A SUPERIORIDADE QUE IMPEDE O MASSACRE

 

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O estádio do Itaquerão é certamente o mais bonito dessa nova geração pós-Copa 2014. Fiquei apaixonado pelo uso de mármore preto e branco, pelo lado de fora da arena que não vemos, já que as câmeras se concentram exclusivamente em mostrar o jogo. E foi nesse lugar que fiz a fotografia de uma das mais belas jornalistas que conheci durante o mundial de 2014 no Brasil. Uma delícia de tempos que não voltam mais…
O técnico Oswaldo do Flamengo mais uma vez me surpreendeu com suas declarações, nitidamente defensivas. Ao ver o Itaquerão com gente saindo pelo ladrão, e sabendo que em todos os quesitos era perdedor para o quase campeão brasileiro, o que disse na entrevista do pré-jogo? Que seria difícil retirar pontos daquele lugar, nessa partida… Retirar pontos seria empatar ou ganhar. Mas porque não dizer simplesmente ganhar pontos? Afinal, empatando ou ganhando, seriam 1 ou 3 pontinhos para levar para casa.
Um Corinthians embalado, jogando de forma constante, transição de bola, intensidade defensiva, inversões que dificultam o trabalho de qualquer defesa.
Como já falei, foi dia de encontro do time A com o time B. As torcidas divididas, fazem quase sempre seu papel. Olhei para a tabela, a posição de cada um e o resultado dos últimos cinco jogos. O rubro-negro perdeu 4 e ganhou apenas um. Já o time paulista, um arquivo invertido do seu time B, ganhou 4 e empatou só uma. Tudo bem que futebol não tem lógica e que tudo pode acontecer. Mas não aconteceu.
O que também poderia ter acontecido era uma balaiada paulista. Três oportunidades claríssimas de gol e uma penalidade não marcada, deixaram pelo placar mínimo o resultado final de uma partida que não teve ao longo de noventa minutos uma jogada sequer de perigo do Flamengo. Preocupante.
Já o Vasco, continua sendo, assim como o Corinthians o único time entre os vinte do campeonato brasileiro, sem derrota nas últimas 5 rodadas. Continua vem vivo, e com bola no travessão, oportunidades reais de gol e principalmente um espírito convicto da classificação, segue como forte candidato a seguir na primeira divisão.
A decisão de produzir um bode expiatório para os problemas de gol do time da colina, esquecem que o garoto de 20 anos, como todo garoto, pode ter sido picado pela vaidade, após a volta da seleção brasileira. Esse ambiente com vetores como empresário, técnico, vida carioca, time, estraga muita gente pelo caminho. Vejo o Thales como um jogador de alto potencial que parou, ganhou peso e perdeu em agilidade, do momento em que o vimos ser quase decisivo na Copa do Brasil, num jogo contra o Goiás e hoje. O Jorginho não tem o perfil de técnico para resolver esse impasse. Aconteceu algo parecido com o Luiz Antônio no Flamengo, num nível pior. Mas contratar jogadores para a mesma posição, de um jovem talento convocado para a seleção brasileira de sua faixa etária foi uma burrice. O que era problemático de adminisrtar se tornou impossível. Vamos ver se os gols saem por outro caminho. As diferenças lá por baixo na tabela são mínimas. Em duas rodadas tudo pode mudar.

CORINTHIANS COMO BASE DA SELEÇÃO: FALTA SÓ O TÉCNICO

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Bem, vamos direto ao ponto. Já havia mencionado o Cássio como o melhor goleiro low profile do Brasil. Discreto, não exerce qualquer tipo de liderança em campo, mas é simplesmente quase impossível fazer gols nele. Seria um goleiro nos moldes do Neuer, guardadas as devidas proporções. Prá quem já teve um Júlio César, reeditando um ciclo perdedor com uma falha que custou o avanço, numa partida que o Brasil foi melhor, fora as barbeiragens.
Convocar jogadores locais, do campeonato mais competitivo do mundo não é uma má ideia.
O México aplicou essa estratégia e deu resultados, ao descartar um bando de atletas na zona de conforto em sua nova vida na Europa, cada vez menos identificados com suas seleções de país. O Brasil pode testar tardiamente o que já deveria fazer parte do nosso cardápio, até porque o tal do elemento torcida é muito importante.
O Brasil, ao jogar em São Paulo, no Itaquerão, com a torcida de lá apoiando, após a convocação de Renato Augusto, Gil, Elias e Cássio, fará a diferença. Já campeão praticamente antecipado, monta a base que deveria ir a campo. Prefiro o Gil a todos os outros zagueiros em campo, faz tempo. Tem bons fundamentos. Já Renato Augusto foi objeto de uma análise que fiz semana passada, falando sobre o Flamengo time B da equipe paulista. É fato que os cariocas ficaram com a rapa do tacho, Sheik e Guerreiro.
Sinto falta do Jadson e creio que faria bem ao Brasil abrir mão de jogadores só destruidores, sem capacidade criativa, como os que temos na proteção de uma defesa que não vejo sendo defendida como poderia. Mais fortes e perigosos, sem esse negócio da falta tática apenas, estão muito óbvios.
A impressão que se tem é que entra técnico, sai técnico, a linha de pensamento é mantida, nada mudou. Apenas o Presidente da entidade, afastando-se de uma mancha para a pátria de chuteiras, em meio a um mar de lama. Mas isso é outra história.

SUPREMACIA SEM TRADUTORES

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O meu querido “Oswaldo Samurai” não pode se tornar mais um refém do jogo de palavras que levam a falácia. Então vamos lá. O gol do Internacional foi aos 17 minutos do primeiro tempo. Portanto não tem o menor sentido falar de uma defesa e um time que “joga exposto o tempo todo”. Porque na verdade, com uma partida entre times equivalentes, jogando em casa e ainda no início do primeiro tempo, a única coisa que um time precisa fazer é se EXPOR. Raciocínio tosco, por favor, amigos do técnico peçam para ele se conter nas asneiras, Iata Anderson​. Ou senão terei que aplicar a minha tabela de grau de investimento. Um cara inteligente como ele não pode cair nessa.
Então vamos lá. O time levou um gol desnecessário? Sim. A defesa falhou? Completamente, do lateral e marcador do homem dentro da área ao goleiro PV. E daí? Tinha todo o jogo pela frente para reverter. Não o fez. Como aconteceu em diversas outras ocasiões, a questão da definição das jogadas desperdiçadas leva a torcida a loucura. Uma bola na trave ali? Ainda vai. Um chute ou cabeçada acolá, quando deveria ter sido dado o passe para alguém melhor colocado? Sinal de ansiedade por resultados, preocupante. Um time de qualidade não pode deixar os nervos dominarem a dinâmica do jogo. Se isso acontecer, acaba se nivelando, no resultado.
Um time que mantém a supremacia, como bem disse o Oswaldo, mas sem traduzir isso com uma atitude de tranquilidade, pode ficar no quase… E isso não combina com o Flamengo. Já foi time “B” do Corinthians em outras competições e continua, de certo modo sendo. Ou alguém tem dúvidas de que Renato Augusto e Elias são inferiores aos que vieram de lá em seus lugares, Guerreiro e Sheik? Ou alguém duvida que Tite e Oswaldo são como se fossem time “A” e time “B”.
Usei o termo “tradutor”, sofisticação excessiva para o vocabulário futebolístico, mas para denotar um problema básico: não adianta justificar resultados negativos. O fato real é que o time da Gávea perdeu indo para Brasília jogar a vaga do G-4, o dinheiro da Libertadores e achou com a direitoria fraca em visão estratégica, que estava ganhando, no caça-níqueis.
Um grupo sem a tradução de títulos, e dirigido a ser campeão. Não corre o risco de chegar a lugar nenhum. Nem a segunda divisão. Então, como motivar esse grupo a render algo que já não vale quase nada? Me respondam essa, Marcelo Barros​, Gonçalo Luiz Ribeiro​, Edison Viana​, João Oliveira​, Jorge Luiz Paraense​?

