PRATO PRINCIPAL: CEVICHE DO GUERRERO

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Foi numa conversa reservada com um amigo peruano, prestes a inaugurar seu restaurante no Brasil, que comecei a questiona-lo sobre qual a melhor maneira de aproximar culturalmente as pessoas desses dois países. Para ele, a comida era o caminho mais curto. Já sabendo da maravilha que é a culinária andina, apostava no resultado garantido, autoconfiança e aquela noção de que a excelência fala por si.
Como um bom advogado do diabo, acabei por lembra-lo que nem sempre ter o melhor é suficiente. Há um passo anterior a realizar, é preciso que as pessoas saibam que aquilo que você acredita ser o melhor existe. E para começar, um número muito reduzido de pessoas no Brasil conhecem os pratos do lado de lá, e quando o fazem acabam levando gato por lebre, muitas vezes com resultados desastrosos, deixando uma má impressão sobre os sabores do Peru.
Então, o desafio passava por duas questões básicas: dar acesso irrestrito, sem as barreiras de preço, gerando um produto do tipo “amostra quase grátis”, e construir uma ponte relacional entre as duas culturas.
Sabendo que o Baile dos Amigos, idealizado por Sergio Bylucas Brilhante e sua Trupe acontece no Bangu Atlético Clube, time de futebol com presença marcante, nesse que foi o bairro onde rolou a primeira bola de futebol no Brasil, e tendo em suas cores o vermelho e o branco, só restaram as certezas. No lugar de fantasias pesadas e típicas, com Lhamas e cobertores apropriados ao frio, a camisa da seleção peruana, de mesmas cores faria um casamento perfeito.
Compreendido isto, cabia selecionar os personagens para compor a cena. Então, da parte gastronômica o prato POP, o CEVICHE seria a opção principal, a um precinho de um galeto de padaria, de uma porção de pastéis. E na interação com o povo, algum jogador de apelo popular que chamasse atenção pela sua empatia com as torcidas de times brasileiros. Surgiu naturalmente o nome de Paolo Guerrero, conhecido e querido por todos daqui e de lá. Um jogador de técnica refinada, chute preciso e inteligência, que veste hoje as camisas de seu país e da nação rubro-negra.
Realizar para o Baile nesse carnaval, um prato em sua homenagem, o CEVICHE DO GUERRERO, foi o mínimo que pudemos fazer.
Sabendo de sua simpatia, não duvidamos que apareça na área para prestigiar o evento. Certamente que nossas aspirações já começaram a lhe enviar bons fluidos. Nessa noite em que o Urubu enfrentou o Galo, o artilheiro finalmente desencantou, com um primeiro gol daqueles que já coloco na galeria das pinturas do futebol. Com poucos contra muito mas em uma jogada de velocidade, prevaleceu a inteligência na movimentação e entrosamento, com finalização perfeita.
Nada melhor do que festejar o fim do jejum de gols, abrindo os serviços nesse pré-carnaval, experimentando uma das culinárias mais apreciadas do planeta. Considero indispensável a escalação de pelo menos duas peruanas, representando a torcida feminina pelo craque, que já tem nesse assunto passe fixo. Possui um bom gosto excepcional também nesse quesito, acostumado as belezas de seu lugar.

POR FAVOR CHAMEM O ÉRICO!

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Foi quase um chamado de ambulância. Um SOS prá saúde, onde Ministros vão a TV sugerir que aceitemos recém-nascidos sequelados, em lugar de prevenir a epidemia dos três cavaleiros do apocalipse. Por favor chamem o médico, aqui recebeu outro nome, em outra praia, ou melhor quadra. O quadrante mosquito habita entre nós. Mas nem tudo são espinhos.
Na literatura brasileira fui seduzido por muitos escritores quando mais jovem. Um deles, Érico Veríssimo, escreveu dois livros marcantes para mim. De um deles saiu uma personagem que depois foi frequentar outras de suas obras. Uma jovem de treze anos chamada Clarissa. Corta a cena. Daqui em diante ou você vai ler o livro, ou assistir as partidas de Clarissa Santos.
Essa menina desconhecida do público brasileiro entrou com vontade e amor ao Brasil. Já disse a que veio ao furar o boicote dos clubes nacionais, que impediram pelo menos sete atletas convocadas de jogar. Mais uma daquelas babaquices que só acontecem no país das valas a céu aberto.
Mas isso não seria motivo suficiente para destacar essa mulher de pele cor de ébano, forte, bem servida, consistente. Demonstrou ser o ponto de equilíbrio de um time em formação. Fez três partidas vibrando na mesma altura das estrelas Erika e Iziane, que na última partida não estava em seus melhores dias. Gostei do que vi. Não foi suficiente para encarar as australianas, num nível muito acima da nossa realidade. Quase perfeitas nos arremessos de três pontos, com quatro jogadoras acima de 1,93 cm e organizadas, entrosadas, apenas a passeio no Rio de Janeiro.
As três partidas contra Venezuela, Argentina e Austrália tiveram pelo lado brasileiro apenas duas jogadoras em ritmo constante que fizeram a diferença e uma delas foi a minha preferida. Tem muito chão pela frente, vai evoluir até as Olimpíadas e tenho certeza que o Barbosa saberá extrair desse talento o melhor para o time. Sempre começa mais tímida, mas vai crescendo dentro da partida e ao longo da competição. Na base da humildade, progrediu e ao final, cestinha contra as melhores com seus vinte pontos.
Boa no ataque, boa na defesa, merecia um escritor melhor para sua resenha e uma série de entrevistas. Fica agendado.

COMEÇA O AQUECIMENTO: AS MENINAS DO BASQUETE

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Foi um começo promissor. Ao chegar no primeiro evento-teste do ano em que teremos as Olimpíadas no Brasil encontrei no canteiro de obras o Mauro Teixeira e um amigo, que por lá está faz menos tempo que ele, que viu o lugar quando tudo ainda era só barro. Aquele carioca, de bem com a vida, de família mineira e bom de samba, ele começou sua vida profissional como ajudante e depois se tornou betoneiro. Nesse finalzinho das obras já comemora o fato de ser ajudante de meio-ambiente e de estar estudando para se formar em técnico de edificações.
O orgulho desse brasileiro em estar trabalhando na Construção daquele Pólo Olímpico é de arrepiar, como o foi ver as seleções do Brasil e da Austrália. Atualmente a segunda no ranking da FIBA (Federação Internacional de Basquete), entrou em quadra sem tomar conhecimento da seleção argentina, no jogo de abertura do Torneio. Fiquei impressionado com a diferença de altura e me chamou atenção as diferenças de biotipo entre os dois times.
Faz uma grande diferença no esporte hoje a obediência a uma biometria que acaba proporcionando aquela supremacia do corpo. Com três longas e muito altas, além de fortes e técnicas, ficou difícil encarar australianas como Rose Batkovic e Sara Blicavs.
A equipe do Brasil tem um alvo bem definido. Achei até mesmo em evolução. Mas deixou claro que pode surpreender, e nesse sentido pode ajudar muito a torcida. De longe, a peça-chave é a Erika Souza, pois com um giro muda o jogo de um lado para o outro, dando com generosidade as coadjuvantes de sua força, chances de pontuar. O que essa Iziane Castro faz de qualquer lugar e de qualquer jeito com a cesta é brincadeira. Pontuadora fácil e mortífera da linha dos três pontos, cria dinâmicas. Me agradou muito, principalmente no terceiro e quarto tempos, a Clarissa dos Santos. A Ramona Isabela também brilhou. E o time como um todo mostrou um equilíbrio que me agrada em esportes coletivos. Passo a acreditar mais do que quando vamos de uma só estrela.
O trabalho da equipe técnica, um destaque a parte. Quem cuida do aquecimento como essa turma, tem tudo para garantir uma longevidade para um grupo em ascensão. O placar de 114 para o Brasil contra os 41 da Venezuela poderia ter sido até mais elástico. Sem ter bola de cristal, para mim, a coisa se decide no domingo, no confronto entre Brasil e Austrália.
No sábado, por decisão do Comitê Organizador, a imprensa não estará por lá. Achei inusitado, para dizer o mínimo.

INGRESSOS E PÉ NA BUNDA

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Na Copa do Mundo de 2014, quase fui preso por causa desse cabra da peia, que bem deveria ter sido levado para uma sessão com o chupacabra numa de suas passagens pelop Brasil . O nome dele é Jérôme Valcke. Passava por aqui falando um monte de merda, digerida e consumida de forma acrítica pela imprensa domesticada pelos valores de patrocinadores. Foi dele a frase sobre “o chute no traseiro”. Agora é o dia dele. Pé na bunda dele, pau na bunda dele! Comemorarei como poucos, tomando uma garrafa de água Perrier, acompanhada de minha nova marca, a água APERRIADA, ao som de MATUTO APERRIADO (1962, ano do bicampeonato do Brasil no Chile) na voz de Luiz Gonzaga.
Finalmente ele levou o merecido pé na bunda. Fudeu com a vida de cambistas locais e se tornou o cambista monopolista. Obrigou a implementação de um estado de exceção, da Dona Dilma “de quatro” que depois deixou o Braisl “de sete”, já sabendo que até poderíamos ter dançado quadradinho de oito. Não era mais o quadrado mágico.
Vocês gostarão de ler as histórias, que evidentemente não começam no encontro com duas belas funcionárias, as primeiras a chegar de Zurique, que me atenderam para agendamento dos “Day Pass” e me deram a certeza de que aquela desorganização já era fruto de um conluio de controle obscuro, cheirando a merda.
Com uma aparelhagem toda ela contaminada e com decisões que descumpriram a regra do jogo, suspendendo direitos comprados a peso de ouro, até suítes foram montadas dentro dos estádios. Os valores de venda extrapolaram o que a Lei já esgarçada determinava. Operaram sem limites, donos da bola, donos do mundo, acachaparam a galera local, que se submeteu por alguns centavos.
Agora parece que meu livro “INGRESSO” (do italiano porta de acesso) vai ganhando mais sentido
.

