O GAROTO DA BOLHA DE PLÁSTICO

Conheci as performances de John Travolta graças ao seu inesquecível filme “Saturday Night Fevers”, filme lançado em 1977, auge da febre das Discotecas. A coreografia do filme inspirou muitos a balançar o esqueleto nas pistas.
Na esteira desse sucesso, o resgate de um outro drama, menos dançante. Trata-se da história de um caso real, envolvendo uma criança que nasceu sem imunidade.
O Rapaz da Bolha de Plástico é filme, só que para TV, lançado antes, 1976. A bolha, criada pela NASA, recebeu o 2o filho do casal e deu a ele chances que o 1o filho do casal não teve. Sobreviveu na bolha.
Foram necessários 45 anos para que a humanidade se visse diante desse desafio, para o qual estávamos tecnologicamente preparados, cientificamente conhecedores da existência das bactérias, visualizando vírus por meio de sistemas óticos e eletrônicos. Vendo coroas na capa de vírus, tudo mapeado.
Faltava avisar os charlatões. Neutralizar os falsos fazedores de milagres, cortar as unhas das garras da gananciosa indústria farmacêutica.
A luta que se apresentou para toda a humanidade, antecipada pelo ator e dançarino dos meus embalos de sábado pelas noites, vai continuar pelas madrugadas a dentro. As minhas a frente de máquinas que escrevem e falam, pulverizando as sessões de milagres dos canais de TV das madrugadas de falsários vendendo aquilo de que nunca foram donos, para uma população desesperada e empobrecida que aumenta em número e nas filas a cada dia.
A escritora Sarah Smarsh escreveu hoje sobre pessoas fadigadas e indignadas, com tantas perdas, “vidas, empregos, vivências, dinheiro, saúde física e mental”. E nos perguntou sobre o que faremos com toda a raiva acumulada nesse período.

O PLANO DE COLLOR ERA APENAS ROUBAR O PAÍS

Teve gente que se deu ao trabalho de escrever sobre o Plano Collor, avaliar até, construir perspectivas. Sigo aquele princípio bíblico: “observai todas as coisas, retendo aquelas que lhe convém”. Comprei o livro, não consegui avançar muito. Preferi esperar a morte dos envolvidos, não havia como impedir a queima de arquivos. Ela aconteceu. Nunca foi passada a limpo.
A História do Brasil precisa ser reescrita.
Recuperamos na condição de Senadores e Presidentes de Partido, figuras que estiveram e continuam frequentando as latrinas mais fétidas do Universo. Esse aí, o cupim comeu. Obra divina, os insetos são um dos antídotos que Deus nos oferece para desencarnação de todos os pecados.

CAÇADA AO OCIDENTE

As mulheres serão as mais prejudicadas na nova realidade do Afeganistão. Lembro-me sobre como viviam 20 anos atrás. A Diáspora é inevitável, a barbárie uma realidade. De nada adiantou a última injeção de 1 TRILHÃO DE DÓLARES, municiando o ex-governo, que usou zero bala para impedir a situação.
Acho tudo isso decepcionante, soma-se a decepção da invasão 20 anos atrás. Países satélites só interessam como marionetes as grandes potências. Pouco ou quase nada afeta aos mesmos. Se o conflito se mantiver no perímetro dos bárbaros, pode até ser um bom lugar para exploração.
É curioso que pouco se fala do tráfico de ópio e sua relação com o tráfico de armas. Alguns grupos são apenas a representação do que há de pior no uso de práticas covardes na conquista de poder e escravização.

5 MILHÕES NÃO VOLTARAM PARA A 2A DOSE?

É claro que as influências malignas existem. Charlatões plantonistas, curandeiros de ocasião, gente desprovida de conhecimento. Uma lástima. Em breve estaremos mergulhados na Era das Trevas, usando burcas em lugar de máscaras. Para muitos, não fará diferença. A porrada já tá comendo mesmo, submetendo as mulheres as piores situações de ataques físicos e psíquicos.
O Talibã é aqui.

AS ESCOLAS FECHADAS PARA MULHERES DO TALIBÃ

Uma das maiores e mais hediondas vergonhas que a humanidade já assistiu em pleno século XX e XXI. Não se pode dizer que o Brasil dos babaculóides em atuação atualmente esteja caminhando em direção diferente dessa. Qualquer tipo de esclarecimento por meio do conhecimento é inimigo de tiranos, ditadores e regimes totalitários.
De que adianta o Comitê Olímpico Internacional se decidir pela proporcionalidade de vagas para o gênero feminino e masculino para as Olimpíadas em Paris, 50% / 50%, se ali na vizinhança assistimos de braços cruzados a proibição da ida de mulheres a escola?
Com a anuência das potências interessadas em apoiar esse tipo de gente no poder. Também assistimos nações apoiarem o nazismo, apenas olhando distorcidamente para interesses geopolíticos e econômicos. Me parece insuficiente, essa miopia.
Um fotógrafo que passou 20 anos por lá, registrando alguns absurdos, deixa registrado para a história, coisas que algum tempo atrás muitos afirmavam ser mentira.

AFASTADOS ESTÁVAMOS, MAIS DISTANTES FICAMOS

Um vírus, de aparente insignificância, entrou pela porta da sala. De início ninguém percebeu. Os casais acomodados na poltrona seguiram comendo pipoca e assistindo minisséries da NETFLIX. Em alguns meses, o que era apenas uma opção aos frequentadores da zona de conforto que o controle remoto dá, se tornou compulsório, com o fechamento dos cinemas, bares e motéis. A vida foi ficando mais lenta, monótona e desprovida de variações sobre o mesmo tema. Aqueles que não se interessavam por cotidiano e repetições se viram forçados a conviver com a ideia. Sofreram imediatamente distúrbios mentais, acusaram o golpe, despreparados que eram.