CUECAS, CERVEJAS E BRINCOS DE BRILHANTE

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Foi no jogo do Brasil contra Camarões, lá no Mané Garrincha, Brasília. É fato que a capital do país não poderia, por uma questão de status, ficar sem um dos 12 estádios de futebol no padrão FIFA. E o que fizeram lá ganhou menção honrosa da revista da AUTOCAD em termos de sustentabilidade.
Arquitetura e Urbanismo a parte, em algum momento fiquei sabendo que havia entre o elenco, jogadores dando “palhinha de cueca”. Tudo combinado para o viral, que algum tempo depois viraria motivo de discórdia entre os draconianos contratos de exclusividade de uma FIFA corrupta e os atletas do novo time inventado: “Os Marketeiros do Brasil”.
A mesma FIFA que investigou Neymar por ter mostrado a sunga (da Blue Man, comandada por Sarah Azulay, que deu uma outra, tamanho G, para o Hulk) foi logo depois investigada pela inteligência americana e acabou a brincadeira… Fiquei pensando no perfil de nossos parceiros da imagem, Sergio Bylucas Brilhante​…
Não posso omitir o grande destaque dado a um comandante com desempenho pífio mas que vestiu o personagem de protagonista. O Brasil nunca ganhou nada no futebol, que se atribua a um treinador que levou o time nas costas. Não seria dessa vez. Mas o que importa? Se a estratégia de marketing matar a galinha dos ovos de ouro, foda-se. E eles mataram. A Brahma montou um esquema para plantar cevada na Granja Comary, dando o nome a essa série de “Seleção Especial”. Creio que essa safra funesta foi o anti-marketing anunciado. Mas os caras, que se consideram “os caras”, acreditaram. Estamos aí, até hoje sofrendo as consequências daquela enxurrada de marcas que atropelaram a seleção, em seu processo de concentração para jogar bola.
O caro amigo Daniel Avelino​, que gosta dessas tacadas “geniais”, outro dia enalteceu a galera da Reserva, que linkou seu nome, explícito, ao banco de reservas do Maracanã, utilizando duas premissas: visibilidade e literalidade. Tenho muitas dúvidas sobre o literal na propaganda. Tenho muitas reservas sobre o link entre os públicos das duas reservas, se os amigos me permitem o trocadilho.
Os amigos de Teresópolis, das cervejas artesanais, que me apresentaram num dia de jogo do Fluminense, vestidos com a camisa tricolor no o tal do “rabinho de porco”, na Saint Gallen, me fizeram perceber a diferença entre joio e trigo. E acabaram também na lista negra da FIFA, (que entrou na lista negra da polícia americana), ao lançarem a cerveja Therezopolis Gold, marca exclusiva da cidade, ao usar a expressão Brasil 2014, tiveram que enfrentar o poder e recolher 400 mil reais de produto já em circulação na praça. Usar cinco estrelas criaria problemas?
Acho que todos os tiros saíram pela culatra. Agora, retrospectivamente, quando vejo o Hulk na seleção, com seu brinco e a família indo de ônibus para o jogo em Fortaleza, creio que o astral não é condizente com a situação real da equipe que representa o país. O brinco de brilhantes, pode estar cravejado de diamantes, safiras, rubis ou esmeraldas (melhor cor para quem representa no nome o cara verde). A noção de personalização, tudo de bom. O ruim é não ter futebol prá representar o país do futebol. O marketing é uma coisa legal, mas não pode comprometer o rendimento de um atleta profissional. E o que se vê hoje é nossa estrutura rodando apenas em torno de um modelo de um extrativismo predatório que só vimos no período colonial, portugueses e espanhóis aplicando.
Ainda dá prá mexer nessa panela, sacar uma Carmen Miranda enrolada com a bandeira do Brasil e enfrentar essa postura que levou grupos como os da Copa de 50 a amargar fantasmas por mais de cinquenta anos…

A SELEÇÃO BRASILEIRA E OS FALSOS PICASSOS

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No exato momento em que a seleção brasileira vai para mais uma eliminatória para a Copa do Mundo da Rússia, estou apoiando um amigo artista plástico, do mundo do carnaval e da moda a contar sua história de propagação de referências e gostos, com o uso das paredes, roupas e linguagem carnavalesca. Sua exposição segue sendo preparada, de vento em popa, divertida e garantindo alegria e felicidade a quem participar. Na arte, a releitura de uma obra, por meio de incorporações criativas no original é natural, necessária e representa muitas vezes uma homenagem na hora de passar o bastão. Cultivar a liturgia da ancestralidade combina com ruptura e transgressão, mas só os do ramo sabem disso. Não há contradição.
Há no entanto casos em que quadros são realizados com a intenção de lesar compradores, querendo se passar pelos originais. Como por exemplo, se decidíssimos fazer algo identico a um Picasso, e nesse caso um falso, apenas com interesses econômicos, sem arte em mente.
A seleção brasileira vem sofrendo dessa espécie de mazela nacional dos últimos anos. Os falsários, que vem se especializando em tornar o país do carnaval e da fantasia, um lugar apenas de FACHADAS E MAQUIAGENS. Tenho a impressão que a seleção brasileira está mergulhada nesse grupo de coisas que “faz de conta que é”. Ela não representa a realidade de um país com o futebol como esporte de massa. Só representa o interesse dos que desejam vender a versão falsificada do que somos.
A começar por um técnico que na verdade nunca foi, seguimos com uma estrutura de critérios altamente anômalos, na escolha e nas práticas de seus representantes em campo. Colocar o melhor time para jogar? Não necessariamente. Escolher o melhor estádio para se apresentar? Não é o caso. E foi assim que o Brasil levou de 7 x 1, depois de 3 (por respeito e parcimônia dos adversários) e de 2 de um Chile que poderia ter enchido um balaio, não fosse o time do “quase”. Não faz tanto tempo, um pouco mais de seriedade e talentos de verdade, em 2005, apesar de todo o questionamento do tal quadrado mágico, tinhamos talentos em campo e de sobra. Afinal, era Kaká, Fenômeno, Ronaldinho e Adriano no ataque. E o Chile levou o balaio para casa.
Olhar as linhas de ataque do Brasil e perceber que o time entrou e foi escalado nitidamente para empatar foi uma tortura lacônica. Só quatro atacavam. O resto descansava, esperando para usar intensidade na defesa, contra um time adversário ruim. Mas com uma apresentação de tal modo medíocre, até o ruim vira bom. E nós, conseguimos operar essa proeza.
Tem um Tsunami se realinzado no país, nesse exato momento. Há uma parte dos humanos que simplesmente perderam a sensibilidade para perceber os sinais que qualquer forma de vida já sentiu. O mundo corporativista sofre desse mal. O discurso é para o público interno.
Mas as maquiagens de números das entidades financeiras que são patrimônio nacional, construídas em credibilidade secular, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES foram saqueadas sem pudor, do mesmo modo que o futebol está girando em torno de uma roda de autonomia que prefere prescindir e se furtar a enfrentar o calor ou a ira da torcida do nosso centro, eixo Rio-São Paulo-Minas.
É dessa forma que a incompetência desenha estratégias para mascarar resultados infames. Veja só. Engulimos a grande vitória da Copa das Confederações, acreditamos que amistosos insosos e séries invictas de vitórias do “não-técnico” seriam suficientes para aplacar a vergonha da derrota em Belo Horizonte, contra a Alemanha.
Nossos jogadores de hoje já não gozam de um sentimento de defesa das cores do país, pois cooptados pelo êxtase internacional, tal qual Alexandre quando chegou nas Índias, vem suas forças diluídas, e se disfarçam em fairplay. É claro, os chilenos foram brutos e faltosos? Sim. Mas e daí? Desejaram superar deficiências com garra e arriscaram mais pelo que desejam. Nosso grupo não deseja nada além do que já tem. Me lembra a Marianne do quadro “A Liberdade Guia o Povo”, que acabou sendo representada por uma modelo que gostava de Ferrari italiana e Whisky escocês.
Perdemos a vergonha e assumimos a inferioridade coletiva como superioridade individual. Faltou dizer que na fotografia, os de camisa amarela estão todos de mãos nas cadeiras…

DRIBLE DA VACA E SISTEMAS DEFENSIVOS

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Foi assim mesmo. Sistemas defensivos fazem a diferença. Pelas laterais, com Uendel contundido logo no início do jogo, a improvisação de Edilson para a posição e o descuido numa bola estourada, deixaram num um contra um, o jogador do Inter chegar livre na linha de fundo e escolher com absoluta liberdade o que fazer. Uma falha de uma das defesas menos vazada do campeonato custou o pontinho do empate ao líder, mas nada que comprometa.
Em termos de intensidade e beleza do espetáculo, creio que Cruzeiro e Vasco fizeram um belo trabalho nessa rodada. O time mineiro, bem melhor do que o que se apresentou contra o Flamengo no Maracanã, deu trabalho, mas o Vasco também soube se portar como time de tradição. Como escreveu Marcelo Barros, “dá prá torcer”. E o goleiro vascaíno, embora fraco, nessa partida não chegou a comprometer.
Já o Fluminense, pegou a pedreira que é o Palmeiras, até com uma boa “primeira atitude”. Mas com Fred nitidamente acima do peso, descalibrado. Perdeu um gol feito antes do primeiro do Flu e depois foi o grande responsável pela reação do Palmeiras ao perder um penalti que poderia ter matado o jogo. Um time que esqueceu o futebol coletivo, com o habilidoso Gerson querendo fazer gol com chutes de fora da área no lugar da opção pela melhor jogada, assistência ao centro-avante tricolor melhor colocado, perdeu o jogo e o técnico, que já vai tarde. É aquilo, o que é bom é bom, e o que é ruim é ruim. E isso não tem relação com cor de pele, religião ou orientação sexual. Não poderia deixar de lembrar que a direitoria do Fluminense tem sido mestre em retardar decisões. Falta o tempo de resposta rápida, necessária na nossa realidade de turnover alto para técnicos. Já faz algumas rodadas que o caso das Laranjeiras pedia a troca do treinador. Aliás, num bom ambiente, nunca deveria ter sido contratado. São “jogadas” da cartolagem, essa mesma que prometeu trazer o Conca da China, com o time quase caindo para a segunda divisão, as vésperas das eleições. Até se reelegeu, mas não dá para dizer que a operação foi um sucesso para o time. Reeditar o passado com Magno Alves, Cícero e Conca, é jogar prá torcida e enquanto isso, o time desce mais alguns degraus para uma zona de incertezas. Nesse caso, o mergulho tem perfil kamikaze. Os dois primeiros gols do time paulista ninguém merece. Frutos de falhas em fundamentos defensivos. O terceiro com o furo do Antonio Carlos então, entra para a história do futebol. Ali a sacolada já estava encomendada, junto com o bilhete azul para Enderson, que bem deveria levar na barca mais alguns. Um jogo para servir de lição a quem pretende montar times consistentes. Porque senão, acaba virando mais um Bate, daquele que perdeu para o Bayern Leverkunsen, de quatro, com histórico de média de gols negativo de 24 na primeira rodada da Champions League. É preciso reinterpretar os termos de se jogar futebol contemporaneamente. As defesas de basquete estão aí, para nos ensinar. E a lição é óbvia: bobeou dançou.