ADORO CARTOONS E TRANSFORMERS

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Não poderia ser melhor o momento para a estréia no mundo do futebol para o cartunista Mario Alberto. Pegou a cauda do cometa que é a ida de jogadores do atual campeão brasileiro de futebol para a China e Cia. Deixo minhas congratulações ao profissional, pois adoro cartoons e seus criadores são responsáveis pelo frescor e alegria dos editoriais. No dia 7 de janeiro do ano passado, assisti de Bogotá a o ataque boçal a arte e a liberdade de expressão.
O viral JE SUIS CHARLIE foi uma resposta insuficiente ao episódio inaceitável, que acabou reeditado mais ao final do ano, dessa vez sem aqueles argumentos toscos de quem achava estar justificando o ataque a uma classe sem respeito “ao povo de outro lugar”. Um curto tempo foi necessário para demonstrar que a coisa não era pessoal e intransferível, muito pelo contrário, foi chegando a gente simples que vai a cafés ou casas noturnas e shows de rock. Estava quebrado o tabu. As crianças, mulheres, idosos e animais e cidadãos comuns são alvos mais fáceis que os preparados para te enfrentar. Então é bom reinterpretar como o ano de 2015 começou, suas interpretações e como ele terminou.
Por isso trago um par de botas, as NIKE MAG, projetadas pela empresa especificamente para participarem do filme De Volta Para o Futuro II. Os primeiros 1510 pares foram vendidos (1.500 pares) ou leiloados (10 pares) para a arrecadação de 9,4 milhões de dólares para ajudar o desenvolvimento de pesquisas sobre o mal de Parkinson. Isso é para mostrar como o esporte tem muita relação com a saúde, diferentemente do que certos idiotas, como o Chefe de Gabinete do Estado do Rio de Janeiro, jogando para a torcida, quer nos fazer acreditar. Esse filme a gente já viu… E só tinha bandido na cena. É ansiosamente esperada uma nova versão do mesmo tênis, anunciada em 2015, para março desse ano. É certo que esse ano de 2016 nos reservará muitas boas novas. O leilão será o modo de operação dessa série, a meu ver artística-histórica, uma aula, Sergio Bylucas Brilhante.
Antes disso, teremos a oportunidade de visitar uma outra aula de arte high-tech, no Barrashopping. Os museus não são mais os únicos lugares para exposições de interesse ao público. Os Transformers estarão entre nós, os mocinhos e os malvados. O artista asiático Jienyue Zhou merece uma visita dos curiosos por esse mundo inundado de antropos. São bichos que falam como gente, carros com personalidade, objetos inanimados do mundo quântico. O homem como centro é uma realidade supra-selfie (por favor grifem a última frase).
No ano passado visitei esse Shopping para ver o roteador Wi-fi mais rápido do mundo. A galera de Taiwan sabe que nosso mercado é quente. Não por acaso, Epson, D-Link e tantas outras marcas por aqui consumidas investem na nossa praia, e o termômetro é a Barra.
Não sei se a China ainda será meu destino. Por pouco não estive lá nas Olimpíadas que para mim revolucionaram os conceitos de arquitetura no planeta. A China aproveitou o “spin” promovido pela presença olímpica para crescer a uma taxa de 20% seu PIB. Foi o seu momento mágico, soube tirar proveito. Alguns anos atrás, imaginei que o Brasil teria a mesma sorte. Estava equivocado. Não contava com a incompetência e grau de bandidagem tão acelerado que contaminou num patamar inimaginável o setor público nacional. Estaremos fazendo essa Olimpíada na conta do chá, por falta de um grau de responsabilidade mínimo por parte dos gerentes locais.
Repetindo histórias de mesmo enredo e por falta de uma visão de continuidade e mais dirigidos ao oportunismo predatório, ao primeiro ataque hostil, diante da fragilidade, o time de Tite é desmantelado. Sempre disse em nosso programa Mosaico Esportivo que um time campeão é mole de ser destruído para competições internacionais. Basta ser comprado. Também já vimos esse filme antes. Imagino que Marcelo Barros deva ter as gravações para que eu não tenha que repetir as mesmas teses.
O negócio do futebol está internacionalizado de forma irreversível. Cabe a nós aprender a lidar com essa configuração. Já escrevi por aqui que dos 5 candidatos a presidência da FIFA em fevereiro agora, 2 são Sheiks. Do mesmo modo que os árabes tem uma influência direta nos negócios do futebol, economicamente falando, na Europa, os chineses nos escolheram como a melhor estratégia de escalada para o sucesso. São potência olímpica, serão também do futebol. Com ou sem jogadores nascidos em território asiático.
E o melhor lugar para começar essa garimpagem, certamente é São Paulo. Ali se concentram as maiores colônias asiáticas do país. É ali que estão as afinidades de relação industrial e do modelo econômico em curso. Só precisamos estar atentos a um certo grau de dependência a uma sociedade capitalista e escravocrata, comandada por um tipo de socialismo-comunismo de fachada. O modelo chinês nunca me convenceu. Sempre me lembrou os povos escravos do antigo egito, dirigidos aos sacrifícios para construção das pirâmides.
O melhor lugar ainda é aqui, bem fez o Pato que como eu, comprou seu próprio tempo futuro.

JOGOS VORAZES, MANGÁS E CORTEZ

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Há jogos e jogos.
Ano passado, exatamente nessa data estive jogando um futebol em uma cidade colombiana, chamada Quibdó. Uma experiência que rendeu três documentários inéditos, sobre futebol, música e carnaval daquele país. Agora foi a vez do Japão aterrisar no Brasil, pelas mãos de atletas vivendo naquelas bandas.
Participar de um amistoso, como amigo do Bruno Cortez foi uma honra para levar para a história. Afinal Bruno Cortez, hoje no Albirex Niigata do Japão segue pelo caminho aberto por um brasileiro que lá foi elevado a uma espécie de deus do futebol, Zico. Em 1991, aquele que foi o maior ídolo do futebol carioca que vi jogar, praticamente do início ao final da carreira, me encheu de alegria. Uma alegria que esteve presente, de um outro modo no dia de hoje, nessa festa que teve como anfitrião o lateral que quando vi jogar pela primeira vez, percebi um potencial, traduzido em uma carreira bem sucedida. Talvez não seja um lateral adequado as mãos de alguns treinadores, face a modernidade da proposta de seu estilo. Um atleta leve e vertical, dono de uma simplicidade imediata.
Fora das quatro linhas, uma preleção digna de um gentleman, lembrou a todos ali presentes que o maior desejo era de que todos saíssem do combate ilesos, uma prova de que a competitividade não deve ultrapassar no esporte a humanidade e a saúde, razão principal para o qual existe. E foi assim que aconteceu. Do início ao fim, um amistoso tranquilo, apesar do calor de verão carioca.
Não houve tempo para explorar o cotidiano que um jogador estrangeiro vive num país tão diferente, cultural e etnicamente falando, saber se já fizeram algum mangá em sua homenagem e afins. Só pude perceber que Pablo, seu filho e jogador-mascote do time é um jovem adorável e esperto.
Que as partidas de futebol sejam sempre um motivo para conquistarmos títulos, resultados, e principalmente amizades. Creio que o dia de hoje foi uma prova de que para um jogador de futebol, chamar um outro para jogar é apenas um pretexto para conviver, compartilhar a vida, dividir a ceia.
Não posso terminar esse texto sem deixar o agradecimento ao amigo Flávio Trivella, organizador desse belo lance e parabenizar o talento de Divino Euzebio Santos, narrador formalíssimo, repleto de segredos para a longevidade da voz de tom metalizado, que um dia estarei autorizado a revelar. Sei que a geração de rádio da escola que ele admirou me condenaria pelo excesso, mas nesse caso é natural, pois já estão todos com mais de cinquenta anos, no mínimo. Alguma vitalidade e ousadia deve ser injetada nesses novos pulmões, seja nos microfones ou dentro de campo. As novas gerações já estão aí, acenando com demandas que serão atendidas por alguém.
Então que sejamos nós, ou melhor vocês!

TUDO PRONTO PARA AS OLIMPÍADAS RIO 2016

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Até aqui são dois anos de preparação bem dosada para a reta final. O ano de 2016 promete entrar para a história do mundo, o Brasil incluído, o Rio de Janeiro como protagonista. Não ganharemos o título de potência esportiva, seria demais. Mas garanto que de nossa parte semearemos uma base educativa, capaz de ser campeã.

Vem muito mais por aí!