DA BELINDIA AO LIBABÃ

Foi no livro “Os Mitos de Uma Década” que o professor da PUC-RJ, Edmar Bacha, escreveu seu ensaio definitivo sobre o Brasil, a Fábula da Belíndia. A Editora era a Paz e Terra. O professor retratou o país como um lugar com padrões equivalentes ao da Bélgica de um lado e miserável como a Índia por outro. Depois disso, acabou fazendo parte da equipe que elaborou o Plano Real, a partir do meio acadêmico, utilizando forte interdisciplinaridade. Sua leitura do Brasil se soma a de outro expoente, Celso Furtado, cuja análise está fundamentada em outro período da Economia Brasileira.
Nesses últimos anos, não perdi o interesse por estudar Economia Internacional. Um país que me entristeceu assistir a decadência política, social e consequentemente econômica é o Líbano, que saiu de sua posição de relevância para viver a tragédia da Diáspora, levando o maior contingente de refugiados de um país destruído para a Europa e adjacências.
Quem Explodiu o Porto de Beirute?
Mais recentemente, o Afeganistão, com todo o seu atraso, atacado por potências imperialistas, inicialmente a União Soviética, seguida da ocupação pelos EUA – após o atentado de 11 de setembro – que acabou perdurando esses últimos 20 anos. Passa rápido, lá estava eu, num hotel de franquia francesa, proibido pelos organizadores brasileiros de lançar meu livro, “As Mil Faces da Liberdade na Internet”, no interior do evento – segundo eles, por questões de segurança – já que uma matéria com declarações minhas, publicada no Jornal do Brasil, desagradava os organizadores.
Fotografia de Victor J. Blue
Olhei para esses dois países, em situações bem delicadas, para dizer o mínimo, e de repente vi que a síntese entre eles faz lembrar um Brasil muito provável, reunindo o Líbano e o Talibã, que decidi chamar de LIBABÃ.
Daqui por diante, será necessário discorrer sobre as razões dessa fusão, para interpretar fatos, não apenas econômicos, da realidade brasileira contemporânea, que não me parecem muito promissores. Sem querer ser pessimista, mantendo esses que estão aí, enraizados faz mais de 40 anos, e sem qualquer tipo de movimento de qualidade para realização das mudanças de mentalidade e estruturais necessárias, comprometemos seriamente nosso potencial.

UMA CERIMÔNIA DE ABERTURA LACÔNICA

Sombria, é a palavra. Em lugar de “um minuto de silêncio”, em respeito as perdas, a melancolia invadiu a cena do Japão. Ficou difícil segurar. Não fosse minha imunidade a depressão, sairia dessa cerimônia direto pra algum consultório médico. Uma obra sem muito nexo, mais para o fim do que para o início, resultado das trocas e mais trocas realizadas na direção artística que efetivamente não comandou o evento.
Longe da alegria demonstrada na RIO2016, que prometia muito lá em Tóquio, os japoneses entubaram os Jogos e deram uma resposta de enorme má vontade, ainda que inconsciente. Não quer fazer, não faça. O problema econômico já estava dado, aliás bem antes, ultrapassados pela China que foram. Num regime de estagflação dolorosa e continuada, a pandemia só piorou a coisa. Os Jogos preparatórios com seletivas de LIMA2018 foram anos-luz mais energéticos do que o exibido hoje.
O Japão, no canto do ringue, se apequenou, passou vergonha. Quatro Diretores Artísticos e um Funeral. Uma descontinuidade que só pode ter sido importada das demissões continuadas que assistimos em clubes brasileiros. Fiquei passado, graças a Deus não fui testemunha presente desse vexame. Me perguntava, ainda sonolento, as razões daquilo. Encontrei pelo menos 5 justificativas.
O Japão é uma nação conservadora. Ilhados em muitas ilhas, distantes das relações continentais mais complexas, me lembram as formas vivas desenvolvidas nas Ilhas Galápagos, onde Darwin encontrou homogeneidade, tradição e estagnação no processo evolutivo das espécies. A metáfora se aplica. Imagine esses, naturalmente isolados por barreiras geográficas, agora mais isolados pelo temor que uma doença de alto grau de contágio? Se isolaram, física e mentalmente, muito mais.