SEM SHEIK, GUERREIRO, ALAN PATRICK…

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Há um cheiro de entrosamento no ar. A subida de rendimento do time do Flamengo vem de uma combinação de duas palavras: entrosamento e comprometimento. É claramente um time bem mais comprometido em sanar suas deficiências defensivas, ainda visíveis em lances como as estocadas chapecoenses pelo lado esquerdo da defesa e no penalti do atrapalhado Marcio Araujo. Certas deficiências aparecerão muito mais em jogos parelhos. Não foi o caso desse último confronto, pois desde o início do campeonato vejo times como a Chapecoense, Figueirense, Joinville entre outros como candidatos óbvios a uma segunda divisão. São bem mais fracos em termos de elenco e fator torcida. Isso numa competição pesada como a que estamos assistindo, faz a diferença.
O Vasco, não fosse a derrota boba, sofrida em pleno Maracanã, diante do Figueirense, estaria já mais próximo de escapar da degola. Tem torcida e time prá isso, e ainda acredito que na combinação de resultados e na soluão interna de suas peças e principalmente com a dupla Jorginho/Zinho, conhecedores das internas do futebol, a situação melhore ainda mais. O Vasco foi vítima de uma teoria que tenho sobre sequência de jogos, e que já vi se repetir muitas vezes. Jogando contra o Flamengo no meio de semana, o foco e a adrenalina todo dirigido ao grande adversário regional, aliado ao êxtase da vitória que o classificou para a próxima etapa da Copa do Brasil, acabou funcionando como componente desmobilizador de jogadores, torcida e até mesmo direção, frente ao “day after”. Na ressaca da festa, jogando em casa contra um adversário inferior, se deu mal por não ter mantido o mesmo grau de atenção que vimos no meio de semana. É natural que a dedicação dos atletas aconteça em jogos de maior visibilidade e contra times de maior expressão? Sim. Mesmo os mais experientes caem nessa cilada, onde até os empresários acabam participando com suas agendas de interesse pelo jogo que dá mais IBOPE para a valorização do jogador que gerencia.
Um Flamengo sem três jogadores tidos como titulares e que mantém o desempenho dos três pontos, em casa adversária pode significar muita coisa. Que existe um banco com peças de reposição, que permitem pensar variações táticas de menor impacto, manutenção de intensidade da curva ascendente pela constância de ritmos que o coletivo do time pode impor sob o comando do Samurai Oswaldo. Creio que há sinergias e uma incorporação do Jaime por detrás das cortinas trazendo um pouco daquela alma do time campeão da Copa do Brasil. Mas não vamos nos iludir. Contra times mais fortes, como foi o caso do Cruzeiro, uma bola e alguma sorte no início, ajudou a não ter que enfrentar barreiras maiores, num jogo onde não houve domínio. E a Chapecoense não se mostra aqui um adversário de força para se testar coisa alguma.
Vamos ver nos próximos cruzamentos de jogos, contra o líder, e no próprio confronto entre Vasco e Flamengo, como vai ser essa tensão, entre um que precisa ganhar a qualquer preço para permanecer no G-4 e o outro que precisa a qualquer custo ganhar para se manter na elite do futebol brasileiro, sem amargar uma segunda divisão. Creio que teremos muito mais emoção pela frente. Me parece que agora, mais cirúrgicos e sem arriscar, ter jogadores em campo na plenitude de suas formas está acontecendo, e os resultados são evidentes. Diferentemente do Fluminense, que acabou arriscando escalar quem ainda não estava na ponta dos cascos e acabou retardando o melhor aproveitamento de elenco por precipitação.

TRIO RUBRO-NEGRO NO TREM MAIS ANIMADO DO MUNDO

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Estávamos em Bangu, na casa de Sergio Bylucas Brilhante, quando apareceu um amigo do carnaval, Claudio Penido, morador faz mais de 15 anos da Suíça, país-sede da FIFA. Essa figura que vem se dedicando a levar a imagem do Brasil por meio de intercâmbio cultural para Zurique, e adjacências, faz por lá suas peripécias de carnaval e veio para levar talentos e trocar experiências entre as duas culturas.
Mas havia uma lacuna em sua experiência como idealizador da MAIS BRASIL. Apesar de muito ligado as nossas raízes, não tem grande afinidade com futebol e nunca havia ido ao Maracanã. Quatro horas antes do jogo que marcaria a entrada no G-4 do Flamengo, ganhando do Cruzeiro, os filhos de Bylucas, Pedro Framback , Matheus e Lucas ligam e convocam o ex-craque das peladas do bairro mais quente do Rio para ir ao Maraca. Havia sobrado um ingresso de 10 reais, desses que todo mundo quer ter! Afinal o jogo tinha gostinho de decisão. Decidido a ir, faltava resolver como obter mais um para que pudesse voltar a pisar no templo do futebol. Como sempre acredito que tudo se resolve, até quando nada é resolvido, fixei a ideia de ir ao Maraca, mesmo que fosse para ficar na porta, sentindo a energia, conversando com as pessoas, entendendo o momento atual.
Não pude esquecer do amigo Claudinho e resolvi que ele não poderia deixar passar essa oportunidade, antes de sua volta daqui a três dias para seu atual país. Ficou em dúvida, mas ao final, seu espírito aventureiro prevaleceu e ele aceitou nos acompanhar. Ambos queriam ir de carro. Mas defendi a ideia de que se quiséssemos ser coerentes com a visão de um MAIS BRASIL, prá valer, e não da boca para fora, seria importante vivenciar o Brasil REAL, indo e voltando de trem. Rolaram algumas apreensões, mas no final, todos embarcamos na mesma ideia.
Já pelo caminho, algumas tomadas de estações que daqui a um pouco serão utilizadas para chegada nos equipamentos esportivos para a realização de diversas modalidades dos Jogos Olímpicos RIO 2016. Fui apresentando, Magalhães Bastos e as obras em andamento da Transolímpica, a estação da Vila Militar e o seu Quartel General, falando da equitação, etc, etc. Claudinho Penido tem na linhagem o tino para fazer mídia. E aproveitei ao máximo essa capacidade e o seu francês.
Chegando no Maracanã, uma história para conseguir ingressos, a bilheteria com dificuldades para passar um cartão da Caixa Econômica Federal, pelo simples fato de que a bandeira era da ELO. E isso porque o Campeonato Brasileiro TEM A ELO COMO ANUNCIANTE, nas placas que vi e fotografei nesse mesmo jogo. Coisas de Brasil, com as quais os organizadores do futebol em Zurique não concordariam, soa ridículo.
Imaginem minha situação, tentando comprar ingressos, para uma pessoa que vem da Suíça, é convidada a assistir uma partida de futebol pela primeira vez, sai de sua casa numa aventura as 8 da noite para voltar de trem para casa as 2 da manhã, e não consegue entrar porque a máquina não passa a bandeira de seu cartão. Foi quase uma tragédia surreal, que certamente será incorporada ao meu livro sobre ingressos. Tivemos sorte, a mão de Deus atuou, meu plano “A” funcionou e conseguimos entrar.
Lá dentro, um espetáculo de um bom nível técnico e um ótimo show de emoção da torcida rubro-negra, que sempre que é prestigiada com ingressos a preços acessíveis, chega junto. As diretorias de clubes de massa do Brasil precisam compreender isso, e rever junto com os inexperientes concessionários seus modelos de negócio. Ainda tem muito lugar vazio nos estádios e gente querendo entrar. Basta fazer a coisa certa, a começar com os turistas como Claudinho, que saiu com uma péssima impressão ao saber que entraria e seu lugar não estava marcado e que ele arriscaria assistir de pé. Mais uma vez demos sorte.
O Flamengo ganhou, a cobertura jornalística do jogo, se cumpriu a contento, com uma frieza que não combina com o calor que recebi nas torcidas e com a beleza dos gols. Estou decepcionado com o estilo descritivo dos nossos dissecadores do futebol, atuando no setor e até com a emoção das narrações, em especial dos gols, que pouco ou nada emocionaram, quando assisti ao chegar em casa.
Aproveitei o intervalo para entrevistar Claudinho, que se mostrou um pouco tímido e não se sentiu confortável em assumir que não é do ramo, mas deixou claro suas intenções de misturar carnaval e samba na Suíça, como já fazemos no Brasil, que possui sua identidade muito bem constituída nessas duas atividades culturais populares, nossos alicerces. Seus planos são ambiciosos.
Ao voltar prá casa, escolhido o trem certo, para não parar em Saracuruna, encontrei essas três princesas, estudantes de jornalismo, e que por isso estavam no jogo. Curioso ver meninas tão lindas e jovens, sozinhas, sendo que duas nem sabem regras básicas de futebol indo ao Maracanã, assim. Fiquei feliz com esse sopro de beleza e inteligência, perdido numa noite de festa. Poderiam estar numa boate nessa quinta-feira, numa festa rave, terem ido ao cinema, mas optaram pelo espetáculo que ainda é o futebol, e valeu a pena.
Nos divertimos, brincamos de teatro, fizemos até uma aula gratuita de Francês no TREM, inaugurada alguns meses atrás e que já teve dezenas de alunos até aqui, promovidas pelo CIR Centro De Idiomas Real e deixei o convite para que fizessem uma visita ao projeto do Centro de Comunicações e Televisão em processo de construção em Bangu, com o empreendedor Marco Palito , Clécio Regis e Claudinho na Comissão de Frente. Ter a presença de alunas de Jornalismo da FACHA, uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro.
Uma viagem que passou rápido, com conteúdo e muitas trocas culturais, Claudinho Penido mais uma vez escalado para colaborar, dessa vez como avaliador da pronúcia das meninas. Desnecessário dizer que inspiradas nos gols de Alan Patrick e Luis Antonio, elas GABARITARAM, mesmo com o barulho natural do trem e a balbúrdia da torcida, que segundo o nosso exportadinho brazuca, “se fizesse menos barulho na saída, ouviria as instruções dos alto-falantes para saber em que trem entrar e não parar no lugar errado”. Como morador da Suíça, também deveria considerar outras formas de linguagem, como a sinalização na Estação Maracanã, onde minutos antes vi pessoas serem informadas equivocadamente que a direção para a entrada do trem era a mesma que a do metrô, por exemplo, ou que das roletas para passar com o cartão de acesso na plataforma, as três primeiras eram apenas para quem tivesse ingressos com apenas UM CRÉDITO, o que causava uma confusão dos diabos na boca de entrada, criando riscos desnecessários. Fatos como esses só demonstram a falta de preparo da SUPERVIA para o ajuste fino, que só quem vai a campo levantar os problemas reais poderá ter competência para resolver. Não por acaso sempre recomendei o envio de trainees para a frente do front de batalha. Normalmente depois, saíram campeões.
Nada está perdido, o jogo apenas começou… O site do Mosaico Esportivo está fora do ar até que alguns problemas sejam resolvidos junto a LOCAWEB, mas enquanto isso, o direcionamento para o facebook do Programa Mosaico Esportivo e para a página publicada no WordPress podem manter, sem a mesma eficácia, o conteúdo no ar.