UM VASCO DE FÉ

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Em 2013 o Vasco acreditou até o fim. E os noticiários do dia 8 dezembro confirmavam dois times cariocas na segundona. De mãos dadas, estava anunciada também a queda do Fluminense. Seria a primeira vez que dois times grandes cariocas visitariam ao mesmo tempo a segundona.
Fui com amigos cruzmaltinos, Liberato Póvoa​ e sua turma, assistir e fotografar a partida entre o Cruzeiro com o Vasco, onde só a vitória interessava. E vi um time aguerrido, que ganhou daquele que receberia a facha de campeão num jogo até hoje polêmico, com o Flamengo. O placar foi 2 x 1. Nesse campeonato, vi uma jovem revelação, o Marlon, jogar um futebol diferenciado, que o levou para o Cruzeiro no ano seguinte.
A fé remove montanhas. E a torcida vascaína sempre deu mostra de que acredita em seu time. A fé de 2013 também se fez presente no ano de 2015. Não foi suficiente, é verdade, para livrar o time da sua  queda. Mas é dessa fé que nasce o superação. Há uma coisa que não se pode negar ao time cruzmaltino. Lutou com dignidade até o fim. O mundo do futebol tem seus percalços, é uma roda gigante. E o Gigante da Colina não está imune a ela.
A fé de um Jorginho em lágrimas foi um episódio comovente. O rapaz em evolução se entregou, se sacrificou, pouco dormiu em noites de desespero. A cena do inferno o perseguia diariamente, e era natural que lavasse a alma com água e sal. O time correspondeu plenamente a sua conduta de fé, seriedade e respeito ao torcedor. Seu scalting seguiu a cartilha de um futebol moderno, onde o time mais fraco precisa primeiramente não tomar gols, e só então partir para construir o resultado, as vezes, por uma bola mesmo. Foi isso que vimos na Copa do Mundo, entre as melhores seleções do mundo, exceção a nossa, que também por isso, levou de 7.
Creio que mesmo perdendo a última vaguinha da primeira divisão, o Vasco saiu sim, vencedor, sem jogar o fino da bossa, consciente de suas limitações, e com uma credibilidade que faltará ao grupo do Flamengo, esse para mim, o maior mico do campeonato desse ano.
Parabéns Jorginho, pela fé e aplicação. Independentemente do que se fale acerca de problemas raciais, discriminação por classe social, no caso do centrado e “em paz” (para usar uma expressão do Sheik) Cristovão, creio que falta a ele essa vontade de ganhar, que ficou patente no trabalho desenvolvido nesse Vasco. Acuso uma certa zona de conforto, uma tranquilidade que as vezes atrapalha um profissional, quando a expectativa que se tem dele é alta, pois que preparado, mas sem a postura mais incisiva que define o perfil de campeões. Técnicos como Cuca e Cristovão podem ganhar, mas não fazem parte da minha preferência, nos termos atuais em que apelam para a adrenalina necessária a prática de um esporte viril e técnico.

ESPORTES, TUPI E O SLOGAN: “EU ACREDITO”

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(OU SOBRE OS CRENTES DE OCASIÃO)
Chegou a hora de capitalizar. Numa aposta infundada lá atrás, com os seus meros treze pontos, quem poderia acreditar num outro desfecho senão a segunda divisão? Mas o fato é que o improvável segue no limiar entre o milagre e o impossível. Não é tão ruim quanto parece. A pressão para o Coritiba foi reduzida ao mínimo, e já não compete num confronto direto com o Vasco pela vaga. Se safou antes. E isso pode ser um fator a se tirar vantagem. Sendo assim, o jogo de vida ou morte para os dois, vira um jogo de vida ou morte para o Vasco, único ali com a obrigação de ganhar a qualquer preço. Pode ser melhor assim, e assim ganhar. Parte I cumprida.
Aí entra em cena a parte II da missão. Com um jogo entre o campeão brasileiro, em casa, contra o modesto time do Avaí. Sinceramente, essa partida é para se ter na agenda. Em que pese o fato de que o Tite já deu férias aos seus comandados, lá não funciona como no Flamengo. Apesar da derrota contra o Sport, um time superior tecnicamente ao próximo adversário, não creio que faria bem ao timão amargar duas derrotas consecutivas e terminar o campeonato em descendente. Cravo aqui no máximo um empate.
Já a parte III, bem essa tem uma dimensão totalmente política. E passa por um time carioca, que ao longo desses últimos anos vem sofrendo dissabores no embate fora das quatro linhas com o time de São Januário. Isso certamente afeta o clima da partida. As férias de Fred, o desinteresse pelo time de Gerson e os rumores sobre a venda de Jean, deixam o time mais fragilizado? Talvez. Jogar fora, no caldeirão do time que precisa do resultado? Essa é a pior situação. Dos três deveres de casa, um direto e dois indiretos, talvez esse seja o osso mais duro. Não pela qualidade do Figueirense, mas pelas circunstâncias.
Assim, envolvida numa nuvem espessa de emoções, cai como uma luva agora, torcer pelo improvável, a recolher a natural audiência que esse drama oferece. Os especialistas em lucratividade dos negócios em mídia, terão uma semana de bom rendimento. Mas há muitos outros focos de assuntos para gerar a cesta básica de final de ano. Pessoalmente, os escândalos e a primeira prisão de um congressista após a Constituição de 1988 parecem ser mais atrativos para a imprensa e população. Mas é só uma impressão. Não tenho os números cruzados sobre as múltiplas agendas.
Uma coisa é certa, o maior veículo de rádio do Rio de Janeiro já encampou a promessa de torcer pelo Vasco até o fim. Afinal é um time carioca, uma potência e tradição do país. Os ensinamentos de Marcelo Barros, e sua filosofia pró-carioca, os clubes, a nossa cultura, o jeito de ser, são um sentido novo a uma maneira “isenta” de se fazer a cobertura esportiva. Torcer ao analisar não é pecado. Brincar um pouquinho para desopilar, também não. Creio que o momento dos times daqui pedem um pouco mais disso.
Olhando para a escadinha dos quatro grandes, vemos um saindo da segundona, um correndo risco de cair, e os dois na beirinha, com campanhas pouco convincentes. Esse foi um dos piores anos de resultado coletivo de times cariocas dos últimos tempos. Quem sabe não aprendem a discutir coletivamente, como os “clusters” de vinho da Califórnia ou as grifes de óculos sofisticados italianas? Um time carioca forte, ajuda a fortalecer a regionalidade de nosso futebol, no lugar onde a primeira pelada foi jogada, onde a alma desse espetáculo é de uma beleza sem adjetivos, premiada com um Maracanã. Olhar para esse conjunto da obra pode ser interessante, quem sabe esse momento sirva como ponto de inflexão?

SÃO PEDRO, VASCAÍNO POR UM DIA

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Era uma tarde abafada de domingo, programada para assistirmos a melhor de três, onde ao Vasco só caberia ganhar, e torcer para o tropeço dos seus concorrentes. O jogo era para iniciar as cinco da tarde, uma hora antes daquele envolvendo seu adversário da próxima rodada, numa partida que valeria seis pontos, dependendo dos resultados dessa. Quiseram os deuses do futebol que a partida fosse então cercada de cores mais dramáticas do que as já pensadas suficientes. As nuvens de um cinza escuro se avizinharam, dando o tom impiedoso e plúmbeo aquela cena, quase de terror, me avisava Márcio, um pouquinho antes do vendaval, da chuvarada e das decisões e informações truncadas sobre a realização ou não da partida naquela tarde que já se fazia noite. A conta era simples, o Santos teria o meio de semana para decidir com o Palmeiras quem será o campeão da Copa do Brasil. Na hipótese de adiamento, portanto, a partida do Vasco teria que acontecer após o jogo da última rodada do campeonato brasileiro, gerando um vazio de sentido a própria partida.
Numa bate-papo que antecedia minuto-a-minuto ao desenrolar dos fatos, previmos quase tudo com uma taxa de acerto bem elevada. Era um time informado e razoável. Não cabia apenas todos os desejos de resultados favoráveis, mas discernimento sobre o andar da carruagem. E ela andou bem. O sistema de drenagem funcionou de forma impecável, apesar dos vestiários terem ficado alagados, e os jogadores puderam transitar por entre a torcida, sem hostilidades. A chuva orquestrada por São Pedro, deixou o clima mais ameno, o jogo corrido, e pelo menos quatro oportunidades reais de gol para o time cruzmaltino, antes do penalti convertido com maestria.
Ao meu lado, sem que eu soubesse, uma profecia se cumpria. Um dos jovens mais talentosos que conheci, dessa geração apaixonada pelo futebol, mas que sabe também analisar a situação no campo de batalha, me acenava com seu pai, feliz por estarmos ali, naquele encontro tão sonhado, no mesmo dia. A vitória era o único caminho possível. E aconteceu. Nós, já sabíamos que a outra competição interferiria diretamente no resultado dos jogos dessa semana. Só não esperávamos que o mesmo fosse acontecer com o time do Palmeiras… Também falhamos no escopo da avaliação. Um time em sua própria arena, de tradição, perder para o frágil Coritiba não fazia parte do enredo. Mas até isso foi assimilado.
Numa partida de futebol, pode acontecer de tudo. Dentro e fora das quatro linhas. Emoções entre as partes, paixões, sentidos a flor da pele, injustiças, tudo isso lavado pelas águas, pelas bençãos de mãe natureza, a quem a grama agradece. O gramado ama água, e em muito breve estará mais verde, lindo mesmo, a espera de mais partidas, dos hinos, da trama de destinos insondáveis, como os que a próxima rodada reserva ao time de São Januário.

OS NÚMEROS NUNCA MENTEM NO FUTEBOL?

