O SONHO OLÍMPICO SUSPENSO PELA TRAGÉDIA NATURAL NO SUL DO BRASIL

Em 2023 fiz uma entrevista com um praticante de kitesurf em Araruama. Estava testando a ciclovia de 14km beirando as margens daquela água e de seu sal. Na conversa, o assunto sobre os pré-requisitos ao esporte surgiu. Foi definitivo ao dizer que não há esporte sem a natureza. Surfista precisa de onda, mas também precisa de água limpa, adequada a saúde na atividade.
O que estamos assistindo é a destruição do meio-ambiente onde os esportes em pouco tempo já não serão praticados, tal os níveis de destruição.
No Sul do país, atingiu o futebol de nível e padrões FIFA, afinal os dois times estão na prateleira da 1a divisão. Antes da Copa do Mundo de 2014, o Rio Grande do Sul foi o único estado a contar com investimentos na realização de estádios no “Padrão FIFA”. Naquela ocasião já sabíamos sobre a elevação dos níveis da água dos oceanos, a uma taxa calculável e de todas as consequências para as populações de regiões litorâneas. As recomendações para que as obras de construção civil seguissem precavidamente métodos de urbanismo atualizados foi feita por desenhas de arquitetos e urbanistas internacionais.
No maior evento sobre negócios de futebol, as melhores práticas eram disseminadas, por exemplo, o compromisso com causas sociais por times localizados em Manchester e a noção de que o dinheiro gasto nos estádios deveriam ser feitos incluindo suas multifuncionalidades, para outras necessidades, não apenas de entretenimento, mas de educação e de emergências como as que vivemos em Teresópolis em 2011, onde o “Pedrão “, ginásio da cidade, exerceu importante papel em toda operação logística no momento de pico.
Nada desses ensinamentos foram aplicados, e por essa razão estamos assistindo, dez anos depois da Copa, os estádios de Grêmio e Internacional alagados, em lugar de servirem a população como lugar de acolhimento. As planilhas financeiras, a corrupção na construção e a cegueira estratégica dos larápios da ocasião somam pontos nessa verdadeira falta de preparo de nossa realidade reativa frente a problemas antigos, que continuam se arrastando ano após ano, sem uma mudança radical de posicionamento.
É graças a ausência de combate a promissora da MÁFIA DA TRAGÉDIA, operando livremente no país, que permaneceremos fazendo dessa destruição o equivalente ao que em outros países são as guerras. O Brasil não precisa de terroristas, já temos a comprovação da responsabilidade de nossa classe política pela inépcia, satisfeita com a ideia de endividar os estados da federação e alimentar os setores que lucram com a desgraça alheia.
Essa canalhice tem um custo social bárbaro, insuportável, é preciso enfrentar isso. Não basta que apareçam cartolas competentes de clubes privatizados decidindo sobre o que fazer, usando planilhas de lucratividade que provam por A + B que não sairá um centavo dos cofres públicos. É mentira, a planilha financeira não utiliza os parâmetros que a contemporaneidade exige, são fabricadas por idiotas da miopia financista, que nada sabem de custos para a sociedade. Alguns de nossos atletas, candidatos as vagas olímpicas, ligados emocionalmente ao Sul do país decidiram não tentar as vagas no pré-olímpico e ajudar as vítimas.