UMA ÁRVORE CENTENÁRIA CAIU

Estou velha demais para morrer, disse a árvore, diante da tentativa de cancelamento a sua presença no baile de gala na Rice University. Como lidar com noções como “apagamento de memórias” e ao mesmo tempo se dizer oponente do negativismo? Considerando o que pude acompanhar, Henry Kissinger foi o diplomata mais polêmico e famoso do século XX. Então aceita que dói menos. Aqueles que puderam assistir por dezenas de vezes sua presença midiática nos mais diferentes lugares e ocasiões diriam que ele era, para o bem ou para o mal, uma entidade.

A desavença artificial construída ardilosamente entre as tão próximas ideológica e geograficamente, Rússia e China? Só poderia ter sido executada pela sua obra e graça. O poder de barganha que empurrou o país “comunista” a se vender as atratividades que o capitalismo oferecia foi um veneno que tornou esse casamento tão irreversível, que o centenário partiu, mas não sem antes garantir o aperto de mãos entre os dois atuais líderes das duas maiores potências econômicas do mundo. Um velho amigo dos chineses, que fez ambos se abraçarem, tornando impossível o caminho da Guerra, pela teia de interesses recíprocos.

A história não pode ser contada pelos seus protagonistas, sob pena de distorções de conveniência, de maior efeito contrário aos fatos que as já conhecidas. A política da Guerra Fria, o Vietnã e as Ditaduras da América do Sul também fizeram parte do pacote dos assuntos conduzidos pela pasta de Kissinger. A leitura, ao contrário da negação, pode ser muito mais esclarecedora, embora pouco provável. Estudos recentes mostram que 66% dos estudantes brasileiros entre 15 e 16 anos estão lendo apenas, até 10 páginas por ano. Não há formação cognitiva, muito menos criação de senso crítico ou capacidade abstrata, com esse nível de leitura, que desqualifica completamente a validade de nossos testes de ENEM.

Para compreender o peso, a partir da Nova Ordem Mundial, do Playboy da Casa Branca, que nunca foi Presidente – mas foi eminência parda por todos os mandatos americanos de sua época – que não nasceu na China, mas esteve com mais de cinco comandantes daquele país, no momento da virada capitalista, e depois, e ainda termina a vida discutindo com lucidez e clarividência aspectos relacionados a Inteligência Artificial e seus efeitos nos rumos da humanidade, só sendo rato de biblioteca virtual.

Fontes não faltarão.