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Mais fácil adivinhar os números das peças de roupa das modelos, ou usar a fita métrica? As duas coisas, para quem é do ramo. Assisto do camarote da matemática as previsões disseminadas pela imprensa especializada esportiva. É curioso que em pleno século XXI ainda sejamos submetidos as infelizes “verdades absolutas”, especialmente quando se arvoram de científicas. A estatística é uma ciência exata e aplicada, filha da matemática. Mas não é a fonte geradora dos fatos, apenas sua métrica.
Os algoritmos utilizados por sites como os da galera do INFOBOLA são úteis para uma primeira aproximação. Mas do ponto de vista mais refinado, são pobres. Porque precisam seguir a mesma receita de bolo, do início ao fim do ciclo de análises. A realidade é dinâmica e muda, mas a modelagem não pode fazer o mesmo, se enriquecer com a experiência, na medida em que o tempo e novas situações são identificadas. Isso exigiria algoritmos genéticos e outras ferramentas para melhorar um pouquinho a situação. O amigo Marcos Cavalcanti​ e outros cientistas do meio, amantes do futebol podem falar melhor disso do que eu, lá da COPPE, UFRJ.
Me interessa enfatizar aqui o caso da parte de cima, esses tais candidatos ao G-4 e os da parte debaixo, os candidatos ao rebaixamento, do Z-4. Começando por cima, com três vagas praticamente já ocupadas, só resta uma a disputar. E ali estão três times dançando em torno da cadeira: São Paulo, Internacional e Santos.
Nesse primeiro caso, explico porque os números mentirão. Há duas competições em curso, o Brasileirão e a Copa do Brasil. A final da Copa do Brasil terá uma influência DETERMINANTE nos resultados dos jogos envolvendo os times do Santos e do Palmeiras. E esse efeito já vem de antes. Dentro de uma estratégia de garantir a presença na Libertadores, o peixe colocou reservas e perdeu para o Cortiba. É claro que tem a maior parte de sua energia canalizada para vencer a Copa do Brasil. Então, a cadeira vaga do brasileirão ficaria entre São Paulo e Inter, empatados em número de pontos. Correm o risco de desempatarem no saldo de gols.
Indo para a parte de baixo da tabela, são cinco times diputando as três vagas de rebaixamento. Isso porque o Joinville já foi pro saco. Então, Goiás, Vasco, Figueirense, Avaí e Coritiba seguem na disputa, com “riscos” calculados em torno de uma realidade envolvendo todo o campeonato e o mesmo critério. E isso é uma falácia das maiores. Se pudermos limitar nossa realidade, veremos claramente que entre todos, o Vasco foi quem teve o melhor rendimento nos últimos jogos. Essa tal de média móvel que o modelo dos caras não usa, é bem aproveitada por analistas do mercado financeiro. Tem melhor rendimento para que ganha dinheiro investindo dinheiro com algum risco.
O Avaí e o Figueirense, constariam na minha lista para essa rodada de cadeiras que ainda sobram, por simples preferência. O Goiás, infelizmente na lista dos candidatos a segundona. E o jogo Vasco e Coritiba, a verdadeira decisão “invertida”. Fatores como “jogo com portões fechados ou abertos” por lá, e a intensidade das equipes no momento do “conflito final” são bem mais relevantes do que apenas os números. Quando você olha para uma contabilidiade ou uma tabela dessas, é preciso tomar cuidado para não tirar conclusões precipitadas. E isso, só considerando os componentes transparentes dessas disputas. Há um sem número de situações extra-campo que podem interferir decisivamente para um resultado qualquer, num jogo. O foco reduzido em apenas duas partidas faz com que alguns poderes possam se aplicar com mais controle.
Há muito que aprender nesse negócio de exercitar simuladores. Mas o que eles não podem fazer com a juventude é emburrece-la, apenas com os resultados imediatistas da última rodada, e aplicar esse critério para selecionar, por exemplo, os melhores do Brasil. As preferências existem. A torcida também. O analista idem. E as estatísticas, apenas uma, entre uma série de outras ferramentas de apoio a decisão. O número que você adotar hoje, pode ser o seu oposto em 24 horas. E o superficialismo de uma certa matemática, é descartado imediatamente, pelos que no dia anterior recorreram a ela para explicar tudo, caída, como um corpo combalido no cemitério do esquecimento.
O jornalismo do minuto-a-minuto continua a produzir falsos heróis. Mas é certo que continuarão tendo a melhor parcela da audiência e consequentemente dos lucros. Os negócios midiáticos tem esse alicerce de sucesso. Nada de novo. Mas uns gatos pingados podem ler, duas décadas depois, algumas palavras que mereçam alguma credibilidade. Espero estar contribuindo para que elas sejam escritas, fora das Centrais de Jornalismo da Obviedade.

VASCO DA GAMA: EPISÓDIO II

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O filme Guerra nas Estrelas segue para o seu episódio VII, estreando no Brasil no dia 17 de dezembro. O Vasco jogará sua rodada derradeira no dia 6 de dezembro. Os Episódios desse épico marcaram época no cinema de ficção científica. O lado negro da força ganhou um dos seus maiores personagens. Ele não se compara com o zagueiro Rodrigo, que veio do Goiás para São Januário, que é também algo da força entre o mau e o ruim. Há diferenças entre essas duas categorias de análise. Um grotesco estabelecido no futebol, de fraco nível técnico. Antes que “O DESPERTAR DA FORÇA” entre em cartaz, é possível revisitar todos os filmes do que era uma trilogia e ultrapassou minha capacidade de classificação. Quero ver se assisto todos os filmes, antes da estréia, com a ajuda da garotada, que nem era nascida quando tudo isso começou.
Um dos meus episódios preferidos é “O Ataque dos Clones”. Creio que serviria como preleção para a Comissão Técnica do Vasco da Gama. Os caras também merecem uma recuperação das etapas vencidas pelo time. Uma espécie de antes e depois, com uma linha demarcando a virada da atitude, que para mim, aconteceu em cima e graças ao Flamengo.
Quem se der ao trabalho de caçar minha avaliação sobre o astral do Trem Bala da Colina, desde a entrada de Jorginho e a mudança completa de postura, de dinâmica tática, de disciplina e principalmente alegria em campo, sabe do que estou falando. Vai acabar em livro. Direi que nesse momento, já independe do resultado, pois já ganhou algum respeito e resgatou a credibilidade da casa, um pouco afetada por talentos precoces que foram desmotivados por decisões de péssimos orientadores dos mais jovens, que se perderam pelo caminho, como Thales.
O enfrentamento que não vemos num Flamengo sem perspectivas as vésperas das elições, que não pode sequer fazer contratações, mas que na prática fica por aí, plantando especulações como a contratação de um inexpressivo Chiquinho, para o lugar de um colombiano que sequer jogou pela lateral, e que quando entra, já o faz para ser expulso. Entre o ridículo e o inaceitável, qualquer um, do técnico ao diretor já perderam as rédeas sobre o que fazer. Todos perdidos na Gávea.
No capítulo anterior, avaliei o resultado contra o Corinthians longe do ótimo, mas também sem representar uma tragédia. Tite enfiou um balaio de 6 x 1 no São Paulo e o Vasco, como se comportou? Dentro da sua média, dessas rodadas dignas, dos empates que antecederam duas vitórias decisivas. A que enterrou o primeiro time para a segunda, confirma minhas suspeitas. Antes de um cruzmaltino, há muitos outros times para pegar a barca do inferno da segundona. Em que pese o interesse econômico da TV de ter um time de grande expressão de torcida nessa divisão, não seria justo com o futebol praticado, em comparação com os seus pares.
Pelo lado do Coritiba, já não foi legal. O Santos, se preparando para enfrentar o Palmeiras na final da Copa do Brasil, tirou todo o seu time titular de campo (diferentemente do Corinthians em São Januário) e com o estádio vazio (será que será assim também com o Vasco, na última rodada?), se posicionou melhor para um provável jogo decisivo para a última vaga no Z-4.
Algumas hipóteses, incluem um Santos campeão da Copa do Brasil, favorecendo assim a vida do Vasco, que pegaria um time sem qualquer ambição para o Brasileirão, bem relaxado após uma festa de arromba pela ida para a Libertadores.
Um Palmeiras ferido, cairia bem para encarar o Coritiba em casa e simplesmente ganhar, para assim deixar tudo bem ao feitio do bacalhau. Aqui entre nós, dentre os medianos, que foram afinal todos os demais, excetuando-se o time de performance inquestionável, o campeão, tudo pode melhorar e a tradição vascaína merece enfrentar 2016 numa situação mais confortável.
No aspecto extra-campo, um campeonato que ainda não terminou, mas que recebe um campo do Palmeiras com gramado destruído após show, prejudicando a partida entre Fluminense com o time da casa e hoje, Pearl Jam, no Maracanã, no lugar de algum time carioca. Sinceramente, o templo do futebol vai perdendo significado, em que pese a tara de algumas amigas que juraram orgasmos múltiplos ouvindo o Eddie Vedder e seus grunhidos. Mesmo sabendo que foram a única banda a tocar no Brasil, do país ou não, a doar seu cachê para ajudar nesse desastre ecológico, chamado de Mariana, mas que é muito mais extenso, envolve a bacia hidrográfica e finalmente o mar, sim o OCEANO. Tudo isso é por demais importante, e nada disso excludente. É possível ser um apaixonado pelo futebol e amar o planeta. É possível doar cachê, mas respeitar o gramado do Maracanã, e o calendário do principal campeonato do país.
Não costumo apostar, mas o Vasco se salva, no limite e com sobras. Os algoritmos de alguns matemáticos que conheço, fraquíssimos, sem parâmetros enriquecidos de quem conhece a inteligência sutil de um negócio muito, mas muito complexo. Estão fazendo contas de somar e dividir, em tempos de matemática fractal, lógica caótica e sistemas dinâmicos de alta complexidade. Os caras introduzem a entrada em campo de um time reserva? Eles consideram a disputa de duas competições? Fraquíssimos números frios e sem a análise qualitativa, tão importante nas pesquisas de marketing, por exemplo.
Modéstia a parte, está na hora de melhorar esse tipo de cobertura. Quando comecei a falar da linha de tendência, nos programas do Mosaico Esportivo, ela ainda não existia como aconteceu depois no Globoesporte. Os amigos Marcelo Barros, João Oliveira, Luiz Felippe Reis, Edison Viana, Gonçalo Luiz Ribeiro, Aurelio Rocha Rocha, Maycon Santos, Euzebio Santos, Flávio Trivella e outros, podem reiterar o que disse e digo. Não existe mágica com os números, embora existam mágicos e malabaristas dos mesmos.

