Os Hadróns o HEPGRID e o LONAGRID

Esse ano de 2011, Dr. Santoro pretende propor o que seria o projeto da sua vida: a realização de um acelerador de partículas em plena selva amazônica, colocando o Brasil no centro do mundo da física quântica. Quem, a não ser esse gênio brasileiro de ambição desmedida poderia propor algo tão ousado, num país onde se discute energia do milênio passado como a solução de soberania? Esse físico quântico é de fato um cidadão “arretado”. Esperamos poder contribuir para a divulgação de suas ideias, que não são poucas. Tem uma outra, de 2007 logo abaixo…

Lá em Genebra se devendará o místério do Universo. Em Bangu e vários bairros do RJ, centros culturais comunitários desenvolverão projetos de produção de conteúdo culturais. Ver texto integral do também revolucionário projeto do LONAGRID, com o vídeo do professor Santoro e matéria do Globo News.

Revolucionar a mentalidade científica e buscar o bem comum em cada projeto científico inclui apontar para cultura. Santoro é um lider nisso. Abaixo o projeto esboçado em 2005 para axecução após obsolescência dos computadores em uso no HEPGRID.

Resumo das Ações Discutidas sobre o Projeto Digital Divide
Esboço 001 de 28/01/2005.

“Daí-me um ponto de apoio que levanto o mundo”
Arquimedes

Coordenação Geral: Professor Alberto Santoro
Produção Executiva: Vladimir Cavalcante

1 – Mapa Mundial da Exclusão Digital

Situação atual: Já foi realizado um esforço significativo de mapeamento das topologias e taxas de penetração de recursos de informática e comunicação em todos os continentes. Este trabalho está consolidado na forma de um site e alguns relatórios internacionais, entre eles o “Network for High Energy and Nuclear Physics” de fevereiro de 2004. O site tem sua estrutura de navegabilidade baseada em mapas que são geográficos e em alguns casos incorporam a plotagem das arquiteturas e topologias de rede dos respectivas nações.

Ações Necessárias:

Realizar um breve levantamento do índice de completude por região. Por exemplo América Latina 20% de informações; América do Norte 90% e assim sucessivamente.
Baseado nesta informação definir o escopo para a nova versão do site. Conforme conversas preliminares, seria desejável: aprimorar e dar mais homogeneidade as formas gráficas dos mapas. Foi sugerido a utilização de formatos vetoriais que permitissem a ampliação para melhor legibilidade dos mapas, legendas e informações neles contidas. O uso de formatos como Flash ou mesmo PNG se adequam perfeitamente a este objetivo. O único impeditivo ao processo é que a maioria dos mapas, normalmente disponibilizados em formato JPEG ou GIF, deveriam ser redesenhados por um artista gráfico. Tivemos uma experiência muito bem sucedida com mapas de cobertura de telefonia celular realizados com esta abordagem.
Outro fator crítico a elevação da qualidade do produto final desta atividade é a garantia de continuidade na publicação automatizada das informações. Neste caso a infra-estrutura da plataforma tecnológica adotada é fundamental ao sucesso, pois seguindo o exemplo do projeto ALICE apresentado no CHEPS 95 o ambiente “Worldwide Collaborative” permite a distribuição nos processos de alimentação de conteúdo e através desta descentralização pode ser obtido com maior facilidade e investimentos de menor monta a qualidade da informação.
Para que seja iniciada esta etapa de atividades serão necessárias a seleção de um profissional com aptidões compatíveis com a visão de projeto acima mencionada e de dedicação em regime full time. Fica a sugestão de que até meados de fevereiro possamos submeter 3 a 5 nomes a este processo de seleção. Subsequentemente, elaborar em 15 dias um projeto a ser submetido a agências de fomento, FAPERJ, FINEP, etc. Uma vez viabilizado os recursos elaborar um cronograma de atividades compatíveis com o volume inicial de recursos, adotando uma estratégia de desenvolvimento modular, onde na medida em que mais recursos sejam captados possamos incorporar os módulos de maior custo financeiro.
A produção do documento/relatório sobre Exclusão Digital, na visão do professor Santoro deve seguir um modelo onde a partir da prospecção sobre o estado de exclusão digital das redes acadêmicas e as disparidades de condições para o desenvolvimento da ciência e da técnica, seja possível avançar no detalhamento dos mais diversos segmentos sociais. Ou seja tendo os backbones “de ponta” como início do fio da meada dentro de uma ampliação da disponibilidade de recursos e aumento da comunidade colaborativa em escala mundial, seria construída uma verdadeira GRID ao longo do tempo até 2010. Dado seu caráter estratégico e de estado da arte da ciência, a qualidade final deste relatório poderia ser de grande utilidade para nortear políticas de inclusão digital em todo mundo, em especial para governos de países sem recursos para o desenvolvimento institucional mais facilitado em países ricos. A ONU e a Information Society também se beneficiarão deste debate e conteúdo sem fronteiras, liderado por físicos de todo o mundo.
É desejável que na reunião regional, aqui no Rio de Janeiro, entre a realizada em Genebra em 2003 e a prevista para Tunísia seja produzido um esboço regional desta iniciativa com maior grau de capilaridade para o caso Brasil e América do Sul. Esta iniciativa vai depender da agilidade de captação e desenvolvimento obtida na fase inicial do projeto.
Existem vários outros sub-produtos desta iniciativa que serão objeto das atualizações deste documento ao longo de 2005.