Com razão, um segundo fator pesa. Sua população é composta de 30% de idosos. É o maior índice do mundo. Num país com hábitos que zelam pela qualidade de vida, a maioria vive muito mais do que em países de condições precárias, como o nosso. Exatamente por isso, e sabendo da preferência da COVID por grupos com sistema imunológico debilitados pela idade, obriga ao reforço de preocupações e barreiras. A população japonesa que não quer as Olimpíadas tem nesses 30% um grupo expressivo.
Numa terceira frente, o conceito-chave atribuído ao estrangeiro, chamado de gaijin, que bem poderia ser também chamado de kaijin, nesses tempos monstruosos. O estrangeiro é visto como inferior. No imaginário cultural, um estrangeiro é na verdade um portador potencial de uma arma biológica mortífera, mais letal e invisível que a bomba atômica, com a qual o país já conviveu no século passado. É claro que ter seu território “invadido” por cerca de 206 países é assustador, desnecessário, inoportuno. Assim pensa o cidadão comum.
Há um quarto elemento. A xenofobia de raiz, presente na mentalidade e cultura japonesa. Não são exclusivos nisso, aliás o mundo vive essa onda com grande volúpia, e de forma explícita, recentemente. Os regimes nacionalistas avançam, como se deu justamente na II Guerra Mundial. Barreiras e muros, desnecessários por lá. Já há o obstáculo linguístico, quase indecifrável. O Japão é outro planeta.
Não poderei deixar de fora a homogeneidade genética. Peguem a genotipia, façam testes de genotipagem de um grupo de japoneses e entenderão melhor o que digo. Não se limitem a forma, que por si só, morfologicamente já acusa essa padronização. Em qualquer ambiente biológico, o contraste evidencia a diferença. Para o bem ou para o mal. Não adianta querer negar o óbvio.
O Japão, logo no início da pandemia, foi um dos primeiros países envolvidos na disseminação COVID, proximidade com a China, ponto de origem, episódio do Cruzeiro, adoção de máscaras em lugares de grande intensidade de público, tal como metrô. Lembro-me bem disso, são muito cuidadosos, não seria diferente agora, só porque o Comitê Olímpico Internacional quer.
Não se pode comparar os 2 mil mortos por dia que o Brasil viveu em um de seus picos, com mais de 500 mil mortos, aos indicadores da Terra do Sol Nascente. Nos últimos 30 dias, observa-se um pico que eleva de 1.400 para quase 6.000 contagiados por dia e uns 10 mortos por dia. É claro que o aceitável por aqui é inadmissível por lá.
Nem mesmo o professor Yuno, Nobel e autor do livro “O Banqueiro dos Pobres” os salvou do vexame. Os três zeros: carbono, pobreza e desemprego como missão, já parece um projeto um tanto quanto defasado

O PODER DA ARQUIBANCADA


Ingleses, inventores do futebol. Um desafio pela frente, ganhar em casa da invencível Alemanha. Tabus existem para serem quebrados.
Eles nascem dos totens, demarcações animais de limites. Isso pode, aquilo não pode. É um dever da esquadra britânica perder em Wembley para os alemães? Com a ajuda de um jamaicano vestindo a camisa 10 não. Outros tabus foram postos a prova. O racismo, por exemplo. Ver um negro, estrangeiro, ser o responsável pela alegria da população local, de raiz. Será que alguma pauta esportiva percebeu essa nuance? Deixou passar, claro, a exogamia acontece por debaixo dos panos…
As regras sagradas, o fruto proibido, foram pras cucuias. A arquibancada fez a diferença, também. Outro tabu entre nós.
Faz mais de 100 anos, a obra genial Totem e Tabu foi ao ar, endereçada a antropólogos e ao estudo dos símbolos. Perguntas indecorosas, tais como “você se casaria num puteiro?”, feita no filme Veneza, obra adaptada por Miguel Falabella.
Freud explica.

O MÁRIO É UM PAI

Volto ao Maracanã em um Dia dos Pais. Há muitos filhos ausentes nele. Nunca foi fácil. Em casa ou como visitante, o Flamengo sempre jogou clássicos fantásticos, antológicos, contra o aguerrido Atlético MG. Uma tarde agradável nunca é apenas isso. A luz perfeita das 16 horas de uma tarde invernal poderia ser muito bem a anunciação de um declive. Até surgiu um VAR, em vão. Uma gata se vai. Moicanas viram Inannas, a deusa mística dos Céus entre os sumérios.

Gosto de lápis e papel cremoso e de boa textura, que decidi usar para fazer esse rascunho, numa espécie de caderninho adaptado. Já o Flamengo, optou por esnobar superioridade. Os gols perdidos – quando escrevi – farão falta e o tempo não para, e nos 8 minutos passados, parecem os de um jogo de apenas 2. É que o 1o tempo não costuma ser repetido no 2o, e enquanto escrevo isso, Diego salva-BIS entra em ação.

O nivelamento esperado, sem torcida, será uma tendência para o sofrimento dos times de grandes torcidas e grifes. Com uma sonoplastia muito mal feita, bem pior do que a realizada no Fla x Flu – que esteve longe da perfeição mas teve maior eficácia. Chegamos aos 23 minutos sem nada a acrescentar, a não ser a três substituições do time mineiro, naquele momento bem melhor, explorando a soberba de figuras soberbas em campo, que vieram para um exibicionismo narcísico, como foi o caso de Gérson, que precisa ser urgentemente orientado quanto a desnecessária mania de proteger a bola para levar alguma falta, ou provar que ninguém lhe roubará a peleja. Essa atitude é de uma improdutividade que só um papo com Zico pra resolver. A continuar assim, é banco na certa.

Soberba, sebo e cera não ganham jogo quando você está perdendo e não chuta a gol. Me refiro a chutar pra dentro dele, no lugar de isolar para constar na estatística que interessa a vendas. Mais um chute por parte do Galo, percebam, “o relógio para”. É que Rafinha, o líder, vem perdendo a linha dentro de campo e mostrando menos futebol, ao perder seu tempo envolvendo-se em ti-ti-ti. Interessava muito a Sampaoli esse tipo de arenga, colaborando para alcançar três pontinhos fora de casa.

Pedro, sem a velô necessária, não toca na bola bem enfiada, que cai nas mãos do goleiro Rafael. O cruel Maracanã, muito bem vestido pela versão de manto sagrado fantasma, vai assistindo o técnico espanhol estrear com derrota, justo ele, que não conheceu o fosso.

Aos 37 minutos, já não era mais hora de mostrar a que veio. Desta feita, o duelo dos técnicos foi vencido pelo argentino. Diante de um time que não deu um chute a gol no 2o tempo, não haveria outro resultado provável, quando terminei de escrever, antes do fim do jogo, na folha de papel presenteada ao parceiro-testemunha Marcelo Barros.

Dessa vez, a colônia ganhou da matriz.