DE TREM, DE BONDE OU DE TRIBUNA?

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Foi no jogo decisivo para os dois, onde apenas um decidiu seu destino. O do outro, para muitos amigos, já traçado, vencido nas bancas de aposta. Mas o que eu fazia ali, após um palpite de sobrevida e uma certeza de ascensão digna, fosse em qual fosse a divisão? Não sei. Mas o destino me proporcionou a experiência mágica, que nenhum irmão vascaíno teve nesse dia, que entrou para a história do futebol brasileiro. O Corinthians se tornou campeão! E aqui, tenho que comemorar, por pelo menos quatro razões.
A primeira é bem antiga. E foi uma paulista, daquelas de dar água na boca. Gosto do sotaque feminino de São Paulo. Ela me cativou por esse lado, e seu filho, um adolescente Corinthiano, tinha loucura para ir a assistir uma partida de futebol num estádio. E fomos lá. Era um jogo onde Ronaldo Fenômeno marcaria dois gols contra a Ponte Preta e o Felipe levaria o frango que entregou o empate ao time visitante. Saímos felizes de ver o cara que transformou a dinâmica comercial do timão, o garoto midas da Nike, que sabe tudo da coisa comercial do futebol. Faz golaços dentro e fora de campo. Ali a transformação já estava em curso.
Mas o que aconteceu a seguir, com a realização daquele que considero o Estádio mais bonito do país, onde me acomodei com liberdade e fui acolhido num jogo entre Argentina e Suíça, aos gritos, pela torcida Corinthiana, foi uma experiência transcedental. Passava pelos lugares, com aquele cabelo do “yellow” e era sempre algo parecido. O Biro Biro ficou marcado nas idas ao Itaquerão, caçando brazucas, para o Concurso promovido pelo Mosaico Esportivo. Ali, foi inevitável assinar um acordo de paz, me tornando “ídolo honorário” pelos dias de presença ao lado daquela turma calorosa, que secava los Hermanos como ninguém no Brasil.
Foi só depois da última passagem pela transformação para assumir um papel mais latino, cabeleira de Valderrama, que me dei conta das múltiplas possibilidades que tudo isso traria, como trouxeram. Primeiro, no Festival de Curtas, no Cine Odeon, onde estive para prestigiar a amostra competitiva, onde o filme “Uma Bola para Seu Danau”, protagonizado por Marco Palito no papel do escocês, ao lado da bela amiga colombiana, Lilo Puello. Em Bangu, não foram poucos os que me pediram e gritaram em voz alta o nome do maior camisa 10 da Colômbia (que me corrijam os amigos, Jorge Cardona, Ligia Haydee Olaya Rincon, Claudia Rincon, Jaime Andres Castro Frohard). Depois de tirar uma onda, passeando com Lili na Lapa, apresentando a boemia carioca e a história local da música ali nascida, a efervescência multicultural e a variedade de equipamentos culturais, mal sabia o que me aguardava na semana seguinte…
O celular de Sergio Bylucas Brilhante não parava de tocar. E numa dessas, o assunto foi futebol. E nessa rodada, haviam duas decisões em uma: Vasco e Corinthians era um tudo ou quase nada para uma platéia vip de 15 mil torcedores, mais uma vez por essas decisões de cúpula, que retira do espetáculo a vantagem da grandiosidade. A decisão reeditou os erros que levaram o Vasco a se afastar em 2013 do Maracanã, até cair para a segunda divisão. Todos sabem que venho escrevendo minha aposta pessoal nesse time do Vasco que foi reinventado por Jorginho. Ganhou pegada e consistência, um pouco tardiamente, mas joga mais feliz do que o Flamengo, e isso já faz algum tempo. É meio inexplicável. Mas é isso que sinto ao ver as partidas. Há um espírito vivo pulsando em São Januario e vejo a dupla Jorginho e Zinho muito linkados nesse “turning point”.
Então será que assistiria como privilegiado o jogo da Tribuna do Vasco? Foi o que se desenhou. Mas com as dimensões reduzidas, as margens de negociação se estreitaram, para minha sorte, explico a seguir. Acabei ficando de fora do grupo de privilegiados que partiu para se tornar parte da história do futebol brasileiro. Tal felicidade, só tive no último título do Fluminense, disputado no Engenhão, com o gol de Sheik. O Maracanã estava interditado para a reforma da Copa e registrei com requintes de paixão, aquela conquista, para mim tão carioca.
Retomei as atividades de trabalho, que me levaram a casa de Mauro Mallet no Encantado, que estava todo de pé (ou sentado, dependendo do bar) para ver as duas partidas das grandes torcidas locais: o Flamengo contra o Santos e o Vasco, lá em São Januário, em segundo plano pela TV aberta, mas em primeiro por onde passei. Foi bom ver um novo Centro Gastronômico, com grifes como Barril 8000, e acompanhar o nascimento de uma nova esquina de restaurantes, com o Encantado Mix. Muitos meses distantes daquela atmosfera animada, onde terminei muitas noites do TVNOBAR com Marco Palito, Marcelo Barros (ex-Transamérica) e outros amigos do esporte e da cultura.
Prá chegar ao Encantado, parti de trem do Clube de Xadrez Bangu. E ao escolher uma das quatro portas por onde via gente lotando as composições num horário atípico, fui deixando passar e pulei o mais distante possível da escada de descida de passageiros, a espera de ir menos espremido… Pulei já com as portas se fechando, e me deparei com um grupo de peso da torcida organizada do Vasco, e cercado por todos os lados, ouvi um deles dizer: “ih, é o Biro Biro, caramba!”. Imediatamente, com o repertório treinado para sobreviência e instinto, gritei como réplica: “Biro Biro não! Aqui é Valderrama, tipo Colômbia!”, espichando mais ainda os cabelos, para que ficassem ainda mais distantes do padrão do ídolo do Parque São Jorge…
Um deles imediatamente já me associou ao movimento do pó, pelos traços e estilo, como se essas coisas tivessem rosto especificado. Respondi que já estou sofrendo desse vício, e tenho até uma fornecedora, filha de uma amiga, que a toda visita a sua casa, insiste em me oferecer o pó de TANG de laranja e eventualmente limão! Aí, o clima relaxou um pouco, e alguns caíram na gargalhada.
Mas a parada esquentou mesmo, quando um deles olhou minha bolsa, aberta, com o ziper destruído pela ação do tempo e visualizou meu cammel bag, o kit de sobreviência na selva, que uso para hidratar, com dois litros de água. O bico desse desse artefato já foi confundido com microcâmera, nas atividades da Copa do Mundo e por crianças. Mas daí para o cara me chamar de homem-bomba de Paris em pleno Santa Cruz-Central do Brasil foi demais. Tudo acontecendo em segundos, até que senti minha carteira “escorregar do meu bolso” e cair nas mãos de uma das pessoas atrás de mim. Me virei no espaço de um flash e pedi que me desse, dentro do espírito da brincadeira. A resposta que dei a acusação de ser um representante das Guerras e da violência foi que era da paz. Retrucaram, “paz coisa nenhuma!”, “isso aqui é morte, bomba e porrada”. O clima ficou quente, gostaram do meu óculos. Perguntei se algum deles tinha um ingresso para assistir o jogo em São Januário e um deles me respondeu que sim, mas só lá na Barreira do Vasco. Ali, foi o momento divisor de águas. Queriam saber o que eu iria fazer lá, e disse que gostaria de assistir o jogo entrevistando eles, pois atuava como jornalista esportivo.
Foi inevitável uma fotografia da turma toda. Na verdade três, e a promessa de uma matéria publicada sobre esse encontro. Na verdade nenhuma foto. Pensando bem, um deles me pediu para apagar as imagens, pois afinal, estavam num momento de lazer e não queriam estardalhaço em casa. Compreensível. Além disso, aproveitaram para fazer a deles próprios para lembrança mais restrita ao grupo. Nem sempre visibilidade é a melhor solução.
É claro que meu celular também virou objeto de desejo, passados alguns segundos desse momento de transe coletivo e o grupo, meio dividido entre me odiar e me amar. Um deles, sabiamente, aconselhou de longe, que era chegada a hora de seguir para um outro vagão, pois a coisa poderia azedar, por uma mudança de humores do bonde. Parti para a baldeação em Madureira, para descer em Piedade. E ao atravessar a pasarela para pegar o parador, a surpresa foi que peguei uma parte do mesmo grupo nesse outro trem. Mas ali, a história já era diferente. O policiamento da Supervia, solicitou a descida dos torcedores do vagão e foram revistados, ficamos ali, detidos por algum tempo, até que a adrenalina baixasse e todo mundo pudesse seguir numa boa, para seus compromissos e destinos.
O Corinthians se sagrou campeão brasileiro, o Vasco ainda sobrevive, e eu transitei de trem, bonde e tribuna, nessa mesma inesquecível tarde-noite.