FLAMENGO: MELHOR SEM TRÊS TITULARES

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Uma equipe que parece se acertar, do goleiro ao décimo-segundo jogador. Não que possa garantir a consistência em caso de enfrentar adversários com poder ofensivo de mais qualidade, ou defesas melhor estruturadas. Mas já dá para sentir o gostinho de um corpo em formação. E por favor, quando falar em levar gols, não esqueçam do Samir. Quase todos acabam caindo na sua conta, sei lá por que cargas d’água.
Como o amigo Marcelo Barros​ pontuou, não de agora, a figura do Paulo Vitor dá a defesa rubro-negra um pouquinho mais de segurança. Mas não é tanto assim também não. Sem torcida e fora de casa, com adversários com capacidade de exercer maior pressão, ela vai continuar pifando. E por razões que já conhecemos. Não cabe aqui repetir.
Os três titulares que não jogaram não fizeram diferença, diante de times um “degrau abaixo”, na escala de competitivos. Pode ser que Guerreiro, Edérson e Jorge o façam em momentos de maior peleja. Por enquanto foi feliz ver a desenvoltura de Kayke, que como afirmei a Pedro Framback​, fez, faz e poderá fazer a diferença, com ou sem uma estrela por perto. O garoto tem cheiro de gol, e sabe jogar numa linha de passe, (conceito que usei no jogo Argentina e Paraguai, quando a linha de ataque do time de Messi engoliu na Copa América o outro time). Há momentos que o Flamengo aparece com quatro a seis jogadores praticamente dentro da grande área adversária, trocando passes com uma harmonia promissora. E o Kayke encaixa bem nessa proposição de jogo, pois exerceria a função de finalizador, apesar de ter mostrado competência na linha de passe ao dar duas assistências, das quais uma o Paulinho conferiu em gol. É bom dizer que numa linha de passe boa, qualquer um dos quatro atacantes tem capacidade técnica de fazer gols. Mas não são os quatro necessariamente goleadores em mesma proporção. Veja o caso do Sheik, que considero o atleta mais vital ao Flamengo. Sempre realizou seus gols, decisivos até, responsáveis pela conquista de títulos. É uma característica sua. Mas nunca figurará na lista de artilheiros de um campeonato, porque exerce em campo muitas outras funções, dada a sua capacidade atlética e precisão de passe, combate, etc. Tem outros interesses em participação numa partida de futebol.
A tola expulsão de Éverton já no finalzinho da partida era desnecessária. Dono do motor de retomada de contra-ataque do time, ele fará falta contra o Cruzeiro. Encontrou o melhor lugar para jogar, sendo mais útil longe das tentativas de fazer gols, o que não é a sua praia.
Fiquei muito curioso para saber o que teria levado Oswaldo a escalar Paulinho na substituição de Armero. Me lembrei da sabedoria de Jaime, nos dias em que o técnico hoje aliado levou um baile ao deixar seu lateral exposto ao ridículo de uma roda montada contra o Botafogo, na época. Apesar de suas limitações como finalizador, Paulinho dribla com facilidade, arranca como poucos velocistas e já deu mostras que pode, numa situação específica de jogo, cumprir com disciplina uma função mais defensiva, desde que apoiado com a cobertura de um Jonas ou Márcio Araújo.
Coube ao Fluminense estar sempre próximo. Próximo de tentar o empate. Mas nesse caso, se expondo mais a um time que pode ir sempre bem quando sair na frente do placar.
Me interessa saber o que acontecerá com essa formação e qual será a consequência para uma defesa a meu ver fraca, quando o placar for desfavorável. Uma curiosidade que cedo ou tarde acabará sendo saciada. Talvez já na próxima partida, já que com o mando de campo, o Flamengo vai sempre prá “cima deles”.
Em tempos de Clássicos, retomo a defesa da invasão da beleza nos estádios. A monotonia se aplaca, a alma vibra na certeza de que dias melhores virão.

A BELEZA NO FUTEBOL E SEUS REVEZES

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Considero trágico, mas reversível, a goleada histórica que o Internacional deu no time vascaíno. Mas aqui vale a repetição do mantra da organização defensiva, com ou sem zagueiros. O que importa ali, nas bolas paradas é apenas o estudo da marcação, pura e simples. As cabeçadas livres que estamos assistindo defesas como as do Vasco e do Flamengo levarem são inaceitáveis. Num dos gols, um dos zagueiros cruzmaltinos “assistiu” a subida de dois jogadores do inter, que até ensaiaram bem uma jogada de finta, até desnecessária tamanha era a fragilidade adversária.
Mas não quero ficar apenas nas falhas. Num jogo com dois gols de placa, prefiro enaltecer a beleza das pinturas que Valdívia e Nilton nos presentearam essa noite. Sempre gostei de gols desse tipo, bolas fortes, bem atacadas e com endereço certo, indefensáveis.
A beleza não ficou por aí. Ela resolveu aparecer também num jogo em que quem jogou melhor e teve uma penca de oportunidades não levou. O Atlético Mineiro esbanjou qualidade em todos os quesitos modernos, só pecando na frase mais importante para o futebol no meu livro de mandamentos: futebol é gol. Seus goleadores, costumeiramente infalíveis como Bruce Lee, dessa vez ficaram no “quase”. Coube a um jogador emblemático das armadilhas do belo na arte do futebol, de uma certa forma uma espécie de “patinho feio”, execrado publicamente até pela imprensa esportiva especializada, o papel de herói. Sua cobrança de penalti foi tecnicamente perfeita. Como disse o narrador, a bola saiu “queimando a grama”, numa velocidade só possível se batida com o peito do pé. Difícil ver isso nos dias atuais. Creio que o Atlético-PR no G-4 nesse momento do campeonato, deve muito ao Valter, pela liderança técnica que exerce, sem fazer esforço. As brigas com a balança, revezes de um ser humano. Os malefícios da passagem pelo Fluminense são agora apenas ensinamentos.
Continuo achando que o futebol jogado por Sheik sobra no Flamengo. Tem uma condição física privilegiada, sempre soube dosar essa vantagem e alia essas virtudes a uma grande consciência coletiva na prática de um esporte acima de tudo coletivo. Difícil encontrar outro igual, até na sua espontaneidade, onde nos serve até mesmo a merda, como símbolo de aplauso.
Tenho certeza de que muitos amigos acreditam na redenção originada em cores e classe social como panaceia das agruras do futebol e até mesmo dos problemas do mundo. Sei que as questões de gênero, raça e religião não foram extirpadas do conjunto de preconceitos aos quais aderimos, conscientemente ou não. Mas quero tentar ficar ao largo deles, e me firmar na proposta simples, a mais simples que encontrei para definir o que me faz gostar de futebol em específico e no esporte em geral: o que é bom é bom, o que é ruim, é ruim. E esses estados, apenas dois, são visíveis aos olhos da platéia, que se atenta, saberá distinguir o belo, mesmo quando não apresentado em suas formas puras idealizadas pelos planos aristotélicos que aprendi nos cursos caseiros de filosofia, a convite de Alvaro Vasconcellos, longo tempo atrás. As idealizações são cada vez menos úteis para compreender o mundo. As categorias, evoluem de um binário para séries infinitesimais. Vamos seguindo a bola, até que o juiz decida apitar o final da partida. Apesar do revés, o Palmeiras continua sendo um dos times que mais gostei de ver nesse campeonato brasileiro de 2015, pelo que representa de melhor, comparado aos anos anteriores. Um bom trabalho, que cedo ou tarde renderá ótimos frutos.