UM ATAQUE RUBRO-NEGRO MEQUETREFE

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Acabara de chegar a casa de um conhecido e seu pai se preparava para assistir o grande clássico entre Flamengo e São Paulo. O mando de campo era do time carioca, mas o jogo aconteceu em Brasília. E isso não é uma crônica de ficção esportiva. Anos de chumbo para o futebol e a torcida do Rio, que acabou em papéis invertidos, vendo os jogos de seus times pela televisão. De 1977 a 1980, a situação era bem outra. Os cariocas no Planalto Central enlouqueciam vendo seus times com craques numa TV com imagens em preto e branco.
No portão, o assunto surgiu da bola na trave de CR7, ontem na Eurocopa, como uma premonição: quem era bom na batida de penalidades máximas? O primeiro nome mencionado, Zico. Mas até esse errou em momentos decisivos. Que eu me lembre, contra o Vasco de Mazarópi, fazendo o impossível, numa época em que o melhor batedor costumava bater por último e a grande maioria em jogo normal era convertido. O outro foi naquela entrada súbita, com passe para Branco em que perdemos nas cobranças para a França. As duas partidas fazem parte da história das tragédias da torcida flamenguista e brasileira.
No grupo houve discordância. Atribuíram ao Sócrates a melhor marca como batedor de penalidade. Discordei, mas não tiro o Doutor da lista dos melhores. Tinha classe. Mas quando o quesito era resolver, o negócio era apelar para um Roberto Dinamite, pela potência no chute aliada a precisão. Não concordei. E aí apareceram outros nomes, a patada atômica do Rivelino, o Nelinho, já numa opção por batidas em que o goleiro entrava com bola e tudo. Eu disse, entrava. Não entrariam mais, a bola que queimava a mão e pesava como ferro, passou a ter cerca de metade do peso. Isso muda muita coisa.
O papo se ampliou, fogos explodindo, de repente percebemos que a partida começara. Pior, a partida já estava adiantada, e os fogos eram da torcida flamenguista, comemorando o gol de empate. Já com antena de TV Digital Aberta, ligada a telinha, imagem maravilhosa e delay time mínimo, nossa emoção era antes. Mas o gol do ataque, já no intervalo, era contra, de um defensor são paulino.
O Flamengo, continuava o mesmo de sempre, com melhorias na defesa, que já vazada, por conta de um um-contra-um desnecessário, deixou o argentino marcar facinho. Vai então que surge uma jogada naquele péssimo gramado – não melhorou nada, desde o primeiro Flamengo X Vasco, porque não aprenderam nada sobre aclimatação, espécies de gramíneas, região do Cerrado, etc – onde Felipe Vizeu deixa quase caído no chão seu marcador, e com a faca e o queijo na mão, dá um chute que mais parecia uma bola devolvida para o goleiro, dos tempos em que a zaga podia devolver bola prá goleiro.
Aí aquela figura quem em 1947, antes que o Maracanã tivesse sido construído, estava lá, em São Januário, vendendo ingressos num Vasco e Sporting, não aguenta e grita: “isso é um MUQUIRANA!”. E continuou: “esse aí tem que mudar de profissão e ir vender Caranguejo na feira”. Não pude deixar de lembrar do Chef de Cozinha Popular, Sergio Bylucas Brilhante e seu prato “Caranguejo Metido a Besta”. Resolvi discordar do meu mestre sobre futebol dos antigos, e em respeito aos vendedores de caranguejo na feira, pedi a ele para não incluir atacantes muquiranas no rubro-negro na elite das feiras livres!
O ataque do Flamengo, vamos combinar, não faz gol. E simplesmente porque ninguém ali está na primeira linha de matadores. A regra de contratação para as posições de ataque é de elenco de apoio. Não tem jogador talhado para o protagonismo, que nada tem de relação com a palavra craque. O Nunes, por exemplo, era protagonista e nunca foi craque. Veio a leva de time B, e não nos libertamos ainda “disso”. Tinha um cara que poderia ter emplacado, deu sinais disso e… Foi vendido! Era o já não tão garoto Kayke.
Já não me preocupo tanto com essa história. A lista de não fazedores de gol não vou reeditar aqui. Estou colecionando as dezenas de gols que esse ataque não faz. E aí surge a solução da bola parada com quator caras com reais condições de cabecear prá dentro. E foi assim, de novo, que o Flamengo viu William Arão empatar, após a indecisão entre Réver e Muralha, lance parecido com aquele que assisti com Marcelo Barros, no Vasco e Botafogo, até pelo mesmo lado do campo. O argentino subiu SOZINHO, com um Réver assistindo de camarote. Assim vai mal.
Prá coroar a festa, a expulsão do homem-gol do tricolor paulista, muitos minutos e já com pleno domínio territorial, as circunstâncias exigiam ao Flamengo VENCER. Mas vencer implica em saber fazer gols. E o time não sabe. Dependeria inevitavelmente de mais bolas paradas. E elas vieram. Até o último minuto da prorrogação. E aquele que saiu do banco, depois de longa data de férias, que já tinha levado na cabeça, dessa vez levou um chute digno de uma luta de Taekwondo no rosto. O juiz não titubeou. Marcou a penalidade, embora para mim pudesse ter metido um pé alto.
Lá foi um tal Patrick, desses que usam a camisa do banco, lá do time grande e dizem que irá assumir a função de protagonista para a Nação. Sem qualquer preconceito, não é um cabra da peia, daqueles que vi por aí, como um Rivaldo. E do mesmo modo que Cristiano Ronaldo, no mesmo final de semana, perdeu o seu penalti. O do português, bem batido, bola para um lado, goleiro para o outro, bateu copiosamente na cara da trave e voltou para cumprimentar seu mestre marrento. O do Alan, passou longe do gol, batido por um cabra se borrando nas calças, diante da responsabilidade. Dizem que bate bem na bola. Concordo. Bate bem mal. Faltou apenas uma palavra na boca do narrador.

