O NOVO NOME DA PERFEIÇÃO: REN QIANG

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Semana passada fui avisado por amigos do campo da física de altas partículas sobre os avanços que nos farão ouvir mais o Universo no lugar de olhar com poderosas lentes telescópicas. Ontem senti falta de aparelhos de alta sensibilidade para captação do áudio relativo a um salto perfeito. Antecedido por um silêncio do público educado, que torce antes e se emociona depois, o som dos saltos desse fenômeno olímpico precisa de uma gravação especial, objeto de estudo.
Um talento talhado para a perfeição, e pude distinguir claramente o som que torna impossível obter a mesma sensação pela TV. Ainda não foram capazes de gerar uma captação de áudio com o grau de fidedignidade que permita a comentaristas predominantemente visuais a descrever esse resultado talvez intuitivo demais.
Ninguém me contou. Também não vi na TV. Nem era caso de ver para crer. REN QIANG, foi para a final e no último dos cinco saltos esculachou geral, saindo ovacionada. Levou SETE NOTAS DEZ – tendo que jogar fora QUATRO. Einstein chamaria isso de “extra-mundo”, sei lá – preciso de um neologismo melhor para a chinesa, por favor.
As ondas gravitacionais de que fala a Teoria da Relatividade existem como uma música, a ser compreendida pelo intelecto humano. Tive a oportunidade de desfrutar desse prazer, como se estivesse numa Ópera, ouvindo Villa Lobos, pois quando aconteciam aqueles momentos de rara perfeição, a platéia de atletas e seus ouvidos afinadíssimos aplaudiam em uníssono.
Com algumas promessas, quando decepcionados deixavam seus lamentos, aquela frustração de quem torce para que o nível seja elevado cada vez mais, são de uma mesma tribo, como acontece com os surfistas. Há bastidores, há competitividade, mas um desejo de avanço e aquela coisa gostosa que é assistir um diamante numa competição, acaba acima de tudo. Coisa dos deuses.
É por isso que considero importantíssimo a participação dos amigos e da população do Rio de Janeiro em especial. No futebol, por exemplo, já tivemos a oportunidade de viver esse privilégio com a safra de craques que frequentavam o nosso Maracanã, levando multidões para ver um Pelé, um Garrincha, um Zico, um Romário em busca de um tal milésimo gol…
Ondas vem, ondas vão. Chamados e popularidade, ficaram para os Rolling Stones no Estádio e sua legião de seguidores.
Foi assim que essa chinesa passeou no Parque Aquático Maria Lenke. Não teve raio, trovão, sol ou chuva, vento capaz de modificar sua performance.
A China domina a cena dos Saltos Olímpicos. Lugar onde nós não existimos. Temos que reunir muitos atributos num só grupo de competência. Há um lado todo voltado a uma estética, arte, como a ginástica de solo e artística. Não por acaso o treinamento em terra, com equipamentos que dão essa qualidade aos atletas. Há a água, elemento natural do esporte e há a altura, com quedas que outrora exigiam e ainda exigem coragem. Nem sempre a aterrisagem é confortável.
Um escorregão e alguém pode se machucar. E isso, pode acontecer.

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