ERRATA AO GLOBOESPORTE: FLAMENGO X VASCO

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É muito ruim quando mesmo tardiamente o texto não espelha o tamanho do problema. Parece que só agora os manés, que acompanham futebol todos os dias e ganham relativamente bem para fazer isso, chegaram a “brilhante conclusão” de que a defesa do Flamengo é uma “peneira furada”.
Nos últimos dois meses tenho alertado não só sobre a deficiência defensiva flamenguista, mas dos times cariocas em geral. Defesas fracas. E o diagnóstico não é recente, pois no caso rubro-negro, data da era R10! Então também não é algo nascido na terra da diretoria chamada de os “Smurf’s” por alguns sócios de importância no clube da Gávea. Como diaria Leonel Brizola, “a coisa vem de longe”…
Gostei do Oswaldo, ao colocar o dedo nessa ferida, e dizer que não se trata de um problema de treinamento, mas de “atitude”. Quem tiver oportunidade de olhar o desenrolar completo da jogada do gol do Vasco, utilizando as dezenas de câmeras disponíveis, analisando friamente verá que:
1 – O Pará ficou refém de um veloz, que entrou para despachar ele, com macumba e tudo, prás cucuias, sem cobertura. Isso porque o Flamengo GANHAVA O JOGO. Creio que aqui, falha do técnico. É claro que o lateral correu muito, mas nesse final de partida, já não tinha o gás para pegar na cauda do amuleto vascaíno, bem escolhido por Jorginho, “na hora certa”. Oswaldo deu mole, no tempo de resposta a substituição feita pelo técnico vascaíno. A falta, inevitável? O amarelo, mais que justo.
2 – A falta não foi batida rapidamente. O que significa que deu TODO O TEMPO DO MUNDO, para arrumar a casa e posicionar cada um no seu quadrado. Mas o Flamengo pode encher com 200 jogadores sua pequena e grande áreas que isso não adiantará NADA.
3 – Olhando pela câmera por detrás do gol, vemos o autor do gol se deslocar, em velocidade. Na marcação homem a homem (básico no futebol e nas bolas paradas), estava Marcelo Cirino, alto, rápido, substituto e com gás. Cansado de não fazer nada, frequentador das rodas de amigos, acomodado, creio que se viu em outro jogo, cochilou ali, comeu aquela mosca. Ficou simplesmente “olhando a jogada”, como se fosse um dos torcedores da arquibancada, ou o amigo Daniel Avelino com seu filho aniversariante no Maracanã Mais.
É dessa verdadeira “zona de conforto” que os técnicos que passarem pela Gávea devem retirar seus atletas. Não basta ter intensidade e velocidade com a bola no pé. Tem algo no futebol brasileiro que precisa ser reinventado, e essa coisa não combina com uma suposta superioridade técnica, que na prática não combina com títulos e gols, mas principalmente com uma defesa sólida que garanta os resultados.
Futebol se ganha nos detalhes. Essa resenha, escrevi cada capítulo nos últimos meses. Me parece que agora, ao virar lugar comum, poderei descansar? Creio que não. O diagnóstico continua capenga. Jogadores de baixa estatura na defesa, só em caráter excepcional. Não é o caso da turma do Pokemon e etc.
Olhem para o baile que o Brasil tomou, quando caiu de 7. A defesa alemã, que vi de perto nas entrevistas, altíssima, arma destrutiva defensiva, opção de gol nas bolas paradas. Porque abriremos mão disso? Porque nossos atletas mais altos estão indo para o volei? Não é verdade, sempre tivemos tradição com zagueiros mais altos, e técnicos.
Um Samir me dizendo “temos que melhorar”, sinceramente é assinatura de banco ou transferência. Será que só agora ele viu isso! Como lateral ainda poderia se salvar, mesmo sem velocidade, com alguém na cobertura. Como zagueiro, tem que pedir licença prá sair e ir embora. Boa praça, educado, do bem, acredito. Mas não tem vaga num time de ponta como o Flamengo, a não ser por razões misteriosas do agenciamento do futebol no clube. E isso precisa mudar urgentemente.

ÉPICOS DO FUTEBOL: O MELHOR CLÁSSICO

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O empate lhe bastava. Mas o Vasco não jogou por ele. Essas promessas de “iniciantes”, mal orientados e sem a história na mão, viram quase sempre arma nas mãos do adversário. O pífio Guerreiro entrou para pagar o mico de falar mais do que devia e sair como se recebendo um castigo lá de cima.
A partida tinha já de entrada, duas apostas: a de que a defesa do Flamengo, mesmo diante de times medíocres, sempre há de levar um a dois gols; e que o preço dessas promessas atiçam qualquer oponente, quanto mais a maior rivalidade regional do Brasil.
Um jogo melhor, que perdeu em qualidade por parte do Flamengo, com a saída impensada de Guerreiro e de um Ederson, substituídos por uma linha de coadjuvantes sem o mesmo brilho, apenas mais velozes, sem poder de finalização. O rubro-negro confiante e que asfixiou o time vascaíno foi dando lugar a um time de correria, que pouco a pouco ia perdendo o mando do meio-campo, até permitir a chegada ao ataque do Vasco. E no caso, qualquer ataque é sinônimo de risco. Uma defesa sem estrutura, sem espinha dorsal, dessas que continuam saindo no chutão, forçando assim a um jogo previsível de defesa contra a ataque.
Uma hora vaza. E vazou. Brilhou a estrela de Jorginho, que poderia ter saído engolido desse segundo confronto, mas colocou em cena o garoto, que para mim, nunca deveria ter saído do time principal, pelo campeonato carioca que fez, em momentos decisivos. Foi dele o gol que deu ao cruzmaltino o direito de avançar para a próxima fase. Merecidamente, diga-se de passagem.
Uma defesa como a do Flamengo, onde um jogador de tamanho pequeno cabeceia na altura da grama, sozinho, sem ninguém na marcação de uma bola parada, tem que voltar para a escolinha do professor Flávio Trivella. É triste ter que demarcar tantas vezes o mesmo assunto, martelar a fissura, repetir a chatice. Mas Darcy Ribeiro afirmava que é parte da pedagogia, o ato da repetição. Me perdoem aqui os amigos, Iata Anderson, Marcelo Barros, Marco Palito, Edison Viana, João Oliveira, Joao David, Sergio Bylucas Brilhante, Daniel Avelino, Cesar Goncalves, Gonçalo Luiz Ribeiro, pela repetição sobre o quadro de penúria de times sem uma estrutura defensiva consistente. Salvou um pouco a volta do goleiro flamenguista, que vale por todo o conjunto da obra.
Gostei da merda do Sheik. Não pelo que ela representa, mas sim pelo que ela provoca. Ele sabe jogar prá platéia e tem culhão para enfrentar as admoestações de um sistema de censura explícito, instaurado nas páginas de folhetins. Aqui o valor de sua intervenção no espetáculo tenha valido mais pela liberdade expressiva, sem qualquer consequência maior, se olharmos para o conteúdo que circula livremente nos smartphones dos adolescentes em 2015. É fato que a televisão, seus textos cheirando a pó e suas repreensões babacóides só podem acabar em estagnação de audiência.
Chega de falso moralismo na comunicação humana e de discursos estéreis comprometendo o retrato da realidade que até um cego pode ver.
É livre, pensar, escrever e se expressar. Que cada um tenha a coragem de carregar o fardo de suas convições com dignidade.

UM FUTEBOL DE VELHAS LEMBRANÇAS (E NOVAS LAMBANÇAS)

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Bem que disse um amigo meu, em sua sala, diante do home-theater e das imagens chocantes que acabara de assistir. Não se tratava de uma chacina na Grande São Paulo ou de um terremoto. Era a forma de atuação da defesa do Flamengo, protagonista, mas desta vez acompanhada das lambanças da linha de defesa adversária, a do São Paulo, do técnico Osório.
Em primeiro lugar, os gols. E aqui incluo os feitos por ambos os times e os desperdiçados, em especial pelo Flamengo. Foram lambanças atrás de lambanças. Desde o primeiro gol, outra vez de escanteio, a bola parada que deixa a torcida rubro-negra de cabelo em pé. Com uma participacão mais do que especial do goleiro flamenguista. Lá estava ele, no centro da pequena área, claramente adiantado, pedindo para que o batedor colocasse a bola nas suas costas, o que aconteceu.
Andar para trás é bem mais difícil do que para frente, ele não chega na bola, dentro do seu perímetro de domínio e ainda conta com a ajuda nula dos nanicos Samir e Pará, que facilitam a vida para todos os times que enfrentarem o time da Gávea. Mas isso não é novidade para ninguém. Todos os times que enfrentarem o mengão vão investir nas bolas pelo alto, elegendo jogadores de estatura para ganhar a primeira bola e até encontrar um parceiro para o passe de cabeça.
O ataque do Flamengo corre, é verdade. Mas a defesa vaza, e não é de hoje, com escalacões que não são compatíveis com o futebol de bolas paradas e jogadas ensaiadas de hoje. Defesa baixa e pouco técnica, se pegar time bom, leva dois gols no mínimo por partida.
No empate improvável, a defesa são paulina, consegue ser pior: decide por alimentar sistematicamente o Guerreiro com passes açucarados… Não fosse a má fase do artilheiro, assistiríamos uma sacolada… Foram de fato muitos lances de gol, diante de um paulista desfigurado, irreconhecível, tamanhos os desfalques e o desmonte. Nem o técnico está garantido nessa altura do campeonato.
Mas quero voltar as velhas lembranças. Vimos defesas exemplares, darem estabilidade ao time tantas vezes campeão. Pelos pés de Leandro, por exemplo, lances que entraram para a história do futebol, de uma bola nas costas que o mesmo mata de calcanhar/puxeta de costas e joga no próprio peito, aterrisa no gramado e tranquilamente sai jogando com um passe zen. Isso é um pouco diferente do que estamos assistindo esse pessoal em campo fazer, que insistimos em chamar de jogadores de futebol ou atletas.
Muitos por aqui tem escrito que em tal lugar, nos campos de várzea até mesmo do Rio de Janeiro, encontramos vinte ou trinta melhores. Não duvido que sejam, lá, nos confins da várzea em que jogam. Mas suportar o que o futebol exige hoje desses seres humanos, é outra história.
Nunca consegui fechar a conta onde a produção em massa das fábricas de queijo superassem em qualidade os métodos de produção artesanal, em termos de uma qualidade particular de sabor. Assim é com qualquer atividade humana. Massificou, complica a entrega da qualidade. No impasse entre a produtividade e genialidade, desafio os marmiteiros de aeroporto a enfrentar quem come feijão com arroz em casa, todo dia.
É uma covardia acusar quem está em campo de não nos oferecer o que merecemos assistir. Creio mais pertinente responsabilizar quem dirige os critérios de escolha, colocando diante de nós, linhas de fesa que não terão como se defender, com laterais e volantes de 1,70m, por exemplo. Não que o futebol seja basquete e a altura seja determinante. Mas uma média de idade e de estatura será e fará a diferença, quando você estiver diante de um adversário que te estuda e usa suas fraquezas para te vencer.
Um jogador como o Wallace, por exemplo, capitão do time, merece um olhar em particular. Vem sendo quase sempre aplicado a ele os amarelos, nas paradas de jogada na intermediária. E porque? Porque infelizmente o time joga com dois volantes e no entanto o primeiro combate está caindo na sua conta. Aí, depois do primeiro amarelo, ter o camarada em campo como último homem? Bem, forçando as jogadas nele, levará o segundo e será expulso. Líquido e certo como 2 + 2 = 4.
O futebol tem um abecedário e uma artimética simples. O cidadão nem precisa aprender a fazer conta de divisão ou multiplicação. Não vejo técnicos aplicando métodos de decisão simplificados para redução de riscos em suas formações, antes ou durante o jogo. Gostaria que aprendessem com esportes onde certas atitudes já se universalizaram, fazem parte do script de qualquer técnico, seja ele de nível diferenciado ou iniciante.
O fato é que esse “bumba meu boi” medíocre que vimos assistindo nos jogos do Flamengo, e cito aqui apenas o Flamengo x Palmeiras, Flamengo x Vasco e Flamengo x São Paulo, dão poucas esperanças a melhores dias a nação. É muito sofrimento desnecessário, com um time até razoável, após a chegada de Guerreiro e Sheik, com seus coadjuvantes no ataque. Ainda não fazem linha de passe, não olham o melhor posicionado para finalizar, mas já dão esperança de pelo menos um ou dois gols por partida, o que é pouco se a defesa continuar nessa situação.
Que me perdoem os amigos da “Festa do Boi”, mas ela não é um bom exemplo de como se faz um espetáculo de futebol. Recorram as velhas lembranças e ensinem as defesas a se comportam com a tranquilidade que a posição exige. Um pouco de cadência e classe podem fazer toda a diferença.