UM CERTO FLUMINENSE DE UM CERTO TORCEDOR

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Foi com esse amigo da velha-guarda tricolor que vi alguns lances da história do time das Laranjeiras passar. Não pelos meus olhos, mas pelos dele. Trata-se de uma espécie em extinção. Desses que vão para o quarto, concentrar-se em dias de jogo. Já não frequenta os estádios. Até poderia. A idade já permite no Rio de Janeiro a gratuidade na entrada. Mas a televisão e o conforto e segurança do lar falam mais alto a uma certa altura da vida.
Um figurino completo, uma alegria na vitória ou na derrota, uma certeza de ser o melhor, mesmo quando há dúvidas semeadas pelos antagonistas. O torcedor tricolor já nasce com uma certa vantagem sobre os demais nascidos.
Um tipo de torcedor-olheiro, sempre atento a prata da casa, foi quem me avisou sobre Gerson. Que em suas primeiras aparições fez chover e depois sumiu, no chinelinho clássico de quem já havia sido negociado rumo “a um lugar melhor”. No mundo de hoje, há certos atletas de potencial que já chegam pensando só em conquistar o mundo. A própria casa não existe. Mas o seu Carlos não liga prá isso não. Dá moral prá garotada de Xerém, quer mesmo é ver a evolução e todo mundo se dar bem. Afinal não deixa de ser a continuidade daquilo que projetou para seu filho bom de bola que não teve a melhor sorte e nenhuma paciência para esperar a roda da fortuna girar a seu favor.
Foi com essa figura que vi o Fred forçar entrada para “decidir” contra o Palmeiras naquela partida decisiva, onde entregou o ouro. Nos tempos atuais, escalar jogador sem condições para jogo, só quando o cara manda no time. O caso do Suarez é o exemplo mais recente. Mas diferentemente, nas Laranjeiras o garoto-propaganda mandava. E isso fez mal ao time, a partir de um certo momento. Um metalúrgico aposentado que tem no currículo passagens curiosas por esse mundo do trabalho, Scavagima e outros bichos mais, batalhador da vida.
O Fluminense que enfrentou o Corinthians já sem Tite me lembrou um pouco o jeitão daquele que foi campeão com Muricy Ramalho. Levou pressão. Foi dominado na maior parte do tempo. Não teve a maioria das oportunidades de gol. Mas teve sorte e jogou como time pequeno. Adotou o lema do Cleveland, “Defend the Land” – defenda o pedaço. O time jogou boa parte do tempo com a vantagem de um a mais, jogador adversário expulso.
O que faz um time qualquer, muito bom ou mediano ser exaltado não é o domínio e controle do jogo, ou o toque refinado de seu elenco, ou as palavras de seus diretores e técnicos. O que faz a diferença é o resultado. Ter ganho ontem é tão significativo quanto ter ganho no Engenhão a partida contra o time verde, com gol de Emerson, contundido. Não fez uma partida brilhante, mas produziu o resultado necessário para levantar o caneco. É assim que o futebol funciona. O velha-guarda da foto sabe disso. Tomara que o Brasil reaprenda.