2 – Infraestrutura GRID em Telecentros Culturais

O projeto HEPGRID que distribui o processamento da massa de dados do super-acelerador de partículas do CERN para que a comunidade científica da física do planeta possa participar e colaborar conta com participação do Brasil. A infraestrutura que dá suporte a esta iniciativa é composta de um binômio, internet de altíssima velocidade e computadores com processamento paralelo. A UERJ tem no grupo do Professor Santoro o primeiro nó desta iniciativa no Brasil, que inaugurou no dia 22 de dezembro a conexão de um cluster de computadores a uma velocidade de 1 gigabite por segundo, via internet, com equipamentos de países como EUA, CHINA, RUSSIA. Logo no início de 2005 a UNESP também fará parte desta iniciativa a qual o Professor Santoro sugere em seu projeto que seja acompanhada por nós em todos os estados do país, onde aja competência em centros de pesquisa de física. A iniciativa é digna de menção e tem tudo para dar certo, bastando para isto que as autoridades públicas no nível federal e estadual façam sua parte. Mas o que há de inovador no projeto capitaneado por Santoro no Brasil, não é o seu lado mais óbvio e dirigido para as questões circunscritas a Física. Na visão do pesquisador brasileiro mais citado no exterior, trata-se de aproveitar esta oportunidade, onde a utilização de equipamentos de uso comum em paralelo ( PC’s conectados em rede do tipo Pentium IV com discos rígidos de 40 gigabytes e 1 gigabyte de memória RAM) sejam ao final de 3 anos dirigidos a um projeto de inclusão digital para a sociedade.

E qual seria a configuração deste projeto? Certamente que não é suficiente apenas doar as máquinas. Sabe-se que esta fórmula não tem funcionado bem por onde é aplicada, sejam livros, alimentos ou microcomputadores. Um exemplo é que o governo federal distribui 120 milhões de livros e isto não tem ajudado a aumentar o hábito de leitura no país que continua estacionado bem abaixo do potencial que o Brasil possui.

Uma das alternativas mais bem recebidas pela equipe de físicos a frente desta iniciativa é o que está sendo chamado de LONAGRID. Os antecedentes do projeto são os seguintes:

Em 1992 aconteceu a Eco92 no Rio de Janeiro. Pouca gente lembra, mas em paralelo e não menos importante do que esta grande discussão sobre a vida no planeta também aconteceu o Fórum Global. O que foi esta iniciativa? A reunião de centenas de ONG’s no Aterro do Flamengo, onde se discutia a pauta dos assuntos dos chefes de estado, mas da perspectiva da sociedade civil organizada, ou seja do cidadão em si. Este contraponto foi acompanhado por um encontro promovido pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ por cientistas de todo o Brasil. As informações sobre ecologia entraram na pauta de agências internacionais e mídia alternativa com a ajuda de um novo aliado: a internet.
Neste mesmo instante, Betinho, o mesmo da Ação contra a Miséria e Fome, patrono um pouco esquecido do Fome Zero, agenciou junto aos orgãos de pesquisa do Estado do Rio de Janeiro a ligação deste povo de todo o mundo via internet, contando com o apoio de cientistas de Universidades locais e da FAPERJ que viabilizou a Central de Mídia Internet no Hotel Glória. Era simples atravessar a passarela que liga o Aterro do Flamengo ao Hotel, entrar no Telecentro e escrever em tempo real para qualquer continente uma matéria fresquinha que informasse o que tinha acabado de acontecer numa das Lonas instaladas no Aterro.
Sim é claro que omiti a informação de que toda a organização de grupos de trabalho temáticos se deu em Lonas de cor verde e branca, projetadas pelo Governo de Londres e que enriqueceram a paisagem do Aterro repletas de pessoas de todo o planeta, discutindo a vida. Um pouco como acontece hoje no Fórum Mundial de Porto Alegre. A diferença é que as atividades estavam mais focadas e aquele fato representou uma espécie de ato inaugural de uma prática que deu muito certo. A informação circulou com alto grau de liberdade e velocidade e deste modo as agências de informação que desejaram puderam realizar uma cobertura em escala mundial de altíssima qualidade. Devemos essa ao IBASE-Betinho e a comunidade científica do país.
Como sempre, tem um depois. Mas o depois neste caso não estava tão controlado e determinado, tanto é que aconteceram dois fatos que mudaram o cenário das atividades culturais na cidade do Rio de Janeiro e que foram vetores resultantes da ECO92. O primeiro fato foi que o governo britânico decidiu doar as Lonas para a cidade. O segundo fato que a Prefeitura decidiu por distribuir as Lonas para todas as regiões administrativas de modo bastante descentralizado, acreditando que a responsabilidade de cada administração de bairro daria a ela o melhor uso.
Por meio desta iniciativa do tipo geração espontânea, aconteceram inúmeras surpresas. Algumas Lonas foram transformadas em depósito de lixo, outras viraram abrigo para mendigos, outras foram simplesmente incendiadas por vândalos destes mesmos que queimam índios nas ruas. Mas a exceção a essa quase destruição em massa aconteceu em Bangu. Um grupo significativo de artistas, de um Bairro com 400.000 habitantes, resolveu se organizar e pintou a cara, foi para a praça 1o de Maio, escreveu marchinha de carnaval e pediu ao poder público que transformasse a Lona de Bangu em um espaço cultural comunitário. Naquela iniciativa nascia a alma de um movimento de ocupação cultural em regiões de grande ausência de espaços culturais para suas comunidades. O sucesso desta iniciativa que teve o apoio do setor público municipal, a participação na origem do setor público estadual e na raiz uma discussão mundial hospedada pelo governo federal dão a exata noção da inexistência de fronteiras nesta história de pleno sucesso.
Outro fato notório que cai por terra é esse antagonismo entre arte e tecnologia. O caso das Lonas Culturais espelha bem o oposto disto, pois na mesma Lona onde Dalai Lama, monge tibetano, falou em 1992 sobre a vida no Planeta, o nosso mestre Hermeto Pascoal, que emprestou seu nome como patrono a Lona de Bangu, fez inúmeras apresentações. Esse modelo construído tijolo a tijolo com a colaboração de toda a sociedade civil dá certo e deve ser incentivado pelo poder público. O outro, o que nos faz acreditar que basta o governante decidir que tudo acontecerá da melhor forma já se mostrou ineficiente nas Lonas destruídas. Não há geração espontânea, mas sim participação e comprometimento social nos casos de êxito dos projetos públicos.
Em 1997, já trabalhando em empresas de Telecomunicações, cheguei por acaso a Lona Hermeto Pascoal. O seu administrador era um artista com formação em Análise de Sistemas e entendeu rapidamente que a internet poderia ajudar muito a circulação de informações sobre as atividades das comunidades nas Lonas e muitas outras portas poderiam se abrir na forma de intercâmbios para artistas menos conhecidos do Brasil e do mundo mas que nem por isso tem menos talento. Visibilidade passou a ser um assunto na pauta daqueles grupos. No entanto, não se encontrou o viés de sensibilização necessários para unir parceiros e implementar nas Lonas Culturais uma infraestrutura capaz de oferecer aos artistas condições de produção de conteúdo na internet sobre suas atividades, como um canal de publicidade necessário e de difícil acesso pela mídia convencional, ao mesmo tempo que oferecer a cerca de 3.000 visitantes/semana da comunidade que circulam nestes espaços. Em 2004 o serviço de banda larga chegou as Lonas Culturais para atender a finalidades meramente administrativas, tais como controle de bilheteria e monitoramento da co-gestão com os administradores comunitários locais. A atividade meio tomou primazia em relação a atividade fim, que é a cultural e artísitica, mas esse fato não passou desapercebido aos frequentadores e artistas. Considerando que as sete Lonas Culturais estão estrategicamente localizadas em Bairros de menor taxa de penetração de Internet, Cultura, Transporte, etc, pode-se se afirmar que com o histórico que possuem deveriam se traduzir como candidatas número um a receber por meio de um convênio com o grupo internacional de físicos, liderados pelo professor Santoro do HEPGRID, que integra uma comunidade internacional de cientistas, a salvaguarda da Prefeitura, MCT, MCULT, e toda e qualquer apoiador público ou privado, para a execução imediata do projeto que oferte a infraestrutura e capacite jovens a cuidar de seus conteúdos pelos mais diferenciados meios que a tecnologia pode oferecer. O governo federal através de iniciativa similar como a Casa Brasil pode apoiar a iniciativa, mas o importante é entender o regime de cooperação e parcerias como núcleo essencial da iniciativa. A Isto o Porfessor Alberto Santoro batizou de LONAGRID, parafraseando as atividades de projetos colaborativos como o Genoma, para mapeamento de sequenciamento de DNA e o próprio HEPGRID, que nada mais é que uma grade de participantes onde cada um faz um pedacinho do trabalho, pois a magnitude do esforço não admite que apenas um seja capaz de realizá-lo isoladamente. Vivemos um mundo de grande carga de esforço, complexidade e que sem apoios mútuos desperdiçamos recursos e não concluímos projetos com qualidade.