HUB SPORT: A REALIDADE DOS CONTEÚDOS ESPORTIVOS E A ATRATIVIDADE GLOBALIZADA

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Muita gente na União Soviética defendia a ideia de que os “enlatados” distantes das tradições locais eram conteúdos espúrios, coisa do demônio, arma ideológica do Tio Sam.
Muita gente da história da MPB achava que guitarra era para ser execrada da cena de artistas da música brasileiros de verdade… Não conheciam nem leram a história do nascimento e criação do Jazz…
Muita gente ainda acha que conteúdo local é uma obrigação moral de quem está aqui, compulsoriamente condenado a assistir apenas o que se produz aqui, porque nós somos o que é relevante. Uma variação da xenofobia francesa, para a qual o lance ultrapassado de novela nacional já devia ter morrido faz décadas, já que a França não cultivava o gênero. O problema é que depois de Avenida Brasil, com o viadinho mais falado da ficção brasileira, os franceses compraram a novela, como um produto, atrativo, rentável e sem a ideologia dos teóricos do audiovisual.
Mercado é uma arma foda. E tem sempre um pedacinho dessas verdades impostoras. Mas é sempre cheio da preferência dos mais jovens, novas tendências e eternas preferências.
Entrei num Programa de Esportes, que para ser sincero, até poderia chamar de Programa de Futebol, com a decidida intenção de transformá-lo em um Programa Esportivo mais amplo. Até porque, os amigos que participavam detiam muito mais conteúdo sobre modalidades tão diversas, desperdiçadas todos os dias, só por causa de uma suposta preferência do público pelo futebol, que afinal paga as contas. No nosso caso, Marcelo Barros, editor-chefe, definiu que o caminho era fazer uma diferença, focalizando nossos times cariocas, os de maior torcida. Esse hiperfoco tem suas vantagens. Mas pessoalmente nunca as considerei suficientes no quadro atual para justificar a exclusão de outras possibilidades.
Foi assim que criei a marca Mosaico Esportivo, para uso estratégico nas Olimpíadas e em ações de desenvolvimento esportivo em geral, junto a comunidades e também em projetos e ações de negócio para o desenvolvimento de nossa inserção como um grupo dedicado a mídia desse setor. Deixaríamos de ser boleiros amadores para alcançar níveis de qualidade compatíveis com tudo que sabíamos sobre esportes em geral.
Algum tempo depois, relfetindo sobre o modo de distribuição desse conteúdo, criei o HUB SPORT, estruturado segundo uma lógica essencialmente mercadológica, priorizando oportunidades de conteúdo diversificado, mais alinhadas com tendências claras, que ainda não haviam sido aproveitadas pelos tubarões de mídia em atividade.
Me parece que agora essa situação vai mudando pouco a pouco. A imagem que acompanha esse texto, tela principal do Globoesporte é um exemplo de que o conteúdo internacional no segmento esportivo mais importante do país, já ganha relevância indiscutível para frequentar as rodas de bar nacionais. De um lado um técnico colombiano, na cena de uma crise de técnicos, falando sobre a saída de Alexandre Pato e os golpes de um novo futebol, jogado com armas pesadas.
Armas que expõe as feridas do desinteresse por um Flamengo x Vasco na Copa do Brasil, que nós aqui, somos obrigados a assistir as 10 horas da noite. E mesmo assim ainda ver um público de mais de 30 mil torcedores, que terão que voltar para casa, em horário de risco, muitas vezes sem condução, como recentemente aconteceu num desses jogos-corujão. Ninguém aguenta mais isso. É hora de entrar em cena uma lei que obrigue a prática de esportes em horários compatíveis com a circulação das pessoas pela cidade. No mínimo garantindo trasnporte e segurança.
E foi assim que uma rodada de jogos internacionais ganhou mais relevância do que o maior clássico do futebol carioca…

TIMES FRACOS RESULTADOS POSSÍVEIS

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O futebol ganhou pragmatismo de uns tempos para cá. E isso fica muito evidente em partidas como a do Fluminense com o fraco time do Figuerense, que bem poderia estar disputando a segunda divisão, mas do campeonato carioca, se jogasse por aqui.
Mas se isso é uma hipótese plausível, porque o Figueirense conseguiu, apesar da derrota, um resultado tão apertado em termos de placar? O futebol moderno mudou. Na Copa do mundo, observávamos como as diferentes seleções, não tão nobre exceção ao Brasil, jogavam.
O primeiro princípio adotado por qualquer time de futebol da atualidade é bastante parecido com os fundamentos do basquete: se o time estiver no ataque e perder a posse de bola, a recomposição é compulsória. Ou seja, independentemente do esquema tático, (4-4-2 foi o adotado pelo Fluminense), pelo menos NOVE jogadores do time deverão estar ATRÁS DA LINHA DA BOLA; e em caso de não estar com a posse da bola, as duas opções de marcação são SOB PRESSÃO, no campo adversário e a MEIA PRESSÃO, a partir da linha de meio de campo para trás.
Somente ao aplicar esses dois princípios extremamente simples, um time de futebol já ganha capacidade de enfrentar um adversário mais forte. Claro, com limitações, tipo, jogar por uma bola, ter um bom escape de contra-ataque, esperar uma falha da defesa adversária, coisas que podem de fato acontecer ao longo de 90 minutos de uma partida de futebol. E assim, times medíocres, mas disciplinados em seus objetivos, amealham resultados.
O time tricolor das laranjeiras era incomparavelmente superior ao Figueirense. Passou o jogo inteiro bombardeando o adversário. Mas não traduziu isso em um placar elástico, e ainda se complicou, numa bola que poderia ter custado pontos, a mão boba de um bom mas pouco malandro Marlon. Deu um mole que nem em pelada a gente aceita.
Os times cariocas seguem pecando em fundamentos modernos do futebol. Uns um pouco mais (ou muito mais, e há muito tempo) e outros um pouco menos. Essas fragilidades ficam menos evidentes quando enfrentam adversários tecnicamente muito inferiores ou técnicos sem inteligência tática. O Palmeiras, por exemplo, como já repeti aqui diversas vezes, e recebi o reforço do amigo Marcelo Barros, joga sem defesa. De um lado, atletas como Samir, que infelizmente entraria na minha lista do hall dos “entrega ouro”. Tenho uma memória futebolística razoável e sou muito preciso na análise de jogadores de função de segurança, desses que não podem dar mole. O jovem vem acumulando trágicos episódios. Só não sei até quando. O gol desnecessário do Palmeiras, acaba com qualquer possibilidade de almejar vida melhor para o Fla.
O ataque faz um, a defesa leva dois. O ataque faz dois, a defesa leva três. O ataque faz três, a defesa leva quatro. A defesa do Flamengo é um fator a ser estudado em caráter prioritário, em prol de um rendimento na tabela. O ataque vai fazer o que sabe. Os caras de linha atualmente contratados são mestres do ofício. Mas a defesa porá, como vem pondo desde os tempos de R10, tudo a perder, seguindo desse jeito.
Todo mundo sabe que o Leonardo Moura, na época, e o Pará atualmente são baixos. Os técnicos descolados, armam jogadas pelo alto para facilmente fazer seus gols por aquele caminho. O Luxemburgo, perdeu o jogo mais ganho e a oportunidade de levantar o Bi da Copa do Brasil com o Flamengo em ascensão, por erros de estratégia, na escalação do time em duas competições paralelas.
Levar de quatro prá esse time do Atlético-MG, era inadimissível, em se considerando os princípios de futebol moderno que citei acima. É simples. Não tem como levar 4 gols, já tendo conquistado uma vantagem tão grande quanto a que o Flamengo levou para o estádio Centenário. Mas certos times levam. E vão continuar levando. Passar a mãozinha na cabeça do Cristovão não ajuda a resolver problemas de fundamento defensivo. Jogadores baixos não fazem parte do modelo de tendência para ocupar a posição de “reboteiros” das bolas altas no futebol moderno. A defesa precisa de homens altos, e isso já fazíamos em nossas peladas quase 30 anos atrás. Foi possível ver a altura dos zagueiros alemães e imaginar a difculdade de ganhar deles por cima. Seja no ataque a eles, ou na defesa, quando estiverem fazendo com a bola parada as jogadas ensaiadas. O futebol também é um jogo que cada vez mais, se joga por cima.
Claro que quando um time se dedica para não levar o tal do primeiro gol, que te coloca na mesma desvantagem de um jogador de xadrez que sai com as peças negras em lugar das brancas (daí a alternância das peças nas disputas de xadrez), ele deve ter em conta muitos elementos para decidir, inclusive que time irá a campo. Um deles, altura vis-a-vis de jogadores em campo, para produzir um “equilíbrio” nesse quesito.
Um time baixo, como o do Chile e o do Japão, terão sempre dificuldades de alcançar um patamar de jogo competitivo para ganhar competições internacionais. As locais, tudo bem, mas na hora de mostrar o algo mais, ele simplesmente não vai existir. Até sustenta o tal de volume de jogo, mas perde numa ou em duas bolas, para um time bem armadinho que saiba explorar essa deficiência, a meu ver determinante de resultados.

