zonas de inlfuência geopolítica das esferas de dominação que invadiram o sangue que circula nas veias da nação mais poderosa do mundo. Acho exagero. Acho parte de um discurso alarmista dos que insistem em polarizar ao invés de pensar um mundo melhor e de respeito ao conjunto de seres vivos. Preferem raciocinar a luz apenas de sustentar privilégios para um grupo, desde que pertençam a esse grupo evidentemente.

Acabamos de sair de uma eleição munícipo-planetária, e me perdoem o neologismo. É porque a crise de moralidade e absurdos nos levou de um boquete na mesa oval, a um genocídio para despejar armamentos e manter economias bélicas girando, até a indicação de um negro para presidência dos EUA.

É claro que isso refletiu nos lugarejos, no caso os municípios com eleições no Brasil. Fenômenos como a substituição das listras horizontais utilizadas como vestimenta pelos irmãos metralhas da política estabelecida deram lugar a muitas listras verticais das zebrinhas que apareceram nas prefeituras. Muitos advogarão a idéia de que isso foi o pior que poderia acontecer. Na lógica dos conservadores, o resultado previsível é sempre melhor que a surpresa.

Nenhum desses raciocínios me fascinam. Prefiro insistir que a fórmula mais eficaz para o enfrentamento dos assuntos que giram faz décadas sem solução, passa por um ato de olhar, com sensibilidade os arredores de nossas ações executivas. Os políticos estão distantes disso faz tempo. A sociedade sabe disso e já não espera por eles, o que em si é muito mais inteligente. A democracia direta vem tomando vulto a cada dia.

Mas para aqueles que quiserem experimentar um novo modo de governar, uma dica simples: enxergai o povo! Quem sabe alguns absurdos simples e fáceis de resolver não registrem seus nomes na história?

Vladimir Cavalcante – New Executive Officer – AREEVOL

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