3 – Custos Independentes de uma Rede Internet para o Ensino

Por fim, a temática da inclusão digital para além das fronteiras desta ação mais dirigida que é o LONAGRID, foi vislumbrada uma necessidade de aumento da velocidade das taxas de penetração da internet de modo geral para os públicos de escolas e freqüentadores de bibliotecas públicas. Em 2004 no LISHEP realizado no Brasil, um Físico do CALC na Califórnia apresentou um case cuja situação problema enfrentada é bem parecida com a das instituições de ensino em qualquer lugar do planeta, em maior ou menor grau. Segundo Newmann, a montagem em termos de valor de mercado de uma rede de alta velocidade que atendesse a todas as escolas públicas da Califórnia resultaria num valor proibitivo para os orçamentos destas instituições de ensino, mesmo considerados os padrões de riqueza americanos.

Sendo assim, a sociedade civil se organizou para montagem de uma rede de computadores, do mesmo modo que diversas multinacionais como a SANOFI, Ford, criam suas VPN’s e se protegem de abusos nas práticas de preços, usando infraestruturas próprias. Desse modo a primeira ação disparada pelo grupo, foi comprar fibra ótica a preços de mercado. E isso foi extremamente barato, como também seria no Brasil pela ociosidade e oferta existentes.
A entidade criada como uma espécie de consórcio inter-institucional a partir da adesão de várias entidades de ensino chamou inclusive o governo da Califórnia para participar. Neste caso o valor desembolsado por Schwazneger ficou limitado a apenas 5 milhões de dólares ao ano para atender a todas as escolas do Estado. Esta relação custo-benefício interessa sobremaneira aos países ou estados pobres, ou mesmo aqueles que até com reservas financeiras preferam investir em outras prioridades de governo, como por exemplo a violência. Uma vez que os valores são muito atrativos neste modelo de negócios é fundamental desenhar ações locais que ponham em prática este mesmo tipo de modelo, reduzindo a penalização que a estrutura de ensino vem recebendo por não possuir tratamento diferenciado pelos fornecedores de serviços no âmbito comercial.
Considerando que o Governo Federal tem suas ações para inclusão digital divididas em 5 programas: GSAC; SCD; Casa Brasil; Parcerias Inter-governamentais e o mais badalado PC-Conectado, entendemos que os recursos das parcerias deverão ser objeto de melhores soluções do ponto de vista custo-benefício. As propostas que circularam a partir da Consulta Pública 480 do SCD não atenderam no ano de 2004 esta prerrogativa, pois mantém os recursos do FUST numa relação de aprisionamento com as operadoras, mais interessadas em manter os preços de seus serviços. Portanto a forma alternativa proposta para uso destes recursos deve contemplar uma posição de independência gestora das entidades de ensino, onde a liderança das Universidades com seus quadros de competência e que podem ser alocados no nível de professores coordenadores e estudantes em equipes com recebimento de bolsas pode se traduzir num spin-up de todas as atividades nesta área, hoje adormecidas num regime de letargia e que produzem números cada vez menos favoráveis a posição do Brasil no ranking de desenvolvimento tecnológico no mundo. O Projeto deve ser discutido a luz de todos os marcos regulatórios e para isso iniciativas de parceira já foram realizadas junto ao grupo de Direito Eletrônico da FGV, na pessoa do professor Ronaldo Lemos que se colocou a disposição para endereçar questões de ordem jurídica e viabilizar sob forma da lei a iniciativa.
A proposta de um Coordenador Geral de notória competência encontra o nome de Alberto Santoro como em condições de manter este diálogo com entidades locais e internacionais para viabilizar a construção de uma rede exemplar inicialmente no Rio de Janeiro atingindo as escolas municipais de ensino fundamental, escolas técnicas de ensino médio e escolas de segundo grau.

A revisão deste documento deve ser o objeto encontro próximo a ser agendado para o período após o carnaval.

Vladimir Cavalcante


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