O VELHO E BOM R10 E UM MOSAICO TRICOLOR 3D

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Era de se esperar muito mais. A torcida sempre quer mais. Mas será que jogar logo numa estréia os noventa minutos não é prá lá de bom? Tudo bem que a galera do Cartola chiou, pois perderam pontos por causa do cartão amarelo que R10 levou. Mas um jogador duro como ele, que imprime um lado da força do Grêmio em seu estilo de disputa, e depois de se fortalecer com um futebol mais físico jogado na Europa, não pode explorar essa capacidade, mesmo arriscando amarelos?
O passe que alinhavou e deu origem ao gol da vitória do time das laranjeiras nem foi para muitos um lance importante. Para mim foi simplesmente decisivo, e a prova disso foi a forma como o clássico correu para vibrar com os novinhos. Poxa vida minha gente, ele botou na cabeça do cara que disputou e que só ganhou para deixar a bola soltinha pela precisão do lançamento, de um tipo que encontramos muito raramente no futebol atual. Trata-se de uma bola em velocidade média, mas com uma queda que favorece o atacante na disputa. E isso fez toda a diferença.
Não há muito mais para falar, a não ser que o R10 voltou em grande estilo, dono de um modo de jogar bola próprio, uma escola, uma aula, seja no ritmo que for, um craque. Não dá para olhar para os outros. Essa coisa de futebol não pode e não deve virar apenas corrida de cavalos. Há outros recursos e esse camarada que entrou em campo hoje nos ensina isso.
Sempre atento aos Mosaicos nos estádios, na arte e na vida, foi legal ver o Fluminense fazer o seu, garantindo um plus na beleza do Maracanã, que só não chega a ser maior porque essa coisa de taxa de ocupação vai requerer uma reformulação da política de ingresso nos novos estádios, para que fiquem lotados, especialmente quando por lá estiverem grandes brasões e seus ídolos, aquisições e craques. Esse dia está longe? Não se sabe. Mas atrapalha muito que estejam na administração dos estádios, exatamente empresas que os construíram e que hoje se encontram comprometidas numa teia perniciosa de escândalos sobre corrupção em uma escala jamais imaginada.
A reformulação do termo dos contratos deve seguir o caminho da lei, e se questionar pelo poder judiciário aquilo que o poder executivo fez, em um período em que prevaleceram apenas e tão somente os interesses eleitorais, dissociados de uma política pró-torcedor. Um jogo desses merecia um público com renda esgotada. O artista da bola merece.

RUSSIA READY 2018

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O nome dele é Miron Goihman, e fizemos a Copa de 2014 juntos, num clima de amizade entre povos, com jornalistas de todo o mundo, talvez um pouco mais apaixonados por futebol, por encontrar um jogador da Copa de 1970 para entrevistar e coisas do tipo que só quem é boleiro entenderá. Com dois amigos mais próximos desse grupo seleto de integrantes da imprensa internacional, pude escrever meu nome na história do futebol dessa década, sem muito orgulho do que vi por aqui, depois que o Fenômeno pendurou suas chuteiras. Devo essa a Bento Ribeiro.
O maior exemplo de garoto-propaganda da NIKE no futebol saiu daqui do nosso lado e deu seu recado, lembrando até Pelé, pela sua simplicidade de objetivos, ao falar de seus sonhos no momento em que abriu o sorteio dos confrontos na cidade mais culta da Rússia, São Petersburgo (Leningrado de 1924 a 1991). Falou sobre o fim da violência.
A Copa da Rússia encontrou uma atmosfera forçada pelos americanos em torno de uma ação geopolítica. Não comoveu a opinião pública mas arranhou o brilho da festa. Não chegou a ser uma água no choppe. Os organizadores por sua vez não produziram para esse momento de perplexidades um evento de alto nível, fizeram um feijão com arroz. Afinal, era só um sorteio de eliminatórias. A entrada, por assim dizer. O prato principal, só depois do funil. Aí sim, queridos, pode deixar que encaminharei solicitações para indicação de nomes mais interessantes na posição da apresentadora, como frisou o amigo Marcelo Barros e um grupo de alinhados que apreciam frutas do sabor das melhores safras russas. Tenho alguns palpites e nomes, não necessariamente saídos das páginas esportivas para figurar nessa posição, até 2018.
Do ponto de vista do que nos interessa, o Brasil saiu perdendo logo de início. Ao pegar o Chile em Santiago, recém-campeão em casa, com uma torcida ávida por um êxito contra o time do Brasil (todos os mid-range teams desejam isso na América) e com um técnico completamente obcecado por esse alvo, só poderia ser pior sem o Neymar. E foi assim que aconteceu. Mas, sendo uma competição de pontos corridos, dá até para imaginar que o Brasil pode ganhar o bônus de resultados ruins no início, com a queda de Dunga e finalmente conseguirmos um técnico com alguma senioridade para oxigenar as veias de um time que não pode mais conviver com o arcaísmo medieval do controle policialesco de jogadores e um regime de força para que se jogue bola. É pouco. Se funcionasse, os maiores campeões da história seriam oriundos das piores ditaduras do planeta.
Ainda seríamos beneficiados por uma melhor apresentação de jogadores para os jogos Olímpicos, num efeito cascata que funcionasse como contraponto ao desfecho terrível de nossa participação em Londres com as lambanças de Mano, retirando heróis e elevando a idade de seus comandados para apenas voltar mais cedo para casa. Futebol é coisa para quem tem fome de bola e sabe jogar.
Ainda nessa praia, tive uma discussão interessante sobre que formato o Brasil deveria ter para seu futuro próximo. Falou-se muito no “admirável futebol do sul do país”. Sem desmerecer os times que o representam pela evidente superioridade organizacional e nível cultural das duas forças gaúchas, Internacional e Grêmio não podem representar com o tal “futebol força”, nossa identidade campeã. Sem estrelas de protagonismo, no máximo uma boa composição de elenco. Um jogador como Dunga (por favor não confunda com o técnico, que para mim nunca foi) tem seu lugar e vai até levantar a taça, pois que capitão. Mas daí a condição de estrela de primeira grandeza que leva uma equipe as reais possibilidades de campeã, vai uma distância grande. Quem carrega essa missão são os donos de talento, do futebol-arte, de uma escola que o mundo se encantou de ver, e que me levou a comprovar, quando atendia ao pedido de jornalistas estrangeiros para acesso a ex-jogadores de nossa linhagem de craques. Esses amigos não querem entrevistar os medianos, nem os cabeça de bragres, que por acidente se arvoram por aí de se apresentar como reis da cocada preta, quando são apenas herdeiros de conquistas alheias, feitas por gênios improváveis.
Que venham os jogos das eliminatórias para a Copa da Rússsia!