EFEITOS COLATERAIS DE UMA SELEÇÃO NEGOCIADA DO BRASIL

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Nunca tinha visto duas imagens tão contrastantes. De um lado, Neymar, assistindo na arquibancada os amigos da seleção brasileira jogarem a sorte, ao lado de figuras célebres como Justin Bieber.
Do outro lado, Suarez, cuspindo marimbondos, que viajou no sacrifício para carregar o Uruguai nas costas, como costuma fazer, meio time que é, artilheiro disparado do mesmo Barcelona de Neymar. Soca, vocifera, reclama com a sua Comissão técnica, por não ter ido para o jogo que desclassificou a Celeste.
O que essas duas cenas nos ensina sobre o que está acontecendo com a seleção brasileira? Uma delas certamente aponta para a ausência de brasileiros genuínos. Mas não apenas isso.
Um calendário confuso. Enquanto a Eurocopa 2016 começa após o jogo final da Champions League e de todos os campeonatos locais dos países europeus, assistimos com as orelhas em pé o Centenário da Copa América justo no momento em que o Campeonato Brasileiro começa!
Como justificar as contratações milionárias, incluindo jogadores de países sul-americanos, para que não joguem? A lista é enorme. Não gastarei o seu e o meu tempo na lista que o Gilmar preparou com suas ligações “implorando” para que aceitassem. Isso qualquer um que quiser pode fazer. Quero me concentrar nos efeitos colaterais.
O campeonato brasileiro é o mais equilibrado do mundo. Disputado ponto a ponto, como se fosse mesmo uma final de basquete do NBA, quem cochilar no início, pode dançar no fim. A contabilidade não é favorável a CBF. Enquanto a garotada está aí, comprando geladeira e TV para se casar com a grana do CARTOLA – propaganda principal do site da GLOBO – rodada a rodada, somos obrigados a acreditar na relevância das partidas de um Brasil distante do povão.
O torcedor brasileiro, está aí, incendiando – as vezes literalmente – os estádios pelo país inteiro. Vale vaga prá tudo quanto é coisa. E olha que nem falei da Copa do Brasil! Aí, meu amigo, num mata-mata de dois jogos, esses jogadores afastados podem derrubar as chances de atalho para a tão sonhada vaga para Libertadores.
Quero tratar de um assunto em específico. A invencibilidade do Vasco da Gama. Imaginem substituir um Martins Silva no gol! Como realizar essa proeza, num time com elenco encaixadinho, cujo ponto forte era seu forte bloqueio defensivo, leia-se segurança de Silva. O Jorginho perdeu a chance de entrar para a história, mesmo que de forma questionável – está disputando a segunda divisão – por causa da convocação para a Copa América de seu alicerce no gol. Não tenho dúvidas disso.
As colateralidades estão aí, cada um de vocês pode encontrar a sua. O nível de precariedade de nossa organização é evidente, e deveria proporcionar uma janela de oportunidade. Se a Eurocopa e a Copa América fossem em épocas diferentes do ano? Com calendários “dissociados”, os “locais” poderiam compor a seleção brasileira, fora do período das competições internas, o torcedor poderia torcer por jogadores de seus times locais e o futebol poderia voltar a construir uma relação de identificação mínima com os brasileiro daqui.
Os de lá, que me perdoem, já não se comportam como se fossem daqui, perderam a raiz, mas posam como muitos como salvadores da pátria, acima de todos, seres superiores que são, podem dizer quando vão jogar, em que termos. Me lembram os atores de cinema, definindo em cláusulas contratuais quantos beijos vão dar na mocinha. Há inclusive os que preferem garantir que não darão nenhum.
As competições por essas bandas tem mais virilidade. É América Latina, há sangue latino. Não sei se um He-Man enfrentaria a parada com sangue quente, melhor que os convocados, deixo a provocação. São tantas competições e temos tantos cenários e opções que poderíamos criar umas vinte alternativas. A galera da Copa América não precisa ser a das Eliminatórias, que não tem relação com a turma Olímpica. Uma atmosfera de maior competitividade, rotatividade, ampliação de oportunidades da vitrine de mercado. Bem diferente de ver uma CBF implorando para ter jogador.
A palavra “comprometimento”, que já critiquei aqui em artigo anterior, vem sendo usada como clichê. O Draymond Green, que foi suspenso do jogo 5, nem dentro do estádio pode ficar… O rigor como um atleta do NBA é tratado, comparada com a frouxidão da nossa condição atual, de uma CBF que goza de pouco ou nenhum respeito na atualidade, isso sim, “compromete” a consistência de nossa combatividade. O futebol é uma guerra entre civilizados. E o Neymar vai ficando cada vez mais parecido com Justin Bieber do que com o Pelé. Creio que há uma diferença.

OS ÍNDICES OLÍMPICOS E O BRASIL NA RIO 2016

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A moça da foto é Maila Machado. Como é possível notar, está radiante de alegria por ter conseguido índice olîmpico na prova com barreiras e se classificado para se apresentar nas Olimpíadas RIO 2016, pela equipe de atletismo brasileira.
Confesso que a vibração dela e de sua companheira de prova, também classificada – que apresentarei em outra oportunidade – me fizeram chorar no Engenhão. Nada como a verdade e o amor dentro das quatro linhas, pista ou piscina. As lágrimas e os campeões estão sempre juntos. O sorriso também.

DIANTE DE UM DESAFIO, VÁ A LUTA!

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O esporte é sempre repleto de lances fascinantes. Ainda mais quando você sai de casa para acompanhar provas de saltos ornamentais e acaba na Arena com lutadores de Taekwondo como bônus. Foi um dia onde o presente veio na hora certa. Revisitando o acervo do Mosaico Esportivo, a escolha para o início dessa série foi fruto dos encontros que a vida nos proporciona. De repente lá estava ele, disputado um torneio em Recife e conquistando seu primeiro título esse ano. A luta da semifinal foi uma aula. O jovem Tomás Gonçalves começou em desvantagem, golpeado na cabeça. Soube administrar a desvantagem dos três pontos e progrediu passo a passo, construindo seu resultado, até que no final da luta, realizou uma manobra inesperada, emplacando um 7 a 3.
Dali em diante, foi manter a pegada para encarar mais um, quase sempre mais alto, quase sempre mais extenso. Como ele consegue as vitórias improváveis? Explorando suas diferentes habilidades, conhecendo cada vez melhor a si mesmo. A consciência corpóreo-mental te faz um campeão. E isso independe dos títulos e medalhas que trouxer na bagagem. Cada descoberta e lição no currículo da vida como atleta pesa na construção de uma vida.
Nunca desista de um sonho, diante de um desafio, não peça licença, vá a luta!

