O GRAVE ERRO DA CAMISA 10

O erro não foi tirar a camisa 10 de um ídolo da torcida. O grave erro, só feito possível pelas mãos de idiotas, foi ter dado a camisa 10 para alguém sem qualquer perfil para tê-la.
Logo após essa decisão, anunciei o equívoco, considerando um conjunto de fatores. O Flamengo gozou de três lideranças técnicas dentro de campo, ao longo de todo seu ciclo vencedor. Começou com Diego Ribas, que amargou cheirinho e quase, mas segurou a onda até a chegada de uma tropa mais pesada, a qual foram agregados Filipe Luis e Diego Alves.
Essa trinca experimentada do circuito europeu comandava tática e emocionamente o time do Flamengo dentro de campo, a ponto de me fazer imaginar ao aposentar os três, criar uma junta técnica para tornar o time economicamente invencível na América, campeão hegemônico local e dessa forma candidato a mais títulos mundiais, estabilizando uma história de altos e baixos, com saudosistas pedindo a volta do recordista Jorge Jesus.
Criar uma condição de independência vitoriosa, nos moldes de um Manchester City ou mais recentemente Bayern Leverkusen seria uma meta alcançável.
Entregar a camisa 10, do Zico demonstrou o grau de desconhecimento do valor de uma mística tantas vezes narrada como “dez é a camisa dele, indivíduo competente”, na voz indefectível daqueles que já não habitam nossas casas. Essa semana foram Apolinho, Luiz Mendes e Greco, o que me obriga a assistir partidas de futebol ouvindo música clássica, sem a contaminação dos medíocres atualmente ocupando a posição de destaque em audiência, meros gerentes das prateleiras de torcidas e boleiros, tão mal preparados quanto as celebridades de ocasião dos 24 anos de BBB.
A nova geração vai se entupir de estrume, dos que não tem mais acesso aos gramados, comentam e narram futebol de baias chamadas de estúdio, onde quem dirige o olhar são as câmeras. Adeus ao narrador que cheira sangue e gás lacrimogênio, ficando na jaula dos projacs enquanto o couro tá comendo nos estádios.
No máximo, a diretoria financeira autoriza enviar um repórter de campo, mesmo com toda a dinheirama que rola, um pelotão de árbitros em campo e de vídeo, e o caralho de asas.
Não vejo futuro pra um jornalismo esportivo onde o assunto Gabigol recebe mais audiência no Instagram do Hugo Gloss, com seus 35 milhões de seguidores, que sequer sabem o que é impedimento ou tiro de meta, no máximo gritam gol.
Nesse cenário, vou montar um exército de Bots, com várias vozes e multiplicar por 100 minha Central de Jornalismo, porque esse que está aí, condena o futebol brasileiro a morte entre amigos.