DEFESAS: FUNDAMENTO ESQUECIDO

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Os jogos Flamengo x Goiás e Vasco x Palmeiras acusam uma deficiência no fundamento defesa, esquecido que foi pelos responsáveis pelos treinamentos e preparação tática das duas equipes cariocas.
Lembro que era muito comum no período em que R10 passou pela Gávea, derrotas acontecerem por conta dessa mesma mazela. O ataque ia lá, metia dois, a defesa levava três. Os talentosos faziam três, a defesa levava quatro! Olhava para o semblante de Vágner Love e de Ronaldinho Gaúcho e dava para ler seus pensamentos. Mas como profissionais amigos e humanos, preservaram-se aplicando a valiosa máxima: o silêncio vale ouro.
Passaram-se já alguns anos, a ponto do maior craque dos últimos tempos que o Brasil já viu jogar, estar até vestindo a camisa tricolor. Mas a deficiência de fundamentos na defesa vem sendo perpetuada. Diferentemente de um time como o Corinthians, que pode até ser surpreendido por derrotas e alguns placares elásticos, mas que preserva um padrão de jogo condizente com as melhores práticas do futebol moderno.
Sabemos que o time que leva o primeiro gol, leva uma desvantagem enorme na construção de um resultado favorável. Essa dificuldade é ainda maior, quando o time em questão não dispões de uma superioridade técnica e tática sobre seu adversário.
Então, covenhamos, o que faz um time como o do Vasco, aos três minutos de jogo, levar o gol que levou, com quase toda a esquadra bem adiantada em relação a linha da bola? Só mesmo a ansiedade, a falta de cuidado, o despreparo em si, imbuído de uma falsa avaliação sobre sua própria realidade. A zaga vascaína é fraca. E o Palmeiras veio certinho, consciente de suas vantagens, jogando as fichas em cima das bolas altas, por onde falhas inaceitáveis ocorreram. Foi triste assistir uma defesa que até se portou bem por um período durante o campeonato carioca, destrambelhar para esse padrão, como se deu naquele fatídico jogo de “trocação” em Nova Friburgo. Mas nesse caso, as falhas individuais deixaram marcas muito expostas. Presa fácil, pela ingenuidade de mostrar serviço, diante de um time que se planejou para figurar entre os candidatos a título, como escrevi aqui, mesmo ao perder para o Goiás.
Falando em Goiás, ficou claro também, lá no cerrado, que o Flamengo não dispõe de recursos defensivos para encarar um time capaz de aproveitar a desorganização desse setor.
Ainda que corrigidos os problemas de cobertura pelas laterais (não é apenas uma questão relacionada aos jogadores da posição mas ao esquema tático utilizado, que os fragiliza desnecessariamente), com um Márcio Araújo indispensável desde os tempos de Leo Moura, cobrindo a parte do tapete que falta para um Pará não virar vítima.
Quando um goleiro ainda em processo de estabilização emocional se torna nome do primeiro tempo, é mal sinal. A saída de bola dos jogadores de trás é uma tragédia, uma vergonha para quem viu lançamentos primorosos como os de um Aldair, só para ficar num exemplo. O luxo e requinte que dava certeza de uma fluência quase verbal aos narradores de uma partida, como nosso Marcelo Barros, foram interrompidos para dar lugar as cacofonias, aos quase xingamentos e perda de estribeiras do mais paciente observador de uma tribuna de imprensa. Chega a ser desrespeitoso.
Já no segundo tempo, com o placar até lhe favorecendo por uma bola de vantagem, de um Cirino desencantando, (sem que isso me dê nenhuma garantia de que fará parte do que chamei de “linha de quatro” no jogo da Argentina contra o Paraguai, na Copa América), ficou nítido a limitação do time goiano e a debilidade rubro-negra, sem saber literalmente o que fazer diante do desconforto da posse de bola na defesa. Outra vergonha.
Em que pese o placar, a vitória, que estará na história, é hora de refletir sobre padrões de jogo. O acúmulo de jogadores atrás da linha da bola, não é garantia de defesa consistente, assim como assistir passivamente um adversário intenso, partir com seu exército se recompondo para defender ou atacar em segundos, como fez o Palmeiras hoje. Não está no G4 por acaso.

ENTRE MARIACHIS E A MEXICANA DE KUROSAWA

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O time do Tigres se preparou para vencer. Investiu o necessário, escolheu o que acreditava, aplicou na hora certa, tudo dentro do regulamento. Foi montando seu time pelo caminho, acrescentando peças nas últimas rodadas, quando já era mais provável alçar um título inédito.
Agora, temos uma equipe argentina que após 19 anos chega a final e a terceira mexicana a chegar a essa honraria, ainda que como convidada. É assim. O México não é exatamente um país com afinidades com o eixo da Libertadores ou com a Copa América. Terá quando a Copa América for dos norte-americanos. Ainda vai demorar.
Me causou impressão a beleza dos fogos de artifícios, coisa de quem sabe organizar um evento, celebrar uma vitória, dar alegria a sua legião de fãs. Donos de grande sensibilidade, me levaram essa noite ao Reveillon, ao Rock in Rio, a uma noite de alegrias. O calor também comandou a festa. Os erros do Internacional foram incompatíveis com a ambição de ser campeão. Já havia me decepcionado no jogo em casa, após um início intenso, caiu de produção e fez antecipar o fracasso, lá em casa mesmo.
Um placar elástico de três a zero não fazia jus as diferenças. Gostei muito mais da organização tática dos mexicanos, e era clara a intenção do vulcão azteca de jogar com coragem e pelas pontas. Muito diferentemente do Inter, que jogou capenga, só aproveitando o lado esquerdo com Sacha. Não foram poucas as jogadas onde faltava aquele cara aparecer pela direita, aberta, para receber, seguir um “um contra um” e cruzar ou finalizar. Coisa que os mexicanos cansaram de fazer, com inversões previsíveis comandadas pelo algoz Sobis, dono de uma boa precisão em passes. Encontrou por lá um jeito diferente de jogar e está funcionando bem. Parou com aquela mania dos tempos do Fluminense de pegar na bola e chutar prá gol, em busca de estatísticas…
A emoção, na Terra da maior civilização das Américas antes da invasão espanhola, só não foi maior do que a que tive ao contracenar com a Mexicana de Kurosawa. Uma Deusa que conheci numa dessas viagens no tempo, onde aparecem gueixas em busca de amor, ao sabor da música que domina parte da cultura hispano-americana, os lendários Mariachis. Arriba!

SIMPLESMENTE JORGE

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Foi uma simples partida da Copa do Brasil. Tingida com cores dramáticas, diante de um Náutico limitado, menor do que a imprensa e os comentários minuto a minuto fizeram acreditar. Mas o que deu esse espaço a toda crônica jornalística? As atuações medíocres do time da Gávea.
Houve um tempo que o Flamengo saía em excursões ou partidas fora de casa para apenas fazer aquela exibição de gala, onde a torcida adversária saía para se deleitar assistindo craques jogarem. Mas os tempos dos times de luxo no Brasil se foram, e em seu lugar temos os times “nivelados”. E quando digo “nivelados”, quero dizer, por baixo.
A entrada de dois jogadores que representam uma linhagem de qualidade mínima, Sheik e Guerreiro, não significa que sejam craques. São apenas acima da média e tem mérito nisso. Mudam o rumo de uma partida, sabem como a movimentação coletiva e a precisão podem representar a vida ou a morte num jogo decisivo, mesmo com placar desfavorável, precisando ganhar na casa adversária.
Um quase desconhecido surge no elenco, para assumir a vaga pela lateral esquerda. Não podemos esquecer que Luxemburgo aturou o quanto pode os inaptos e ineptos para a vaga, Pico e o seu tão defenestrado anterior, a quem atribuiu com justiça o mérito do cruzamento preciso. E resolveu trazer um colombiano dessa leva que passa pela Europa e chega aqui com preço turbinado. Seria mais interessante prospectar direto na fonte, a Colômbia, e trazer até melhores, mais jovens e adequados a um projeto de futebol brasileiro de nível internacional e internacionalizado.
Nunca entendi essas transações trianguladas que vão fazendo o futebol nacional deter uma péssima relação de custo-benefício.
Nesse ponto, apesar de condenar a miopia estratégica de Cristovão, que consegue por tudo a perder quando poderia ter tudo a ganhar, dou a ele o mérito de escalações que trazem ao futebol o brilho de alguns jovens por onde passou, com alto potencial de desenvolvimento. Não que o brilho deles esteja garantido pelo toque de uma espécie de olheiro dessa safra na etapa de transição.
Mas sei da importância dessa chance, e devo tirar o chapéu para um técnico que colocaria num lugar que hoje o futebol ainda não tem. Será muito difícil ganhar uma competição, não entende os sacrifícios e pragmatismos que um resultado as vezes exige e o pior, não tem vocação ao pensamento estratégico. É uma figura livre, leve e solta, sem compromissos, senão com seus próprios botões. E como futebol não é apenas treino físico, tem as leituras do conjunto do jogo, na hora de apresentar a densidade, dança. Acredito em mudanças, e desejo elas ao técnico que tem em muitos amigos meus sua defesa por questões extra-futebol. Alguns defendem gêneros, outros apelam para o preconceito racial, sectarismo religioso. Para mim a coisa é muito simples. O que é ruim é ruim, o que é bom é bom.
Simplesmente Jorge é um exemplo dessa noção. Um feijão com arroz com fundamentos de uma boa baiana é o que as vezes nos falta no futebol. Bater bem numa bola, falta no Evérton, que não tem o cacoete e dificilmente o adquirirá. Pode ser útil como válvula em velocidade, mas decisivo, sem vocação.
Nas assistências, Marcelo Cirino até pode ir bem, desde que com espaço de contra-ataque para impor sua superioridade a partir dos 100 metros, corredor que é. Mas decisivo, não será. A linha de quatro do Flamengo estará reduzida a uma linha de dois mais um homem surpresa, que pode ser o Jorge. Ainda é cedo para apertar a tecla “confirma”.
Quanto ao gol rubro-negro, uma decepção seguida da excessiva babação de ovo dirigida ao goleiro reserva de Paulo Vitor. Criei até mesmo um neologismo para definir o que venho assistindo, o “afabalhoado”. Uma mistura de afobado e atabalhoado, desfigurado pelo peso da titularidade, não oferece a segurança que uma defesa merece receber de um goleiro de ponta.
No estilo faz o que pode, teve sua atuação classificada como excepcional pela imprensa, quando me parece ser apenas uma ilusão de ótica. As bolas chutadas em cima não são exatamente sinônimo de “defesa milagrosa”. Continua inseguro, saindo mal e dessa vez deu sorte, mas continua se atrapalhando, e esse amarelão pode significar que a camisa pesou…