O QUE FALAR DOS ARTILHEIROS?

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Diante de um Corinthians hegemônico, o melhor em todos os quesitos, uma espécie de Beija-Flor do futebol, quero dedicar um tempinho aos ataques e a quem faz gols, e algumas teses esfarrapadas que venham a circular por aí.
Quero começar, me parece claro, pelo gol do título. Afinal, as estatísticas de gols quase nunca levam em conta o valor decisivo deles. Basta olhar para um CR7 e um Messi. Basta olhar para um Pelé e um Maradona…
O Vágner Love é um atleta que merece meu respeito. Já vestiu escudos de altíssima responsabilidade, dando conta do serviço em todos eles. Em fevereiro desse ano, assinou com o Corinthians e foi inicialmente questionado pela torcida, inicialmente. Chega até essa rodada com 13 gols marcados, como 3o artilheiro, emparelhado com Jadson e tendo feito o gol decisivo. Quer mais? Sempre gostei dele no Flamengo, jogador produtivo e que abraçava a camisa. Mas as coisas do futebol, seguem por demais misteriosas…
Do outro lado da moeda, tivemos Guerreiro assinando em maio com o Flamengo e apesar de ser considerado a maior promessa de gols para o time da Gávea, vem apresentando resultados pouco convincentes, com a marca de 3 gols nesse mesmo período. Curiosamente, o garoto só no nome, Kayke, meteu 6 gols e festeja com sobras as injustiças de Oswaldo que perdido e sem números, sacou o rapaz do time em seu melhor momento e iniciou a temporada de mediocres trapalhadas desse final de sobrevida na Gávea. Não serve prá ocupar o cargo. E sem essa de racismo, por favor. Prá mim é muito mais simples: bom é bom, ruim é ruim. O técnico é “meio”.
O acima do peso mais amado do Brasil, defenestrado pelo Fluminense emplaca seus 9 gols e me deixa feliz. Injustiçado em sua passagem pelo Rio de Janeiro, recebendo apoio de quem acredita na capacidade de um craque não apenas no chute a gol, mas nas assistências, faz bem ao futebol.
Os pífios resultados de Alan Kardec, Leandro Damião e Nilmar me entristecem. Não tenho uma explicação plausível para o assunto. Muitos poderiam dizer que foram os times que não ajudaram. Esse argumento foi falacioso no caso do Guerreiro, pois Kayke jogou no mesmo time, e foi melhor, contando com menos cartaz e apoio. Creio que o estilo do Alan Patrick encaixa muito melhor com o segundo, e já formam para mim a dupla que salvou a Gávea do vexame. Afinal juntos fizeram 14 gols.
O que falar dos artilheiros? Que os números de gols mexem com os nervos de empresários e empresas de publicidade, principais apostadores no sucesso das estrelas da vez, em potencial. E curiosamente, o Ricardo Oliveira não faz exatamente o perfil de propagandas e negociações para o mercado futuro. Tem idade muito acima daquela que esperamos para ambas as funções. Mas merece meus parabéns, por saber aproveitar a genialidade de um Lucas Lima, essa sim, a melhor dupla de 2015.

O BRASIL PODE SER MELHOR QUE ISSO? JAMAIS MELHOR QUE A PERUANA QUE ENCONTREI…

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Já recuperando a noção de valores básicos, que citei aqui, entre os quais a identificação entre jogador e torcida, melhora o clima para o futebol brasileiro. Acabar com essa frescura de reserva de mercado, que assegura a jogadores que atuam fora do Brasil e primazia de titulares ou donos de uma vaga na seleção. Isso pode até ser o interesse da FIFA, mas não representa o interesse pela melhor prática do futebol do país. Numa realidade dinâmica como a nossa e dentro de circunstâncias onde entrosamento é determinante para um melhor conjunto, creio que agora melhora a cena. Todos os bem posicionados no campeonato brasileiro, assistido pelo brasileiro médio, tem uma chance.
Começar pelo time virtualmente campeão brasileiro, atitude acertada. Nada de protagonismo para um incompetente e limitado profissional, alçado a condição de técnico. Pega a fórmula pronta e usa. Prá quê mais? O Tite trouxe na ponta dos dedos essa galera a um ajuste muito fino. Ser capaz de negociar com Renato Augusto, que ele jogue em múltiplas funções, enriqueceu o repertório do melhor jogador produzido na Gávea dos últimos anos. Quando o vi jogar pela primeira vez e meter um gol de convicção observada em poucos, já sabia que seria um selecionável. Apesar das agruras de uma fratura facial grave (duas?) e de um estilo lacônico na comunicação, é craque, sem exibicionismos. Digo aos amigos, torcedores flamenguistas que encontro (que as vezes não me entendem), que ficaram com o time “B” do Corinthians por fatos como esses.
A dinâmica Elias-Renato Augusto é fruto daquelas felizes coincidências. No sábado, numa discussão apaixonada sobre futebol, sob o calor de sei lá quantos graus em Bangu, um jovem torcedor vinha me falando sobre os tais volantes… Não resisti, e ante a liberdade e intimidade para expor meu ponto de vista, ousei dizer que a função de volante, da forma como o brasileiro a enxerga, para o bem do futebol deve ser EXTINTA.
E para matar a cobra e mostrar o pau, citei os exemplos de Andrezinho no Vasco da Gama, do Elias, que antes de jogar no Corinthians e Flamengo como faldo-volante, passou uns anos do início de carreira disputando espaço no Palmeiras como centro-avante nas categorias de base. Um herói da bola esse rapaz. Faz parte desse grupo de faz de tudo no meio-campo e ataque. Com Renato Augusto, alternam-se as dinâmicas de jogo, mantendo a qualidade técnica e a consistência do meio-campo. Coisa bem diferente de se ter apenas os obsoletos jogadores de marcação. No futebol que tenho em minha cabeça, hailidade é o componente de nosso diferencial e aí, se tivermos em todas as posições, ganhamos fácil. E podemos ter.
Da leva de jogadores mais novos, vejo Willian Arão, que se destacou nessa temporada do Botafogo, como uma dessas peças que podem ajudar o Brasil a ser melhor nessa parte do campo que já é boa, graças a Tite e São Jorge. A questão que me leva a alça-lo a essa condição é que é um jogador excelente em todos os quesitos que mencionamos aqui, sabe realizar como pouco as jogadas de infiltração em velocidade e finaliza bem. Seus 1,81 o qualificam para tornar o time brasileiro ainda mais forte nas bolas altas, disputadas no meio ou nas jogadas ensaiadas de ataque ou quando necessário na defesa. Não seria ruim convocá-lo, quebrando mais um tabu. Já estamos provando como foi idiota a regrinha babaca de só convocar jogadores do exterior para protagonismos. Porque não um jogador que esteve na 2a Divisão, com um time que agora sobe para a 1a? São lendas que só prejudicam a utilização dos melhores talentos. Já disse aqui que Nilton Santos foi barrado por um técnico, desses mesmos, tacanhos, com 25 anos, na Copa de 1950. Porquê repetir os mesmos erros de um Flávio Costa, e deixar um jogador no auge de sua capacidade atlética e técnica fora do grupo que pode ter os melhores, independentemente da cor, religião, região de nascimento, time de origem ou divisão em que joga. São apenas tabus que hoje nos atrapalham a oxigenar o futebol brasileiro, que poderia escalar os que estivessem em melhores condições de nos representar de forma competitiva.
Quero terminar aqui, lembrando de uma das mais belas imagens que vivenciei, na Copa de 2014. Foi no Maracanã, por ocasião de um Alemanha e França, coincidentemente essa semi-final aconteceu após os 100 anos do conflito na Guerra de 1914, onde numa trégua improvisada, soldados de ambos os lados jogaram uma pelada. Mas a imagem me foi proporcionada por uma peruana, que emprestou sua beleza singular as minhas lentes, pelo tempo que necessitei, dedicada e amorosa. Somente hoje, buscando conexões entre o presente e o acervo, a reencontrei, e decidi nunca mais abandoná-la de meu coração. Aqueles olhos amendoados me perseguiriam dali em diante por todas as noites.
Independentemente do resultado da partida, essa noite me pus a serviço da beleza feminina da Terra de Machu Picchu e da que acredito será a nova onda gastronômica de aceitação universal, o Ceviche. Na passagem por Lima, após a primeira prova realizada da iguaria em 2009, no Natal de 2014, pude assegurar-me de que é uma das melhores comidas do mundo. Que venham mais Ceviches e belas peruanas, para abrilhantar os estádios e a beleza do bom futebol praticado nessa noite menos sombria que as encontradas no Stade de France.

