O MÁRIO É UM PAI

Volto ao Maracanã em um Dia dos Pais. Há muitos filhos ausentes nele. Nunca foi fácil. Em casa ou como visitante, o Flamengo sempre jogou clássicos fantásticos, antológicos, contra o aguerrido Atlético MG. Uma tarde agradável nunca é apenas isso. A luz perfeita das 16 horas de uma tarde invernal poderia ser muito bem a anunciação de um declive. Até surgiu um VAR, em vão. Uma gata se vai. Moicanas viram Inannas, a deusa mística dos Céus entre os sumérios.

Gosto de lápis e papel cremoso e de boa textura, que decidi usar para fazer esse rascunho, numa espécie de caderninho adaptado. Já o Flamengo, optou por esnobar superioridade. Os gols perdidos – quando escrevi – farão falta e o tempo não para, e nos 8 minutos passados, parecem os de um jogo de apenas 2. É que o 1o tempo não costuma ser repetido no 2o, e enquanto escrevo isso, Diego salva-BIS entra em ação.

O nivelamento esperado, sem torcida, será uma tendência para o sofrimento dos times de grandes torcidas e grifes. Com uma sonoplastia muito mal feita, bem pior do que a realizada no Fla x Flu – que esteve longe da perfeição mas teve maior eficácia. Chegamos aos 23 minutos sem nada a acrescentar, a não ser a três substituições do time mineiro, naquele momento bem melhor, explorando a soberba de figuras soberbas em campo, que vieram para um exibicionismo narcísico, como foi o caso de Gérson, que precisa ser urgentemente orientado quanto a desnecessária mania de proteger a bola para levar alguma falta, ou provar que ninguém lhe roubará a peleja. Essa atitude é de uma improdutividade que só um papo com Zico pra resolver. A continuar assim, é banco na certa.

Soberba, sebo e cera não ganham jogo quando você está perdendo e não chuta a gol. Me refiro a chutar pra dentro dele, no lugar de isolar para constar na estatística que interessa a vendas. Mais um chute por parte do Galo, percebam, “o relógio para”. É que Rafinha, o líder, vem perdendo a linha dentro de campo e mostrando menos futebol, ao perder seu tempo envolvendo-se em ti-ti-ti. Interessava muito a Sampaoli esse tipo de arenga, colaborando para alcançar três pontinhos fora de casa.

Pedro, sem a velô necessária, não toca na bola bem enfiada, que cai nas mãos do goleiro Rafael. O cruel Maracanã, muito bem vestido pela versão de manto sagrado fantasma, vai assistindo o técnico espanhol estrear com derrota, justo ele, que não conheceu o fosso.

Aos 37 minutos, já não era mais hora de mostrar a que veio. Desta feita, o duelo dos técnicos foi vencido pelo argentino. Diante de um time que não deu um chute a gol no 2o tempo, não haveria outro resultado provável, quando terminei de escrever, antes do fim do jogo, na folha de papel presenteada ao parceiro-testemunha Marcelo Barros.

Dessa vez, a colônia ganhou da matriz.