PREVIDÊNCIA E ABORTO COMO GUIA DE CAMPANHAS

A Suprema Corte dos EUA retirou da esfera federal a responsabilidade sobre a questão do aborto. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos as Federações possuem um certo grau de independência para legislar questões em específico.
Muito bem, as mulheres então assumiram o protagonismo em relação a essa questão pontual, principalmente em lugares tradicionalmente governados por republicanos. Dado o equilíbrio de forças, como visto na eleição presidencial passada, está claro que mexer no vespeiro que envolve metade da população, as eleitoras, alterou desde já a suposta vantagem de Trump na futura provável disputa com um candidato que nunca mobilizou grandes paixões pelo seu nome. No entanto, o que move o tabuleiro nem sempre é o rei, e parece que nesse caso, ou os candidatos republicanos ouvem as vozes femininas, ou perderão massas de votos em estados vitais a qualquer pretensão para a próxima disputa presidencial.
Não bastando isso, um outro fator de mesma importância a destacar também essa semana, é o barraco em torno da Previdência, resolvida por aqui sem um pio dos prejudicados e que na França balançou Macron em suas travessuras institucionais, para alguns falcatruas, que levaram a incêndios e comoção pública. O caso nos EUA têm levado diversos pré-candidatos a invenções das mais tacanhas, e como de costume, sem grandes explicações, parecendo mesmo um daqueles segredos de estado, dos tempos da Guerra Fria. Seja como for, vale observar que esse nível de movimentação e cuidados com a natureza da plataforma política, é bastante sofisticada, envolve a costura específica do caso americano, terreno dividido em dois lados, pois dois partidos.
Por aqui, embora as costuras sejam bem mais complexas e vis, também é perfeitamente possível amealhar votos, não pelas causas que envolvam a gestão do país, mas sim pela soma de itens de perfumaria, quase sempre secundários frente aos grandes dramas que o país enfrenta, mas que acabam na soma de suas partes ocupando a prateleira quase inteira.
Paradoxo revelado, a pergunta que fica é, a qual prioridade devemos seguir? A resposta é simples: a do xadrez da contabilidade das peças e dos votos, que levem a vitória na próxima eleição. Não tratamos a esfera pública utilizando camadas de multiverso. Pelo menos não ainda.