A FORÇA DOS NÚMEROS E O BIG DATA

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Como é interessante a paisagem navegável pelo homem. Assisti as partidas do Golden State. É a ORACLE ARENA. Prá quem não sabe, a Oracle é a Toda-Poderosa no mundo dos Bancos de Dados. E qual seria então o SLOGAN do time californiano? “Strength in Numbers”.
Não quis traduzir tão literalmente a frase que dá ao Warriors a garantia de títulos por antecipação. Diferentemente de um Maracanaço em 1950, onde o melhor perdeu quando achou que era possível ganhar na véspera. Disputando um jogo que decidiria o título, são situações diferentes.
No campo das probabilidades, as chances de nascer um garoto ou uma garota é de 50% para cada. Mas se você tiver apenas alguns filhos, pode ser que saia dessa média e ganhe de presente de Deus um casal de filhas ou filhos. Comentava com o Marcelo Barros que a fórmula como os playoffs acontecem favorece dramaticamente a lógica estatística. Você jogar até sete partidas para saber quem é melhor ajuda muito aos matemáticos a terem razão. Não por acaso, o técnico do Golden State afirmou na entrevista que as decisões sobre os jogadores são uma questão de lógica.
Isso torna tudo muito diferente do que poderíamos imaginar num esporte coletivo qualquer. Dentro dessa lógica, o craque existe, mas nada está centrado nele. Olhe para o caso de Neymar e seu ego no time brasileiro e reflita sobre o mal que isso faz na cultura futebolística e evolução do nosso ambiente esportivo. Vai continuar tendo espaço para o gênio. Mas tem outras coisas envolvidas, até para o seu rendimento e construção de um time campeão.
Antes da partida começar, comecei a refletir sobre qual seria minha contribuição original para esses duelos entre Cleveland e Warriors. E essa frase começou a me martelar a cabeça, “força nos/em números” – strength in numbers – e visualizei um lugar que me deixou feliz, e quero compartilhar com amigos do esporte, da vida, do basquete.
Nós no Brasil somos primários em matéria de dados fidedignos, damos pelo contrário péssimos exemplos ao maquiar dados públicos ou privados. Mas isso é assunto de polícia. Só que requisito a futuras ambições. Nossa tradição é outra, Daní Dantas. E isso torna difícil a vida de quem for trabalhar com BIG DATA. Creio que o Marcos Cavalcanti pode dar os melhores exemplos sobre as piores práticas nesse campo.
Felizmente os dados que a comissão técnica do Warriors tem não foram “batizados”. Nesse momento ouço o ESPN recomendando ao Cleveland que se acerte assistindo os vídeos… Raciocínio furadíssimo do comentarista? Na minha humilde opinião, sim. Porque afirmo isso? Pelo simples fato de que a quantidade e qualidade de dados que podem ser cruzados entre si por um técnico extra-série, trabalhando ao lado da Oracle é INFINITO.
E por isso, você telespectador que não entendeu nada quando Leandrinho, Varejão e outros nomes “improváveis” entraram e construíram a diferença e a vitória, vai ficar procurando o segredo desse aproveitamento máximo que só o Warriors vem demonstrando ter. O resultado individual de um Curry ou de um Thompson, pontuadores habituados a ajudar nas vitórias com bolas de três, ficarem até o último momento zerados nesse quesito. Chega até a criar um constrangimento as estrelas da Cia. Ele deve pensar sobre como a sua marca patrocinadora analisará sua participação pífia – na realidade a que poderia ter sido a pior nos últimos dois anos.
É claro, há comando. Tem alguém ali, agenciando os milhares de interessados, egos e granas. Mas a utilização do BIG DATA da Oracle é um diferencial competitivo desses que em esportes com máquinas poderosas, como a F1, definem quem ganha, com as métricas de telemetria. Não tem jeito. O talento é a essência. Mas prá ser astronauta e ir a lua, sem ser poeta, só com a ajuda da NASA. E os atletas estão avançando tão irreversivelmente nessa viagem que são, ouso dizer, os próximos astronautas.
Ter das biometrias ao estágio de performance potencial de cada um na mão, faz jogar com todos, no detalhe. O Warriors provou isso hoje, tem provado isso na média de suas apresentações. O regulamento da competição foi feito para reduzir surpresas.

A SÉTIMA É A NÊGA: AS ESTATÍSTICAS DO NBA

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A fotografia acima é do Evento-teste de janeiro, numa das Arenas Olímpicas do RIO 2016. Nossa representante no NBA feminino, pago um doce prá quem acertar o nome dela. Foi bem anulada pela defesa australiana. Só temos uma ponteira de 3 pontos com a mesma qualidade. Diferentemente do Warriors, que avançou para as partidas da final 2016 da NBA. Sobre a partida que ainda estava para acontecer, escrevi as linhas abaixo. Acho que acertei. Confere aí.
“O time do Thunders terá pela terceira vez na série de jogos da semifinal mais empolgante dos últimos anos. No penúltimo jogo em casa, o Sport TV lançou uma pesquisa quanto a probabilidade do Golden State quebrar uma marca que lhe desfavorecia. Apostei que conseguiria, juntamente com mais de 50% dos que responderam.
Trata-se de um time diferenciado, equilibradíssimo e com dois dos maiores pontuadores da NBA.
Chegamos a sétima partida, com uma derrota do Thunders, numa partida em que teve a torcida a seu favor e o placar durante quase todos os sets nas suas mãos. Deixou escapar ali a que talvez tenha sido a maior oportunidade de matar a série e carimbar o passaporte para as finais. Não o fez e agora amargará um jogo na casa do adversário. Ficou mais difícil. E explico com base numa análise estatística das duplas decisivas.
De um lado, Klay Thompson e Stephen Curry. Do outro, Kevin Durant e Russel Westbrook. Dei uma fuxicada nos números dos quatro nesses confrontos diretos.
É muito evidente que Klay Thompson está numa ascendente meteórica, que culminou nos 41 pontos feitos no último jogo, passando longe dos demais com diferença de 10 pontos. A vitória foi dele, sem querer desmerecer os demais atletas do time do Warriors, mas foi a reserva de liderança técnica. Atingiu o pico de performance, muito em função de uma marcação não tão eficiente quanto a feita contra seu parceiro de mão que foi quase esmagado entre paredão de gigantes do Oklahoma City.
Me parece que após um apagão na partida, o Stephen Curry vai render mais em casa. Conta com a mão do técnico que fez uma boa leitura de jogo, deixando o gênio mais descansado para a hora que o bicho pegar, ou seja, para o final das partidas. Jogadores mais ágeis e muito fortemente marcados rendem mais quando a marcação já está mais cansada.
Já o Kevin Durant, leva nas costas, com equilíbrio e uma constância fenomenais. Um jogador completo, desses com que o time pode contar em qualquer situação de jogo, numa final eletrizante. Não acertar tantos lances de três quanto fez em uma ou outra partida há que se levar em conta. Melhor trabalhar com a média e arriscar menos, pois olhando a característica dos dois times, é fácil afirmar que um possui os melhores números de “atiradores”, no que o outro equilibra com números incríveis de “bloqueadores”.
O jogo não se decide a favor do Thunder pelos pontos que fará, mas sim pelos pontos que conseguirá anular. E nesse caso, terá que ser bem melhor que nas últimas partidas nesse quesito, o que não é impossível.
Quanto ao vigor de Westbrook, uma variável fora de controle, indispensável para garantir aquela pequena e segura escalada de dois pontinhos em dois pontinhos. A ansiedade para resolver pode ser fatal num combate onde do outro lado só estão os dois melhores atiradores de precisão da atualidade. Todo o resultado construído até aqui pelo combativo adversário do atual campeão da liga não pode ser jogado no lixo por precipitações que negligenciem o estudo clínico da situação do adversário.
Afinal, essa é a nêga. Perdeu, dançou. E está mais prá Golden State.”
E esteve mais, mesmo com o placar atrás.

