O FINO DA BOSSA E A INSUFICIÊNCIA

 belgicabrasil
É semana santa, tempo de ressurreição. Vou apelar para a memória afetiva dos mais velhos, que viram os meias jogar. Em que sejam feitas as honras aos teóricos da ocupação de espaços, vou me ater a um jogador que vi desde os primeiros passos como profissional no Maracanã. Trata-se de um meia-volante de alta potência no ataque, esse tal de Renato Augusto.
Sua passagem para o futebol europeu, via Bayer Leverkusen era para ter deixado a torcida rubro-negra de luto. Renato era para mim a maior esperança de craque feito em casa que o time carioca tanto precisava. Um jogador altamente técnico e que acompanho, inclusive os momentos difíceis da carreira com os acidentes que adiaram o destaque de seu futebol jogado discretamente mas com uma eficiência difícil de encontrar em todas as partes do campo.
Olhando para a situação da partida contra o Uruguai, creio que demos muita sorte. Pegamos uma seleção em casa, onde o aspecto defensivo é de extrema importância, e o adversário sem sua boa zaga titular em campo. O resultado é que o nosso ataque passou a falsa sensação de que estamos excepcionalmente bem. Estivemos suficientemente bem. Fizemos gols.
Uma celeste que ganhou dois ótimos no ataque que estavam afastados, e perdeu dois zagueiros. Somando e subtraindo, saiu ganhando assim? Para jogar fora de casa, acredito que não. E olhando para a situação do Brasil, reforço minha preferência: defense first.
O caso da defesa brasileira, principalmente depois do primeiro gol, torna muito evidente o problema de se jogar com um ataque eficiente com uma defesa vazada. Não chegaremos muito longe com esse desequilíbrio crônico. Dois matadores em campo, sabem fazer gols, e uma defesa que parecia mesmo a defesa reserva do time azul levou a melhor por mero acaso. Não me convence.
O time brasileiro poderia com um pouquinho mais de esperteza, cozinhar o galo após o segundo gol. Nas condições de competitividade atuais, os pontos valem mais do que o espetáculo. Já com vantagem, qualquer time bem treinado atualmente, sabendo do poder do oponente, só vai na boa. Levamos o primeiro gol como se estivessemos desesperados se lançando ao ataque e deixando a defesa um contra um.
Um erro de leitura de jogo e falta de orientação por parte de um técnico que continua sendo o mesmo e fraco Dunga. O desejo da goleada deixa para quando pegar uma seleção sem maiores ambições. Não é o caso de um time experiente, catimbeiro e muito longe de ser um daqueles piores que vimos nos últimos anos.
Neymar, infelizmente continua sem a necessária inteligência emocional para lidar com a adversidade. Levamos pancada depois de fazer dois gols? Sim. O juiz foi leniente? Sim, optou por deixar rolar mais duro. Levamos dois gols? Sim. Ficamos parecidos com o Brasil contra a Holanda daquele Dunga? Igualzinho. Mudam os personagens, mas o script da dinâmica, o mesmo.
Aproveito para deixar minha mensagem de amor ao povo belga, que passou pelo Rio de Janeiro na monótona partida Bélgica x Rússia. Um belo casal, celebração a vida, no lugar da nefasta conspiração para incitar a força, o péssimo nível de convivência entre povos, resultado de uma espécie de indiferença dos que já tem suas mazelas resolvidas e o fanatismo teleguiado.

 

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