UM BRASIL RECICLADO A LA MÉXICO

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Uma noite a mais na Argentina. Forças da natureza enxarcaram o Monumental e mantiveram o time de Dunga refém. A audiência que competiria com “Os Dez Mandamentos” acabou vítima das chuvas e depois da ação terrorista na França. Já dava prá sentir o cheiro dessa carnificina, num lugar muito dependente do turismo e aberto ao que vem de fora. Se fecharão. Um novo casulo espera Paris.
A identificação da torcida brasileira com o time, a grande questão para o jogo em Salvador. E a nova estratégia resolve dois problemas. Primeiro, aproveita o conhecimento e o entrosamento obtido com o melhor time nacional, e o melhor técnico do Brasil. Ao levar Elias, Renato Augusto, Gil e Cássio, gera mais empatia e conjunto. Os caras jogam juntos. E um dos lances legais nessa história é que no caso do Renato Augusto com o Elias, quando um vai o ouro fica. Isso dá um dinamismo incrível ao meio-de-campo.
Outro que se destacou nas funções defensivas de fechamento de espaços foi o Willian. Jogou dando total proteção pela direita a Daniel Alves, que correspondeu inteiramente, jogando mais solto, como faz no Barcelona.
Aliás o gol do Brasil teve cara de Barça. O lançamento primoroso de Neymar encontrou Daniel na posição onde levanta a cabeça e coloca no pé ou na cabeça de quem quiser. E colocou. A bola no travessão, um quase-gol, e depois a finalização do Lucas Lima, ainda devendo uma atuação de gala.
No ano da Copa do Mundo e até antes disso, cheguei a defender a alternativa de um time com jogadores do “mercado nacional”. Costumava ir assistir amistosos da seleção que não precisava jogar para conquistar uma vaga na Copa do Mundo. E foi num Brasil e Equador que vi um time desafeiçoado, sem empatia com a torcida, que mais parecia de torcedores turistas de uma nação estrangeira, bem ali, no Maracanã.
A falta de convivência com o elenco, seja para o bem ou para o mal, acaba prejudicando a liga. Esse tal de “tamo junto”, já não rolava. Não fosse o drible inventado aquela noite por Robinho, que entrou para a história, com um gol (se não me engano de Kaká), teríamos vivido uma noite insípida.
As razões que fizeram os técnicos de seleções recentes só convocarem jogadores que estivessem atuando no futebol europeu nunca foram suficientemente esclarecidas. E atualmente as considero insustentáveis mesmo. A começar pelo tempo de preparação para que os caras que estão pela Europa, em diferentes agremiações, espalhados e sem qualquer entrosamento, se encontrem e joguem plenamente em conjunto.
Conjunto é uma qualidade que se obtém com o tempo de convivência e a repetição da mesma. Adivinhar um movimento do parceiro ao lado, saber mais ou menos o que vai ser feito, vem das relações dentro de campo, jogando junto e fazendo parte de um grupo. Ou você tem o tempo para construir isso, ou já vem com isso pronto. No caso atual, melhor pegar o que já está funcionando. E esse ano, é o futebol paulista.
Há que se considerar outras questões. Não temos uma zaga convincente faz algum tempo. Em que pese a consistência de um Miranda, encontra a figura do David Luiz, perdida em inúmeros lances simples. Todo mundo sabe que a zaga brasileira não dá conta das bolas cruzadas pelas pontas… A expulsão dele pode representar a oportunidade de observarmos o Gil, que considero um bom zagueiro-zagueiro. Inventa pouco, é alto e falha o mínimo. Já é melhor do que nada. Nem precisa ser craque.
O Brasil escapou do pior contra a Argentina, e pode melhorar ainda mais. Sob a batuta do Tite, nos bastidores. A turma do Parque São Jorge traz na bagagem a cola que Dunga pode utilizar para armar melhor seu time. Quem sabe ir aprendendo a ser técnico nesse curso por correspondência, apoiado por inúmeros pombos correios, e assustado com os fantasmas das comparações. A declaração bizonha sobre não ser pai de ninguém, referência explícita ao Felipão e seu “modo família”, era desnecessária, falta do que dizer, falta do que dizer, falta de inteligência, insegurança de um técnico que nunca foi isso, mas “o patrão botou lá”.

A GEOPOLÍTICA DO FUTEBOL

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Outro dia estava numa roda de amigos, conversando sobre as questões políticas que envolvem o esporte a atitude da torcida do Flamengo, que não vibrou com os 4 gols do time, não aplaudiu e levou faixas para o estádio, com termos até suaves, como “INDIGNAÇÃO” (coisa de gente cuidadosa e educada, até). Uma pessoa do grupo, altamente politizada, pois vive no meio político profissional, defendeu a separação de assuntos políticos do meio futebolístico…
Discordei, claro.
E citei a presença da bancada evangélica, enfiada nos assuntos da política nacional, crescendo ferozmente, graças aos piores índices de violência, baixo nível educacional, péssimas condições de moradia, e tudo do pior que podemos encontrar nas camadas mais pobres da população abandonada pelos quatro cantos do país. O estado laico, por um fio, retrocedemos ao período em que a Igreja Católica dominava os assuntos do estado, onde nasceu então, o protestantismo. Esse mesmo, que agora se lança sobre o mesmo estado numa relação até certo ponto, previsível.
A política está em todas as coisas, inclusive no futebol. Mais especificamente, a geopolítica. Não fosse assim, os EUA não teria se encarregado de realizar uma intervenção branca, com o FBI, CIA, etc, para por um fim nas atividades da FIFA sem lei. E o fizeram por motivos bem específicos. O futebol representa uma “zona de influência” mundial, maior do que o rock, atingindo cristãos, muçulmanos, ateus, espíritas, enfim, o planeta inteiro.
O Brasil possui um papel e posição de liderança nessa praia. Mas ela se deslocará significativamente pelos próximos anos. Diluída pelo enfraquecimento do negócio, internamente, atacada pela concorrência na América do país que pretende ser a potência política na região, e com políticos alienados, que pouco se interessam em atuar nesse campo para manter nossa participação na cena internacional.
É dentro desse quadro que sai a lista da FIFA, com os cinco candidatos a ocupar o cargo de Presidente dessa entidade. A eleição acontece no dia 26 de fevereiro de 2016. O pretenso e fraco representante do Brasil, Zico, de fora da lista, até por justiça (muito ridícula a candidatura, sem qualquer nexo ou fundamento, só no Brasil mesmo…). Nada contra o Galinho de Quintino, de quem sou fã, como ídolo da Gávea, onde poderia ter ido mais longe, se não tivesse optado por ser um Deus do futebol sem ter nunca ganhado uma Copa do Mundo e ter jogado apenas em um time do futebol italiano (Udinese) sem a pegada dos campeões…
Os nomes a estudar, que representarão o futebol mundial incluem dois poderosos da Arábia… 1 – HRH Prince Ali Al Hussein; 2 – Sheikh Salman Bin Ebrahim Al Khalifa; 3 – Jérôme Champagne (um francês correndo “por dentro”); Gianni Infantino (candidato UEFA que substitui Blatter) e Tokyo Sexwale (o negro e politicamente correto, cuidador dos assuntos sensíveis, como futebol na Palestina).
Isso é política amigos. O Brasil deve lidar com isso, politicamente também. Não tem ninguém de bobeira na cena geopolítica do futebol…

LIÇÕES DOS CARIOCAS NA RETA FINAL DO BRASILEIRÃO

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Quem acompanha o que escrevo por aqui sabe muito bem a importância de uma decisão tomada por um técnico no resultado de uma partida. Escrevi sobre o caso Flávio Costa e Nilton Santos na Copa de 1950 em que perdemos, num duelo que o treinador não permitiu que acontecesse. Pedi ao mestre Iata Anderson uma opinião sobre o texto, para saber se estava sendo injusto com o elenco e com Oswaldo.
Creio que o jogo e o placar de Flamengo e Goiás só validaram na prática a tese que defendi. O Kayke, que fez dois gols não poderia ter sido sacado do time em seu melhor momento, efetivo pé de coelho. Sua afinidade dentro de campo com o outro responsável pelos dois gols é muito evidente para quem viveu e viu boas duplas em futebol e sabe a importância que elas possuem. No esquema rubro-negro, tem lugar inclusive para o Guerrero. Mas deixar o Kayke de fora foi de uma covardia atroz, e a conta veio pesada. Esse jogo dá uma redimida, mas não perdoaria quem decidiu. É óbvio demais para defender uma posição dessas.
As questões extra-campo trouxeram uma carga de vergonha para a turma do barril, e alinharam o espírito de corpo da rapaziada descomprometida, de férias. Esse jogo poderia ter deixado uns seis no balaio do time goiano. A incisividade do Sheik e outra jogada em velocidade deixaram muito evidenciadas as fragilidades do time adversário, prontinho para cair para a segundona, quiçá no lugar do Vasco.
É certo que há um diapasão no time da colina e para mim o nome dele é Andrezinho. Consegue combinar uma habilidade clássica quando trata de querida a bola e ao mesmo tempo se manter combativo em disputas do meio para frente ou do meio para trás pela mesma. Sem medo de estar sendo injusto, atribuo ao “Novo Vasco”, a marca do Jorginho, que desde que assumiu mudou o jeito de ser do time.
Um técnico discreto, que acompanho desde os tempos de América, onde se destacou, com uma passagem pela Ponte Preta, onde também deixou bons fluídos e agora o Vasco, com uma chance muito boa de construir um degrau na sua história e quem sabe trazer uma janela para em uns 10 anos estar figurando entre os melhores técnicos do Brasil. Vem estudando, amadurecendo, tem DNA e trajetória de campeão.
De todos os resultados da rodada desse final de semana, o único completamente desfavorável e decepcionante para as pretensões de quem está na “área de guilhotina” da tabela foi o do Fluminense. Perder para o Chapecoense não era exatamente o que esperávamos. Agora, na prática, temos seis times disputando quatro vagas para a segunda divisão. E o Vasco só depende de si. Estou faz quase dez rodadas avaliando a consistência do time cruzmaltino e não vejo entre esse último bloco envolvido um time mais merecedor de permanecer na elite do futebol brasileiro.
Por falar em merecedor, todo o mérito para a bela sede de futebol que o Corinthians conseguiu graças a Copa de 2014. Foi nesse templo do futebol que fotografei as belas acima, num dos jogos que ali assisti. Ainda não sendo campeões, mas com um grupo focado, arriscam fazer um dos jogos de maior emoção desse campeonato, no Maracanã. Quem sabe um campeão, quem sabe uma Cruz de Malta dando a volta por cima?