UM FLAMENGO SEM CAPACIDADE OFENSIVA

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Há coisas no futebol que dificilmente mudarão. Quer uma simples? O fato de que o gol define a história do jogo. Vi times medianos, que ganharam aos trancos e barrancos sequencias de jogos e pasmem, foram campeões. O Flamengo vem sofrendo de uma doença crônica defensiva, se é que posso chamar assim a sua situação.
Muitos crucificaram Ronaldinho Gaúcho, pelo fracasso de um time que na verdade quando o ataque fazia dois gols levava três, e quando fazia três a defesa levava quatro. Desse jeito, o ataque tinha que fazer cinco, para ganhar, como aconteceu naquele jogo épico contra o Santos de Neymar, que ali levou o prêmio de melhor gol do ano, e carimbou de vez seu passaporte para Barcelona, onde hoje fez o gol da Copa do Rei, já que o Sevilla mesmo com um a mais em campo não fez gol. A tese do gol perdura.
Mas sem esquemas defensivos confiáveis, nem assim. Mais tarde ao Flamengo e Grêmio, onde o time do sul cansou de perder gols, poderia ter goleado, assisti um Botafogo perdendo gols com linhas de 4 atacantes contra três na defesa. Mandava os 4 tirar férias, é inaceitável no futebol moderno perder esse tipo de oportunidade valiosa. Seja por ansiedade, falta de orientação, condicionamento pavloviano, ou ruindade congênita, não merece vaga em time de pelada. Logo depois assisti uma aula de defesa do Thunders frente ao fortíssimo ataque do Golden State Warriors. Um placar de 133 X 105 deixou o campeão da NBA do ano passado com as barbas de molho para as próximas partidas e a certeza de que alguma coisa tem que mudar. Me pareceu que faltava energia, aquela força a mais que vemos no vencedor. Quero falar sobre isso.
O Flamengo de hoje é um time sem casa e sem rumo. Olhando para a jogada do escanteio, contei OITO JOGADORES rubro-negros – sem incluir o goleiro – na grande área e SEIS JOGADORES do Grêmio. Acompanhando a linha da bola, ela foi alçada NAS COSTAS de CINCO deles, aos quais coube apenas rezar, e mais um deles, fora do lance, apenas na condição de observador passivo. Ou seja, sobraram apenas DOIS no lance da bola, contra TRÊS gremistas. Fica muito difícil.
Mas isso nem foi determinante. Você pode estar se perguntando, então, o que é determinante? Defender com força, vigor e atacar com eficácia. Sinto falta daquela pegada no modo do Flamengo jogar. Me lembra um pouco o caso daquele cara que a mulher pegou as roupas depois da traição e jogou tudo pela janela, mandando ir morar em outro lugar. Um time sem referência, sem saber prá onde vai, está pronto prá levar uma coça de qualquer um por aí.
Temo que o que já vinha sendo ruim, mesmo com um Maracanã episódico, ficará muito pior esse ano, sem que a torcida local possa dar seu gás, ou seja injetar a identidade e a localidade a um time que pode até fazer bilhetagem, mas não convence dentro de campo. Não tenho notícias de um campeão sem terra. Não é possível imaginar um time cosmopolita como o Barcelona, sendo campeão apenas com jogos fora de seu campo, onde a pressão e identidade se forjam, do mesmo modo que de quando em quando temos que parar em casa e encher o pneu da bicicleta. Não se faz isso na casa de um estranho pelas ruas. Você pode acabar de pneu vazio, sem rendimento.
Acho pouco provável que um time inglês dependa de sua torcida na França para se reenergizar e forjar uma carcaça de campeão. E assim para o campeão alemão, português, holandês, russo, turco ou japonês. Na América do Sul, muito menos. O vínculo umbilical é demasiadamente relevante para ser colocado a serviço de marketeiros sem princípios básicos sobre a organicidade das coisas vivas. Um time de futebol tem uma energia vital, enraizada em algum lugar, a partir do qual todo o restante acontece.
Alguns amigos me falaram da verdadeira batalha travada entre o time colombiano e seu adversário argentino, dias atrás. Um resgate importante desse combate à moda antiga foi o desejo de vencer, dispendendo toda a energia possível. Um episódio que pretendo assim que possível assistir.
Recuperar conceitos elementares sobre o futebol pode ser necessário, principalmente para aqueles que nunca tiveram sequer a oportunidade de encarar um adversário tecnicamente mais fraco, mas que pela força da determinação ultrapassaram esses limites e venceram as partidas impossíveis. Neutralizar para golpear. E o golpe no futebol tem nome: gol.
Nesse quesito, a linha de ataque do Flamengo permanece irreconhecível.