MADUREIRA EM DIA DE TRIPLE-X

Eram tempos de DVD e Blockbuster. O Netflix só comia pelas beiradas o mercado americano. Em 2002 o ator Vin Diesel atuou no inesquecível filme Triple-X. Nessa madrugada de sábado dia 13 de janeiro, foi a vez de vivenciar uma experiência extrema, em ritmo alucinante.
O dia começou com uma maravilhosa pedalada de esquenta, rumo a Vila Militar, seguida do treino em andamento para mergulho com amigos pra caçar uns peixinhos em apneia e com arpão em alto mar, com volta no torque do pedal e aquele trânsito da Av. Brasil repleta de carros.
Falo com o Planeta Byluca, que terá sua 4a aparição no Casino Bangu, no Baile do Havaí, pré-carnaval. A direção era o Mercadão de Madureira, decoração definida em torno do amor. A compra de panos, aviamentos já faziam sentir o cheiro da festa em fevereiro.

Não foi nas escadarias da Penha, mas na escada rolante do Mercadão, que encontrei o genial Paulo Varela, fotógrafo dos acontecimentos madureirenses e fã de arte e cultura, que me passou rapidamente atualizações sobre novidades do território e garantiu a troca dos contatos perdidos. Sorriso de criança dando a certeza que a idade passa mas a jovialidade é espírita e algumas histórias impublicáveis, por absoluta falta de tempo. Quem muito vive, pouco conta.

Concluída a 1a Missão em Madureira, ligação pro Ratinho, Leozinho e Marcão. Só consigo falar com o 1o, com quem decido ir a quadra da Portela pro ensaio que normalmente frequentava nas quartas. A partir de meia-noite, me dando a chance de umas 4 horas na atmosfera do bairro. Vi liquidificadores em liquidação, o desaparecimento de purificadores de água gelada, e decidi estrear a ida ao cinema esse ano, mas não sem antes localizar o irmãozinho Leo no Shopping. Não foi difícil, lá estava ele, loja do Flamengo. Fizemos uma foto histórica, pra relembrar dos bons tempos em que íamos ao Maraca juntos. Combinamos o encontro na quadra, lá fui pro cinema, no encaixe.

Já no cinema, a opção por Aquaman 2 não poderia ter sido melhor. Um filmaço, cômico pra ficar leve, mas profundo nos temas, sobre os quais escreverei relativo a família e a civilização das águas. O cinema me proporcionou o 2o X nas 2 horas que foram pra mim quase o pré-desfile da Portela, pela carga de azul e branco na tela. As temáticas envolvendo aquecimento global e os dramas de Shakespeare, disfarçados pelas palhaçadas.

Já saí da sala de exibição vendo tudo azul e branco, inevitável lembrar do Mestre Bombeiro, da sua Tabajara do Samba, e da necessidade urgente de fazer seu documentário, a partir das vozes de sua dinastia na escola, mergulhando de forma mais direta na questão dos fundamentos e regências ancestrais dos terreiros. Os dois documentários que fiz – vinte anos atrás – foram insuficientes para dar conta do tamanho da figura desse que já disse e afirmo, deve ser lembrado como nosso Ludwig Beethoven.

Chego a entrada da Portela, já estou sendo aguardado pelo anfitrião. Ratinho é um dos jovens mais preparados que conheci, e amadureceu preservando a cordialidade, uma marca registrada. Não por acaso, quando concebi o projeto da “bike azul e branco da Portela”, foi a 1a pessoa a saber, resultado de tudo que fizemos em colaboração pela Escola. É que educadores gostam de aprendizado e ensinamentos. Trocas humanas insubstituíveis.

Como em qualquer história de sucesso, a franquia é uma questão óbvia, os episódios e os personagens reais dessa série, não roteirizáveis, seguirão seu caminho natural. Vai chegando a hora de algum deles, desbancar Vin Diesel e assinar seu contrato com Hollywood. Tem aí algum candidato de Madureira na manga?