A QUARTA DIMENSÃO DO FUTEBOL

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Tenho convivido com uma galera que joga pouco ou quase nada de futebol, mas sabe muito sobre como ele funciona dentro das quatro linhas, a partir dos simuladores de jogos, de excepcional qualidade, cada vez mais caros e inacessíveis, mas que fazem a festa da garotada. Ninguém quer jogar com a versão desatualizada e dessa forma deixar de saber de cor e salteado a escalação dos grandes times do mundo, que efetivamente interessa e importa para a cena do futebol. E esse mundo foi deslocado pelo episódio FIFA, pós Copa 2014 no Brasil.
Antes no entanto disso, e sabendo que as consequências são ainda pouco visíveis, e nesse caso me abstenho da árdua e triste missão de ser o visionário, para exercer um prazer mais simples: assistir partidas de futebol em quatro dimensões.
Inaugurei uma nova modalidade, ao menos para mim e entre os meus, frequentando assiduamente o Maracanã e eventualmente assistindo os jogos pela TV. Nessas circunstâncias, para evitar a contaminação do contato com a opinião da torcida e dos amigos de profissão, passei a levar um fone de ouvido com bloqueio de ruído acoplado a uma coleção de música clássica. Não satisfeito com o efeito dessa condição sensorial, passei a fotografar as partidas utilizando sempre que as assistia, óculos escuro, inclusive nas partidas noturnas.
Quero trazer aqui uma possibilidade interessante de releitura das partidas, com acréscimos não determinados pelo juiz. Os acréscimos a que me submeti foram as notas de um Mozart, não o zagueiro do Flamengo, de um Bach, ou Vivaldi. Um bom Chopin as vezes caía muito bem na monotonia de uma partida no sereno das noites de primavera. Ficavam fragâncias no ar. Pouquíssimas vezes etílicas, como as que assistimos percorrer copos e bocas de jogadores limitados, para dizer o mínimo.
Quando fiz essa declaração ao vivo na rádio 104,5 FM na presença dos participantes, e afirmei que vi o jogo ouvindo música boa, frequentando um clássico, ao menos com os meus ouvidos, percebi que se voltaram assustados. Estaria eu brincando com o assunto ou teria enlouquecido de vez?
Creio que o jornalismo se tornou comum, redundante e até certo ponto, banalizado. Atingiu um patamar de “mesmismos”, onde o risco de uma palavra ou expressão nova ficou limitado a trazer uma mesa tática digital, como se a tecnologia fosse melhorar a qualidade do discurso de quem comunica e de quem ouve. A tridimensionalidade do artefato rebate ao FIFA 2015 e a seus jogadores virtuais. E praticamente só isso.
Nesse cenário de obviedades e repetições enfadonhas, é claro que a galera mais animada acabou optando por se divertir. E os caras mais linhas duras do rádio e tv, como o Iata Anderson não chegaram a ficar muito satisfeitos com esse resultado que retira sobremaneira a autoridade, o respeito e a credibilidade dos profissionais.
É uma hipótese. Mas percebo a linguagem e tudo que nos cerca caminhando para um ambiente de mais e mais mesclagens. A ponto de que o próprio jogo, a partida, ter se tornado mais espetáculo do que dinâmica competitiva em si. Não vemos mais jogadores do tipo cães ferozes e babando dentro de campo, mas sim um ambiente de menor hostilidade, mais focado nas teatralidades, desde que haja é claro futebol, senão também vira só teatro e aí não rola.
Desse lugar, cada vez mais isolado para onde fui me deslocando, comecei a ver as partidas de um ângulo muito diferente dos meus pares. A quarta dimensão do futebol não é exatamente aquele lugar para onde os clones do ator Hugh Jackman saíam de uma gaiola de mágica para a morte, no filme “The Prestige” (O filme também não era 3-D ou 4-D).
O que se pode fazer de uma cadeira de um Estádio padrão FIFA, com os recursos midiáticos nas próprias mãos é infinito. Tanto para dentro, quanto para fora. Você pode entrar com componentes e interferir no que vê ou sair com eles e interferir na vida dos que estão lá fora. Pode se transportar para épocas por via musical, pode ultrapassar a velocidade rápida do obturador e da bola com o instinto de um morcego, ou de um cego demolidor.
As unidades objetivas de comunicação vão pouco a pouco se desintegrando na frente de minhas retinas que já não precisam ver tão nitidamente para fotografar, se o calor trouxer vapor e gotas de suor que embaçarão seus óculos, piorando ali o que já era precário, obrigando a aguçar institntos, para quem sabe até, um dia encontrar uma mulher viajada do planeta OA, a “Lanterninha Verde”, charmosa e galante, também amante dos animais e usuária de belos anéis e mechas de cabelo verdes, fez brilhar minha consciência cósmica.
O futebol na quarta dimensão pode nos proporcionar uma visão transcedental, que une, amor, amor, amor e amor. Nesse quarto escuro onde as revelações acontecem, tudo se manifesta em harmonia, tudo faz sentido, tudo se joga dentro das quatro linhas, mesmo que você esteja por fora delas.

O GÁS ACABOU: CAMPEONATO 7 X 1 FLAMENGO

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Estava na cara que o assunto exigia seriedade. Mas não se deu a seriedade ao assunto. Era óbvio que o comprometimento seria necessário. Mas não aconteceu. Os nossos amigos de copo foram já em junho desse ano objeto de uma rara declaração pública do Iata Anderson, sobre a bandalheira que reina na Gávea Terra de Ninguém.
É quase uma Ilha da Fantasia. Mas falta o anão Tattoo (ou seria Tatu?), substituído nessa comédia de péssimo gosto pelo pobre Tamanduá Bandeira. Nem sempre sou parnasiano, mas confesso meu amor pelo Hino Nacional e por Olavo Bilac.
Numa semana onde o leite derramado foi massificado pelo episódio Vargem Grande, com um afastamento daqueles para inglês ver, e férias coletivas do time “B” do Corinthians decretada, o Flamengo viajou sem cinco componentes do elenco principal. Mas quem define o que é principal nesse time? Salvos de algo pior pelos desfalques do Grêmio, o time do técnico Oswaldo não escala Kayke. Uma infeliz coincidência, pois o não tão garoto foi pé quente, sacado na hora errada, quando engrenava uma boa fase, colocando o time no G-4, com ausência de Guerreiro e Sheik. Palmas para o técnico pífio.
Estamos então ali, mais uma vez na casa do adversário. No jogo do Corinthians, o gol no Itaquerão foi fruto de um… Contra-ataque!!! Amigos, sei que torcer é mais importante do que tudo. Mas aqui entre nós, você iria a casa do adversário candidato a campeão brasileiro, com a defesa menos vazada, para jogar dando o contra-ataque, com o jogo ainda empatado? O Oswaldo jogou e deu. Ou seus comandados não o obedecem, ou ele dá ordens sem conexão com a realidade das partidas, buscando jogar de uma única forma, seja Chapecoense ou Barcelona…
Aí, tudo bem? Tudo pior pode ficar. Você vai prá casa, assiste o jogo de novo, analisa as barbeiragens estratégicas, e decide que… Vai repetir tudo outra vez no campo do Grêmio!!! Jogo empatado, em equilíbrio, aí o time, a defesa, a porcaria toda surta! E a gente vê o Wallace de bobinho, na defesa sozinho, sem laterais, sem volantes, sem o companheiro de zaga, enfim, sem merda nenhuma! E três jogadores do time do sul entram com bola, bago e tudo.
Não parou por aí. Tem um tal de César Martins, bonde de luxo, que em lugar de cumprir com suas responsabilidades defensivas, resolveu “salvar o time”. Saiu tresloucado, se achando o dono da cocada preta, para como um matador do tipo Fenômeno, ou Adriano (quem sabe o espírito do Messi?) fazer o gol milagroso. Perdeu a bola no ataque, parou na jogada, cansado, e simplesmente olhou os caras vindo com tudo, prá fazer o segundo.
O Oswaldo precisa fazer um exame de consciência em suas declarações. A gente pode olhar para o lado que quiser, desviar o foco e falar da expulsão do Guerreiro como foco, e jogar a cortina de fumaça. Tornar isso o assunto da segunda-feira seria o mais delicioso prato. Mas apenas como ecaramuça de bandido. O melhor seria assumir, fazer a mea culpa, admitir que não colocar Kayke é um erro grosseiro, só justificável por composições políticas espúrias. Aceitar que a coisa ficou ruim, pedir prá beber água de coco e ir embora.
Na hora do primeiro gol do Grêmio, o gás na cozinha de meus anfitriões acabou. Preocupados com o pão de queijo quentinho e aquele café que só em Minas Gerais tem, foram a troca do bojão. O gás acabou, literalmente. Nesses casos, só trocando. Mesmo que seja por um botijão usado, que você nem sabe quanto tempo vai durar, mas pelo menos sai alguma coisa do fogão.
Creio que o mesmo se dá com o time rubro-negro. As estatísticas de 7 derrotas e apenas um resultado positivo nos últimos oito jogos, são mais que preocupantes. Apontam para férias coletivas. O camarada fala, entra por um ouvido e sai pelo outro. Falta envolvimento, sedução, autoridade e culhão para bancar uma aposta mais firme, condizente com os brios do manto sagrado. Do funcionário mais modesto ao Presidente, uma vez Flamengo, sempre Flamengo…